por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 28 de julho de 2021

"AINDA HÁ JUÍZES EM BERLIM" - José Nílton Mariano Saraiva

AINDA HÁ JUÍZES EM BERLIM” – José Nilton Mariano Saraiva


No conto “O Moleiro de Sans-Souci”, o escritor François Andrieux narra o ocorrido no século XVIII, na Prússia do rei Frederico II (conhecido como “O Grande”), quando este decidiu edificar um palácio de verão na cidade de Potsdam, nas proximidades de Berlim, junto a uma colina onde existia, já há algum tempo, um certo moinho de vento conhecido como o “moinho de Sans-Souci”.

Pois bem, quando Frederico II resolveu ampliar o palácio e constatou que o moinho estava a impedir a visão completa da bela paisagem decidiu adquiri-lo a fim de que sua obra não restasse prejudicada e, para tanto, chamou à sua presença o moleiro; para sua surpresa, este se recusou terminantemente a desfazer-se da sua propriedade, em razão de tratar-se de um bem de família, desde tempos imemoriais.

Em razão de tal tenacidade e obstinação, Frederico seguiu insistindo, tendo chegado a sugerir ao moleiro, em tom de ameaça, que se assim quisesse poderia confiscar o moinho e as respectivas terras, inclusive sem indenização, ao que o corajoso moleiro retrucou e pronunciou a célebre frase: “AINDA HÁ JUÍZES EM BERLIM” (ou seja, ainda há quem zele pela lei, independentemente da condição do indivíduo).

Diante disso, Frederico II (que, embora um déspota esclarecido, era afeito à legalidade) recuou e, mesmo tendo ampliado o palácio, respeitou os limites do moinho que até hoje se encontra no local.

A reflexão é só pra lembrar que, estupefatos, os cearenses tomaram conhecimento, meses atrás, da decisão do jornalista esportivo Kaio César, do Grupo Verdes Mares de Comunicação, que pediu demissão ao vivo durante a apresentação do programa Globo Esporte, acusando seu superior hierárquico de assédio e danos morais.

Eis que, hoje, 28.07.21, em plena capital cearense, rememorando o famoso “AINDA HÁ JUÍZES EM BERLIM”, o Tribunal de Justiça do Trabalho da 7ª Região de Fortaleza condenou o Grupo Verdes Mares de Comunicação a indenizar o jornalista (por assédio e danos morais, repita-se).

Vide, abaixo, a reportagem (ipsis litteris):

APÓS PEDIR DEMISSÃO AO VIVO NA TV, JORNALISTA GANHA PROCESSO MILIONÁRIO CONTRA A GLOBO.
LANCE!
qua., 28 de julho de 2021 7:12 AM·2 minuto de leitura

O jornalista Kaio Cezar, que pediu demissão ao vivo durante uma edição do Globo Esporte/CE, em 2019, ganhou na Justiça, através de decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região de Fortaleza (CE), o direito de receber cerca de R$ 2 milhões da Rede Globo e das afiliadas TV Verdes Mares, TV Diário (TV local do Sistema Verdes Mares) e Rádio Verdes Mares (a rádio do grupo).

Segundo o portal 'Noticias da TV', Kaio conseguiu provar as acusação durante o processo. O juiz do trabalho Adalberto Ellery Barreira Neto deu parecer favorável a razão de Kaio em situações constrangedoras, quando, por exemplo, foi mandado 'tomar no c*' em uma reunião de trabalho.

Em outra situação relatada, o diretor teria dito que Kaio seria 'doido' por 'pegar uma mulher com um menino e faz outro nela', se referindo ao fato de a esposa do jornalista ser mãe de uma criança que teve em outro relacionamento.

Relembre o caso:

Na ocasião, o jornalista afirmou que sofria assédio e danos morais por parte de Paulo César Norões, ex-diretor de relações institucionais do Sistema Verdes Mares.

- Em meio a tantos fatos que configuram perseguição, certa vez PC Norões se dirigiu a mim e proferiu ofensas à minha família que não as repito aqui porque tenho dois filhos, entre eles uma enteada, e poderia expor pessoas que não tem nada a ver com a história. E foi assim que pouco a pouco me escantearam, sem qualquer pudor ou respeito por mim - declarou na época.

A esposa do jornalista também falou à época que ele sofria de problemas de ansiedade devido o constrangimento no ambiente profissional. Já o diretor acusado se pronunciou pelas redes sociais naquela mesma semana falando que se deparava com 'injustiça e ingratidão'.

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Para os que não lembram, meses após o ocorrido o superior hierárquico do Kaio César, acima nominado, foi DEMITIDO SUMARIAMENTE do Grupo Verdes Mares de Comunicação.

Nunca, o “o aqui se faz, aqui se paga” foi tão apropriado.

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