Nossos valores, especialmente aqueles pelos quais somos
capazes de arrastar a babá do bebê, vestida de branco como convém à dignidade
de classe média, para tirar um selfie com bebê e tudo em plena passeata do “bate
panela”. Completando a informação.
Nossos valores refletem a possibilidades de acesso ao mundo
material dos modelos de civilização. O que ela nos oferece se torna cultura que
é outra maneira de falar de tais valores.
O nosso ideal é ter um carro. Nunca um “bate panela” irá,
com convicção, a uma passeata em prol do transporte em bicicleta. O carro é seu
“fetiche” cultural, sem ele não existe representação social.
Isso é verdade para os motociclistas. Converse com qualquer
neurocirurgião sobre o que pensam desta epidemia de lesões decorrentes do
enorme trânsito de motocicletas na sociedade brasileira. Mas vá dizer isso a
quem tem uma e a usa.
Mas o meu assunto é a Etiópia. E tenho alguma pressa pois
logo o blog estará aliviado, por um tempo, das minhas incursões. E hoje é sobre
isso mesmo. Como numa determinada região de Etiópia (Gonder, Bahir Dar e
Lalibela) vimos o povo a pé em longa tiradas à beira da estrada.
Com suas vestimentas típicas. Mantos para se abrigar do frio
e do sol, saia coloridas e compridas. Cores intensas e primárias. Os homens
desde da fase de transição entre criança e ser adulto, avançando na idade usam
cajados de madeira.
É costume vê-los com o cajado cruzado nos ombros e com os
braços descansando sobre ele. Já na região mais muçulmana, entre Dire Dawa e
Harar, onde existe um comércio de chat (uma planta usada como estimulante) e
várias cidades intermediárias, o povo andava em vans e no chamado tuc-tuc uma
cabine para três pessoas montada sobre a estrutura de um triciclo.
A cidade de Lalibela impressiona pela religiosidade cristã.
Um cristianismo primitivo. Ortodoxo. Vindo de era distante. O rei Lalibela
construiu igrejas impressionantes em rochas abaixo do nível do chão. Como os
cristãos da Etiópia tinham dificuldade para fazer peregrinações a Jerusalém (é
isso mesmo ainda no século XI eles iam da Etiópia ao Oriente Médio) em razão do
domínio mouro, Lalibela transformou a cidade, que passou a usar seu nome, numa
verdadeira Jerusalém.
A um riacho denominou Rio Jordão e monte das Oliveiras a outra
formação na proximidade. E são onze igrejas em monólito com túneis ligando-as,
sistema de abastecimento de água e escadas para se descer até elas.
Existe um local para feira. Só que ali não existe moeda intermediando.
São trocas no estilo escambo. O povo vem das elevadas montanhas, com mais de 3
mil metros de altura, com seus produtos, trocam e voltam a subir em destino de
suas casas.
Um rio Jordão, um Monte das Oliveiras, igrejas em pedra, a
visão que se tem do povo com os sacos de produtos nas costas é de um tempo
bíblico. De um povo bíblico em plena África. O vídeo abaixo mostra isso.
A paisagem da Etiópia é belíssima. E o Tucum a habitação
mais típica de toda a região. O vídeo abaixo vai mostrar isso mesmo.
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