por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 1 de abril de 2011

POESIA DE ISOPOR : A VIDA DA MENTIRA - por Ulisses Germano


THEATRO DE BONECOS
CIRCUS DO SOPÉ

APRESENTA:


A VIDA DA MENTIRA
(a mentira como ela é em quadras)


Tem gente que só aprende
Errando de tras pra frente
Parece que não entende
Que a vida não se defende!


Coitado do alienado
Na pena vive penado
Só vive do seu passado
Não olha nem para o lado

Não sabe fazer poesia
Só ama quem não merece
Rimar só lhe dá azia
Sonhar já não mais carece 

Abrindo o dicionário
Riscou a palavra fé
No espelho viu que era otário
Nunca soube quem ele é



Orgulho na dianteira
Já deu com a testa no muro
Só vive a contar besteira
Mentir é dizer "eu juro" 


Um dia fez faculdade
No Direito se formou
Olhando sua vacuidade
Quis ser um vereador



Eleito bem facilmente
Viu, era um sujeito esperto
Ao mentir tão docemente
Do errado se fez o certo



O povo que o elegeu
Não tinha opinião
Vivia do que aprendeu
Em sua televisão



Gostava do prejuízo
Amava beber cachaça
Dizia: "Quem tem juízo
Do rico não faz pirraça"



Sabendo desta burrice
O nobre vereador
Firmou sua gabolice
Na veste de imperador



Quatro anos se passaram
Nada fez por sua cidade
E as pessoas se calaram
Temendo sua vaidade



Um dia quis ser prefeito
Entrou num grande partido
Dizendo: "Já estou eleito
Do povo sou o preferido!"



Não é que esse tal sujeito
Sabia profetizar
Pois foi logo o eleito
Pra prefeito do lugar!


Depois de uma certa idade
O tempo vai calejando
E o moço na vaidade
Em si vai se alejando



A cidade era linda
Tinha história pra contar
Mas é tarde e agora finda
Amanhã vou trabalhar


Deixo aqui só mais um verso
Gosto da telepatia
Não sou poeta perverso
Mas odeio a hipocrisia



No soar da minha lira
Morava todo o segredo
Pois na vida da Mentira
Está escrito o enredo: 


"Com o povo e para o povo
De toda a minha família
O eleitor é um estorvo
Nunca aprende a cartilha



Coitadinhos e tadinhos
Vivem na dormência eterna
São tão tolos os bichinhos
Nunca acendem a lanterna"


 E no findar do discurso
Ele solta a verdade
Passando, enfim, no concurso
Revelando equidade:



"Sem saber o que é ser povo
Somos telespectadores
Chocados no mesmo ovo
Pelos especuladores"







Ulisses Germano
Crato, madrugada do dia da mentira

Um comentário:

socorro moreira disse...

Beleza, meu caro!

Posso repetir todos os dias da minha vida que gosto da tua arte.

bj