Os nossos meios de comunicação, além de defenderem os interesses de seus donos, vivem de notícias. E quanto mais catastróficas e violentas elas são, maior é a sensação que seus repórteres experimentam ao darem a noticia. Eis um belo exemplo:
Em um domingo à noite de maio de 1971, eu voltava de uma sessão de cinema, quando a um quarteirão do prédio onde morava, uma chuva inesperada irrompeu com toda impetuosidade sobre a cidade de Salvador. E choveu sem parar durante três noites e três dias, como eu nunca havia visto antes. A chuva finalmente parou ao final da tarde da quarta-feira. Foram 850mm de chuva em menos de 72 horas, um dilúvio para o qual nenhuma cidade brasileira está preparada. As conseqüências, como se era de esperar foram deslizamentos das encostas desprotegidas, desabamento de residências, vidas humanas ceifadas, crateras abertas nas ruas por onde antes havia rede pluvial de esgotos. E a adutora para abastecimento d'água da cidade foi deslocada de seu curso, interrompendo o fornecimento por alguns dias.
Por uma singular coincidência, nosso professor da disciplina de hidrologia era um diretor da companhia de abastecimento d'água. Ao ser entrevistado por repórteres dos jornais, rádios e televisão ele explicou que uma chuva daquelas somente ocorreria de cem em cem anos, conforme a lei de recorrência das estatísticas hidrológicas. Para nossa surpresa, eis as manchetes dos jornais no dia seguinte ao da entrevista:
"Engenheiro confirma: choveu por cem anos em Salvador!"
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Em um domingo à noite de maio de 1971, eu voltava de uma sessão de cinema, quando a um quarteirão do prédio onde morava, uma chuva inesperada irrompeu com toda impetuosidade sobre a cidade de Salvador. E choveu sem parar durante três noites e três dias, como eu nunca havia visto antes. A chuva finalmente parou ao final da tarde da quarta-feira. Foram 850mm de chuva em menos de 72 horas, um dilúvio para o qual nenhuma cidade brasileira está preparada. As conseqüências, como se era de esperar foram deslizamentos das encostas desprotegidas, desabamento de residências, vidas humanas ceifadas, crateras abertas nas ruas por onde antes havia rede pluvial de esgotos. E a adutora para abastecimento d'água da cidade foi deslocada de seu curso, interrompendo o fornecimento por alguns dias.
Por uma singular coincidência, nosso professor da disciplina de hidrologia era um diretor da companhia de abastecimento d'água. Ao ser entrevistado por repórteres dos jornais, rádios e televisão ele explicou que uma chuva daquelas somente ocorreria de cem em cem anos, conforme a lei de recorrência das estatísticas hidrológicas. Para nossa surpresa, eis as manchetes dos jornais no dia seguinte ao da entrevista:
"Engenheiro confirma: choveu por cem anos em Salvador!"
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
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