por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 6 de maio de 2014

A DISPUTA SERÁ ENTRE PT E PSDB? - José do Vale Pinheiro Feitosa

A cinco meses das eleições presidenciais tudo indica que a disputa se dará entre a atual Presidenta Dilma Roussef e o Senador Aécio Neves. Ambos mineiros, mas igualmente atrelados politicamente ao projeto paulista. Parece cada vez mais difícil para Eduardo Campos do PSB construir uma via alternativa a esta polaridade política que já perdura duas décadas.

Obstáculos de várias ordens se põem no caminho de Eduardo para expressar a verdadeira alternativa a que se propõe. O domínio dos meios de comunicação pelo eixo São Paulo-Rio e a vinculação deles à hegemonia internacional dos EUA é um grande obstáculo. Eduardo apenas será validado se for para facilitar o segundo turno com Aécio Neves.

Outro grande obstáculo do Eduardo é conseguir fontes de financiamento para mais do que ser linha auxiliar do projeto político bipolar PT e PSDB. Sendo um político de grande prestígio em seu estado, Eduardo Campos não teve tempo para se constituir como um grande líder nordestino. Eduardo não foi nos últimos anos aquele personagem que atuou nas cenas principais do país.

Não vamos esquecer que Collor de Mello foi inflado pelo medo das oligarquias com os partidos de origem trabalhista. A mídia lhe deu uma dimensão política maior do que tinha e os meios empresariais deu eco a isso durante todo o seu mandato como governador de Alagoas. Numa sociedade empobrecida e injusta a campanha de que funcionários públicos ganhavam absurdos enquanto o povo morria de fome, colou como uma luva no sentimento popular.

E observemos a contradição de que um verdadeiro Marajá nordestino conseguia convencer que toda a exploração dos trabalhadores era devido aos altos salários do setor público. Era um desvio linguístico e um corta luz da realidade em que os empresários esfolavam os trabalhadores. Os empresários eram quem puxavam os cordões do Collor. Quando ele não se prestou mais para o exercício do fantoche, tiraram-no de cena, mas tendo o cuidado de aliviá-lo de todos as denúncias recebidas com aconteceu no ano atual. Contemporaneamente José Dirceu do Partido dos Trabalhadores recebe regime prisional fechado quando o plenário do TSF lhe deu regime aberto.  

Udenismo é a palavra chave para compreender esse linguajar que construiu a mercadoria Collor de Mello, com a rede Globo hegemônica fazendo todo a estratégia de Marketing e o merchandising inserido nos noticiários de suas emissoras. A primeira face do Udenismo no Brasil é ser extensão dos empresários conservadores atrelados ao projeto americano e ser a cozinha da mídia nacional. A marca é o denuncismo, o moralismo anacrônico, a agressão verbal aos adversários, o levante da classe média e especialmente a bandeira de que é preciso escorraçar da vida política todo ator que milite na causa dos trabalhadores.

Isso acontece até nas disputas municipais. Mesmo quando apenas representam brigas paroquiais de grupos querendo dominar o poder municipal, é certo que os atores que operam nas redes sociais, jornais, rádios e televisão representam verdades e mentiras do que é interesse público e dos trabalhadores (“quem trabalha é quem tem razão”). Não é incomum que vozes do poder de ontem que eram tão virulentas contra qualquer crítica de sua administração, hoje se diga a voz da democracia perseguida pelo poder atual. E tome denúncias e CPIs para cima do Executivo.

Empresários conservadores, mídia empresarial, udenismo e a falsa figuração das verdades do povo se constitui no recheio onde a polaridade na política atual ainda se manifesta. Isso tudo serve para melhorar efeitos e esconder os verdadeiros projetos políticos (econômico e social) que representam. Dando o desconto de ser ele do campo trabalhista, entendo que o PT e o PSDB estão apresentando as seguintes propostas segundo Paulo Vanuchi:

“A ideia de que o Brasil tem que seguir nessa linha de promover crescimento, mais emprego, recuperação do salário mínimo e gastos sociais em programas como o Bolsa Família.” (a linha de ideias tem como matriz os interesses dos trabalhadores e assalariados).

“O estado não pode gastar tanto na questão social e é preciso estimular a produção dos grupos empresariais, controlar os gastos excessivos, impedir que o salário mínimo cresça criando problemas para empresas e prefeitos com a defesa de que se houver um relativo aumento do desemprego, esse será o remédio amargo que o sistema capitalista requer que a economia funcione melhor.” ( a linha de ideias das grandes corporações produtivas e financeiras).


A dar credibilidade à análise de Vanuchi tem-se a própria mídia-empresarial ao acompanhar declarações do Senador Aécio Neves e do financista Armínio Fraga e o próprio discurso da Presidenta Dilma no dia primeiro de maio.  

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