por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 27 de março de 2015

Harar - José do Vale Pinheiro Feitosa



Um dia tomamos conhecimento de um lugar. Diferente. De tudo que temos como realidade. Assim como os contos das mil e uma noites. Chegando até nós pelos arcos dos palácios, entre as alamedas dos jardins internos, esgueirando-se através dos muros e saindo pelas amplas trilhas dos desertos.

Muitas noites em torno de brasas a fazer chá. Muitos sóis queimando todo o movimento das possibilidades, reduzindo-as a um silêncio introspectivo das caravanas abrasadas. Através o ermo até chegar ao destino com sua preciosa mercadoria.

A mercadoria da história. Chegando à porta daquele lugar, que agora sabemos ser Harar a capital muçulmana. A quarta mais importante cidade do Islã, após Meca, Medina e Jerusalém. E escolhido um entre cinco dos seus portões que representam as virtudes do Islã.

Escolhido e penetrado no burburinho do mercado interno. Contemplando suas mesquitas. As madraçais onde as crianças aprendem sobre as trilhas da terra e dos céus.  Deixado suas novidades nos depósitos, ido até Alá e prestar-lhe conta de seus atos perante o mundo.

Amar. Os belos olhos que penetram meu peito não para bisbilhotar meus segredos, mas para cevar nas suas entranhas um ramo que perfume, que irriga os desertos como um jardim, colore os céus como suas roupas e faz do lago um imenso cristal habitado por flamingos, patos e peixes a pular na superfície.


Harar chegou até meu conhecimento como um lugar. Um lugar para penetrar seus muros, vender as mercadorias e extrair da vida toda a promessa de felicidade que o mundo guarda para aqueles que a buscam. 

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