Claro que, em razão da Copa do Mundo de realizar “NO” Brasil,
tinha que ser “DO” Brasil, principalmente em razão do nosso “pedigree” na
matéria; claro que, mesmo e apesar das limitações do nosso time, num jogo
normal e incentivados por uma torcida numerosa e vibrante, tínhamos, sim,
absoluta e plena condição de bater a seleção da Alemanha e seguir em frente;
claro que tal não aconteceu em razão da escolha de uma opção tática pra lá de
equivocada da nossa experimentada comissão técnica (que, sabe-se agora,
lamentavelmente não envelheceu só biologicamente) e pisou feio na bola (e isso
em plena semifinal de uma Copa do Mundo) já que oferecendo “de bandeja” o meio
campo aos alemães, onde eles sempre são mais fortes e trafegam com extrema
facilidade; claro que, ao contrário dos alemães (como era previsível) quem
tremeu foram alguns dos nossos (Fernandinho e Bernard, por exemplo) e isso
comprometeu o desempenho do time como um todo; claro que um placar desmoralizante
e imoral desses (7 x 1) é algo improvável e atípico em um jogo de duas seleções
poderosas, principalmente em uma disputa de Copa do Mundo e dificilmente (ou
jamais) repetir-se-á (mas será lembrado, ad eternum, exatamente pela
atipicidade); enfim, foi uma partida
desastrada, surreal mesmo, tanto que os próprios alemães (demonstrando um
“respeitoso constrangimento”), se abstiveram de comemorar como mereciam (e
trataram de enfatizar isso, pós-jogo), porquanto claramente diminuíram o ritmo
durante o segundo tempo (poderiam, sim, ter feito 10 ou mais gols, se
continuassem com o mesmo vigor, tal a pasmaceira que tomou de conta dos nossos
jogadores e seu comando-caduco).
No mais (e nisso parece ser proibido falar), tivemos também a
derrota da mídia brasileira. É que, antes de se preocupar com os adversários do
Brasil propriamente, a atenção maior foi, antes e durante a Copa (e até agora,
após) tentar incutir da mente dos torcedores que a seleção tinha um novo
“líder” capaz de guiá-la ao “olímpo”, levá-la aos píncaros da glória, guindá-la
ao panteão dos heróis imortais: o tal Neimar (cai, cai) que, no nosso
entendimento, é apenas um bom jogador e não esse fenômeno que propagam.
Ora, amigos, “liderança” não se encontra disponível nas
prateleiras das bodegas do interior, ou nas gôndolas dos grandes supermercados
das capitais ou nas bancas das feiras-livres da periferia; “liderança” não se
compra, não se impõe, não se transfere e nem se atribui via decreto, bilhete,
norma, portaria ou coisa que o valha. “Liderança” é algo de berço, natural,
carismática, única, personalíssima. E disso o tal Neimar é desprovido, do dedão
do pé à cabeleira moicana-tingida.
Assim, nada mais hipócrita que a recorrente imagem da TV
mostrando no túnel de acesso ao gramado o tal Neimar abraçando um a um os
colegas, antes de cada partida, ao tempo em que o narrador global destacava sua
forte “liderança” ante os demais; nada mais cafona do que a imagem dos
jogadores entrando em campo para uma semifinal de Copa do Mundo usando “bonés”
personalizados, saudando o tal Neimar (fora do jogo, por contusão); nada mais
ridículo que exibir, durante o canto do Hino Nacional, a camisa do tal Neimar,
como se fora ele um “herói” já falecido, a quem todos devêssemos reverência
(passa longe disso).
E talvez por isso mesmo, por se preocuparem demasiadamente
com um “ausente”, foi que os jogadores da seleção brasileira literalmente não
se fizeram “presente” no jogo decisivo. Burra e irrestrita solidariedade ???
Ainda por cima, nada mais inapropriado e extemporâneo que
trazê-lo de volta da boa vida que desfrutava na praia (para a concentração),
depois de tê-lo dispensado (já que contundido), objetivando “liderar” os
colegas na batalha pelo terceiro lugar do torneio (aí, a emenda saiu pior que o
soneto, porquanto o “distinto” se sentiu à vontade para, do banco,
desrespeitosamente “assumir” o lugar do Felipão, no tocante à orientação dos
que estavam em campo (e você já parou pra pensar num time “orientado” pelo tal
Neimar ???). Deu no que deu.
Vida que segue.
A lamentar, que a menininha que “...não tava nem na barriga
da minha mãe quando o Brasil foi campeão”, vá ter que esperar por um pouco mais
de tempo pra ver isso (ou, quem sabe, seja a sua futura filha que terá o
privilégio).
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