Um governo para o nosso tempo é o que precisamos. Estamos no
processo eleitoral e cada um é importante nessa definição. E que se tome por
referência as práticas e o que acontece no mundo todo para se colocar como
legítimo escrutinador do seu tempo. E não cabe exploração, juros altos, arrocho
salarial, redução do crédito, combater os pobres e “menos informados”, manter privilégios
de grupos e classes. Não cabe agora, como não cabia em 1940, quando
efetivamente a guerra mundial tomou um corpo geral e esta guerra era fruto do
liberalismo econômico que criara grandes tubarões a dizimar os peixes pequenos
num aquário de iniquidades, fome, perseguições e morte.
No dia 11 de junho de 1940, a bordo da nau capitânia, da
Marinha de Guerra do Brasil, o Encouraçado Minas Gerais, Getúlio Vargas
pronuncia um discurso histórico. Os produtores rurais e industriais brasileiros
estavam insatisfeitos com a queda das exportações e reclamavam pela mídia
(mesmo sob impacto de uma ditadura). Getúlio diante do quadro internacional
abre um discurso em que denuncia a choradeira e puxa as orelhas de quem quer
ganhar muito sem fazer nada. Como esse pessoal hoje que tem o Armínio Fraga
como guru: os beneficiários da bolsa juros do tesouro nacional. E o que diz o
Getúlio:
“O que ficou perene, imortal, foi o lema: “O Brasil espera que cada um cumpra o seu
dever.” São as primeiras palavras de Getúlio ao recordar o patrono da
Marinha de Guerra, Almirante Barroso. E vai ao cerne da questão:
“Atravessamos, nós, a humanidade inteira transpõe, um
momento histórico de graves repercussões, resultantes de rápida e violenta
mutação de valores. Marchamos para um futuro diverso de quanto conhecíamos em matéria
de organização econômica, social, ou política, e sentimos que os velhos
sistemas e fórmulas antiquadas entram em declínio. Não é, porém, como pretendem
os pessimistas e os conservadores empedernidos, o fim da civilização, mas o
início tumultuoso e fecundo de uma nova era.”
Getúlio chega ao ponto onde a mudança acontecerá com maior
fecundidade: “A economia equilibrada não comporta mais o monopólio do conforto
e dos benefícios da civilização por classes privilegiadas. A própria riqueza já
não é, apenas, o provento de capitais sem energia criadora que os movimente; é
trabalho construtor, erguendo monumentos imperecíveis, transformando os homens
e as coisas, agigantando os objetivos da Humanidade, embora com sacrifício do
indivíduo. Por isso mesmo, o Estado deve assumir a obrigação de organizar as
forças produtoras, para dar ao povo tudo quanto seja necessário ao seu
engrandecimento como coletividade. Não o poderia fazer, entretanto, com o
objetivo de garantir lucros pessoais exagerados ou limitados a grupos cuja
prosperidade se baseia na exploração da maioria.”
E Getúlio mais à frente continua: “À democracia política
substitui a democracia econômica, em que o poder, emanado diretamente do povo e
instituído em defesa do seu interesse, organiza o trabalho, fonte de
engrandecimento nacional e não meio e caminho de fortunas privadas. Não há mais
lugar para regimes fundados em privilégios e distinções; subsistem, somente, os
que incorporam toda a Nação nos mesmos deveres e oferecem, equitativamente,
justiça social e oportunidade na luta pela vida. A disciplina política tem de
ser baseada na justiça social, amparando o trabalho e o trabalhador, para que
este não se considere um valor negativo, um pária à margem da vida pública,
hostil ou indiferente à sociedade em que vive.”
Relendo este discurso de Getúlio Vargas fica claro onde se
encontra o caminho político do trabalhismo. Onde se encontra a linha da
história brasileira.
E fica mais claro do que nunca porque FERNANDO HENRIQUE
CARDOSO DISSE QUE SERIA O FIM DA ERA VARGAS. Isso foi dito num discurso dele no
Senado, em 1994, quando já fora eleito Presidente da República. A frase era o
resumo do programa neoliberal: Estado Mínimo, economia de Mercado, atrelamento
aos EUA, trabalhadores como consequência e não como causa da história.
Agora, então, com os preconceitos emitidos por ele, não tem
como fugir de que FHC não mentiu quando mandou esquecer tudo que escreveu sobre
a teoria da dependência. Por isso ele falava em Neobobos, em Vagabundos ao se
referir a aposentados e se vangloriava de falar inglês.
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