Claro que ouviram e conhecem este belíssimo samba de Cartola
intitulado: "Tive Sim". Não compreendido como nossas histórias de muitas pessoas,
vários amores, onde o momento da palavra sempre será o incomparável. Mesmo
quando de fato é incomparável.
A curiosidade é que este samba foi composto e exposto ao
público pela primeira vez entre maio e junho de 1968. Era a 1ª Bienal do Samba,
promovido pela Record. Ali se reconhecia a fantástica safra de jovens
compositores brasileiros ao mesmo tempo que salvaguardava a velha guarda na
altura sem oportunidades.
Foram três eliminatórias e a decisão da colocação das
finalistas. Para se compreender o universo dos participantes, entre
compositores e intérpretes estiveram Chico Buarque, Edu Lobo, Cartola, Aracy de
Almeida, Sidney Muller, Moreira da Silva, Adoniran Barbosa, Demônios da Garoa,
Baden Powell, João da Baiana, Clementina de Jesus, Jair Rodrigues, Elis Regina,
Ataulfo Alves, Ciro Monteiro, Marília Medalha, Claudete Soares, Agnaldo Rayol,
Jorge Goulart, Oswaldo Nunes, Paulinho da Viola e por aí foi.
Imaginem o privilégio dos paulistanos com um elenco como
este por oferta em noites memoráveis. Agora vamos ao resultado final acontecido
no dia 1º de junho de 1968.
Quem ganhou a Bienal foi a música Lapinha, de Baden Powell e
Paulo César Pinheiro, interpretada por Elis Regina. Quase não foi inscrita pois
naquela altura Paulo César Pinheiro era desconhecido e muito jovem. Baden
Powell disse que se retiraria da Bienal e tiveram que aceitar. Inclusive
Lapinha foi controvertida por um jornalista que disse ser a composição uma peça
do folclore baiano.
O segundo lugar foi “Bom Tempo” de Chico Buarque de Holanda
e defendida pelo próprio (Um marinheiro me contou/Que a boa brisa lhe contou/
Que vem aí bom tempo...). O terceiro lugar foi para “Pressentimento” de Elton
Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho, defendido por Marília Medalha (ai! Ardido
peito / Quem irá entender o teu segredo?...). O quarto lugar foi para “Canto
Chorado” de Billy Blanco defendido por Jair Rodrigues (No jogo se perde ou se
ganha / Caminho que leva/ Que traz.....).
Bem, logo a seguir falaremos do quinto lugar para “Tive Sim”.
Antes vem o sexto lugar que foi para “Coisas do Mundo, Minha Nega” de Paulinho
da Viola interpretado por Jair Rodrigues (Hoje eu vim minha nega / Como venho
quando posso...). O destaque para esta canção é a leveza da melodia e um dos
mais bem acabado poemas para um amor.
E “Tive Sim” de Cartola e cantada por Ciro Monteiro
conquistou o quinto lugar diante de uma estrondosa vaia. Uma vaia própria de
tempos agudizado em contradições, como foi 1968, onde as paixões afloram acima
de qualquer referência. Onde a torcida prevalece sobre o debate e construção do
melhor para todos. Assim como a direita brasileira, tocada pela grande mídia e
o ódio dos privilegiados age em palavras e atos.
Um comentário:
Só coisa boa. Tive sim e Coisas do mundo, minha nêga - são músicas que eu escuto, peço, e canto.
"...Vou parar,pois não pretendo amor te magoar".
"...querendo aquele sorriso,que tu entregas pro céu, quando te aperto em meus braços..".Essa tem história!
Agradeço o inspirado escritor, que nos inspirou.Fez da nossa noite um sarau.Nem precisa da lua, nem de um violão.Tudo- samba-canção!
Abraço meu.
Postar um comentário