Objetivando
prevenir futuros colapsos hídricos em Fortaleza, por conta dos
periódicos e inclementes períodos de estiagem que assolam o Ceará
(desde sempre), o então governador do
Estado, Tasso Jereissati, começou a construir (em
1995) o açude Castanhão (com capacidade
de armazenamento de 6.700.000.000 m³), a aproximados 250
quilômetros da capital (foi concluído em 2002).
À
época, estudos técnicos detalhados sobre a melhor localização
para uma obra de tamanho vulto e importância chegaram à conclusão
que a opção adequada seria a região jaguaribana e, ainda assim,
com uma péssima notícia para os habitantes da pequena cidade de
Jaguaribara: a área a ser inundada, para servir de leito e represar
as águas futuras que privilegiariam a capital do Estado deixaria
aquela urbe definitivamente submersa (para trás, pois, ficariam os
restos mortais dos entes queridos, os templos religiosos
tradicionais, suas concorridas praças, suas memórias e por aí
vai). Foi um drama, com choros, velas e ranger de dentes, mas que,
finalmente, contou com o “aprovo” da Assembleia Legislativa
Estadual. Prego batido, ponta virada.
Assim,
depois do processo de convencimento da população e das indenizações
respectivas, a cidade de Jaguaribara e seus habitantes foram
REMANEJADOS para uma cidade novinha em folha, planejada, projetada e
construída com esmero e cuidados, evidentemente que acima do nível
do futuro reservatório e mantendo a denominação original.
A
reflexão é só para lembrar que a RELOCALIZAÇÃO de qualquer
pequena comunidade e/ou de uma cidade de maior porte, com o
concomitante REMANEJAMENTO dos seus habitantes, só pode ser feita se
comprovadamente o interesse público prevalecer e falar mais alto
(como se deu em Jaguaribara) ou se houver uma hecatombe natural que
obrigue ou expulse os moradores daquela área (tsunamis, terremotos,
etc).
Pelo
que se sabe (apesar de a história registrar que ali já foi “mar”
milhões de anos atrás, e os fósseis da vizinha Santana do Cariri
comprovariam isso), atualmente a cidade do Crato não se acha em
possível “área de risco”, não existe nenhuma “falha
geológica” em seu subsolo ou mesmo algum indício que indique uma
futura catástrofe e, portanto, teórica e tecnicamente estamos
livres de uma RELOCALIZAÇÃO indesejada (continuaremos, ad finem, ao
sopé da Serra do Araripe).
Mas,
como o “Crato é final de linha”, já que “só vai ao Crato
quem tem negócios lá”, é difícil entender por qual razão o
autor de tão contundente depoimento (o então prefeito da cidade
Samuel Araripe ao tentar justificar, em 2009, o marasmo e fracasso da
sua administração) insiste em voltar à sua prefeitura, onde reinou
durante oito (08) anos, durante os quais a cidade regrediu oitenta
(80); afinal, o que o Crato perdeu e/ou deixou de ganhar naquele
período, face o isolamento político do seu mandatário ou sua não
vocação para a coisa pública, foi algo de extraordinário: o Sesi,
o Sebrae, o Campus da UFC (embrião da Universidade Federal do
Cariri), a Delegacia da Polícia Federal, o Hospital Regional do
Cariri, a Procuradoria da República, o Centec, a Justiça do
Trabalho, o Centro Cultural do BNB e por aí vai, sem esquecer o
criminoso fechamento de diversas escolas municipais, tanto na urbe
como nos distritos e zona rural.
Destaque-se,
que já àquela época o então prefeito não contava com o apoio do
Governador do Estado (que certa vez, abandonando o protocolo e
remetendo às calendas gregas o respeito institucional, sem se fazer
anunciar antecipadamente chegou a circular pela cidade sem dar a
mínima para o prefeito), embora contasse com o apoio do Senador
Tasso Jereissati; e, hoje, coincidentemente, a mesma coisa acontece:
novamente não tem o apoio do atual Governador do Estado (um filho do
Crato) e continua vinculado ao Senador Tasso Jereissati.
Em
resumo: como definitivamente o Crato não será RELOCALIZADO e o
candidato não contará com o apoio do Chefe do Executivo Estadual,
quem tem um mínimo de “consciência crítica” é levado a
imaginar que a tendência natural é que o resultado seja o mesmo:
marasmo, retrocesso, atraso, involução.
Não
custa lembrar que o alheamento, passividade e descompromisso do seu
povo para com a cidade (principalmente em épocas de eleição) é
que levaram o Crato à lamentável condição de “cidade-dormitório”
das urbes vizinhas (Juazeiro e Barbalha) e pode ser sintetizada no
bordão que, inadvertida ou pateticamente, seus habitantes repetem
até com certo orgulho (?): “só no Crato mesmo”.
Cabe,
então, o questionamento: será que “só no Crato mesmo” a
população reconduzirá ao trono alguém que foi comprovadamente
reprovado no passado, em termos administrativos gerenciais ???
Nenhum comentário:
Postar um comentário