por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 24 de outubro de 2022

  KENNEDY ALENCAR

OPINIÃO

Jefferson executa estratégia golpista de Bolsonaro; é hora de votar em Lula

Ao reagir a uma ordem de prisão com balas e explosão, o ex-deputado federal Roberto Jefferson coloca em prática a estratégia do presidente Jair Bolsonaro de contestar o resultado da eleição e dar um golpe de estado no Brasil.

Da reação de Jefferson à fala criminosa do presidente sobre o episódio no qual dois policiais federais foram feridos, a cartilha bolsonarista segue à risca o roteiro trumpista que resultou na invasão do Congresso americano no início de 2021.

Não devemos nos iludir e tratar o ato terrorista de Jefferson como algo menor. Em sintonia com Bolsonaro, Jefferson quer criar uma atmosfera de caos que permita ao presidente da República acionar as Forças Armadas e polícias estaduais para "restaurar a ordem".

Típico ditador de república de bananas, Bolsonaro tem estimulado com decretos e palavras o armamento da população. Mente e usa a máquina do estado criminosamente, cometendo estelionato eleitoral e desrespeitando a legislação eleitoral e fiscal. Durante todo o seu mandato, com especial destaque na pandemia, Bolsonaro agiu ilegalmente diante de instituições que se mostraram fracas para investigar e punir seus atos.

Entre essas instituições, inclua-se a imprensa, que normaliza Bolsonaro com o "doisladismo" irresponsável que contribuiu para jogar o Brasil no abismo.

Hoje, a imprensa noticiou que Bolsonaro repudiou o ato terrorista de Jefferson bem como o ataque sórdido à ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia. Teve até gente que foi mais covarde e tentou dissociar Bolsonaro de Jefferson, repetindo mais uma vez que o presidente não pode ser responsabilizado pelas barbaridades que estimula todos os dias em seus discursos de ódio.

Vamos às palavras de Bolsonaro: "Repudio as falas do sr. Roberto Jefferson contra a ministra Cármen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP [Ministério Público]".

Bolsonaro não repudiou nada.

Fez falsa equivalência entre dois crimes e duas decisões da mais alta corte de Justiça do país. Quando menciona "a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP", ele passa pano para o ato terrorista de Jefferson, como se o ex-deputado estivesse reagindo a uma ilegalidade do Estado contra ele.

Isso é falso.

Os inquéritos que tramitam no âmbito do STF tiveram o respaldo do plenário do tribunal. Investigam atos antidemocráticos e fake news de Bolsonaro e seus aliados, entre os quais Jefferson. Numa democracia, a última palavra é do Judiciário. 

A imprensa erra e ajuda Bolsonaro, como fez no "pedido de desculpas" de araque às meninas venezuelanas, ao noticiar que o presidente rejeitou a ação criminosa de Jefferson contra policiais federais que cumpriam uma ordem de prisão. Bolsonaro tentou apenas vitimizar um criminoso e atacar uma investigação que pode colocá-lo, junto com os filhos, atrás das grades. 

Corretamente, o ministro Alexandre de Moraes determinou o fim da detenção domiciliar de Jefferson diante das informações de que ele preparava ação armada na reta final da eleição, possuía arsenal irregular em casa e cometera crime contra a ministra Carmén Lúcia.

Há uma semana da eleição, a imprensa brasileira já deveria ter entendido que Bolsonaro não é um candidato do campo democrático e não pode ser normalizado. Ele é o chefete de tipos como Roberto Jefferson. É candidato a ditador do Brasil.

Bolsonaro já deixou claro que pretende acabar com a nossa democracia. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) representa hoje as forças democráticas que podem fazer frente ao obscurantismo. A tarefa de Lula não será fácil, mas somente a eleição do ex-presidente pode permitir uma resistência ao fracasso do Brasil como nação democrática e civilizada. 

Democratas de esquerda, centro-esquerda, centro e centro-direita já entenderam isso. Muitos hipotecaram apoio público a Lula. É preciso que os democratas da imprensa se mostrem à altura do que está em jogo.

Não há escolha difícil em 2022, como não havia em 2018, é hora de votar em Lula para salvar a democracia. Não são normais as atitudes de Bolsonaro e Jefferson. É preciso devolver esses criminosos de extrema direita à lata de lixo da História, de onde nunca deveriam ter saído. Essa é a tarefa civilizatória de 30 de outubro.

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