PADRE AGIO AUGUSTO MOREIRA.
Falar do Padre ágio não é nada difícil. Falar
do Padre Àgio é falar de alguém que durante toda a sua vida assumiu o
sacerdócio de construir gente, como diz a musicista Izaira Silvino. É falar em
SONHOS POSSÍVEIS...
Padre Ágio, nasceu no distrito de Quixará - na época
pertencente à cidade de Assaré – Ceará, hoje Farias Brito. Começou a formação
religiosa, aos doze anos, em Campinas, São Paulo, junto com o seu irmão David
Moreira. Os estudos continuaram no Seminário Diocesano da cidade de Crato -
Ceará, onde teve o seu primeiro contato com o estudo teórico da música. Depois
no Seminário da Prainha, em Fortaleza,
onde aprimorou os seus estudos em musica clássica e Canto Gregoriano.
Voltou ao Cariri depois de ordenado Padre, indo trabalhar
num pequeno distrito/localidade chamado Goianinha (hoje Jamacarú), em Missão
Velha (CE). Lá em foi surpreendido por um grupo de trabalhadores rurais, entoando
os chamados “Cânticos de Trabalho”. Divididos
em voz masculina e feminina, a duas vozes, dentro de uma harmonia e afinação
quase perfeita. Alí surgiu a idéia de fundar uma escola de música para
trabalhadores rurais. Pensou até que ponto música poderia se transformar num
instrumento de crescimento e despertar individual e coletivo para crescimento e o desenvolvimento humano.
Em
Jamacarú, levou os trabalhadores para cantar na igreja durante as missas. Iniciou
uma triangulação divina entre música, religião e trabalho. Mas foi no Crato que
se concretizou o seu projeto.
Começou
no Lameiro, ensinando solfejo, canto gregoriano e o manuseio de intrumentos
musicais (acordeon, Violoncelo piano e violão). Seus primeiros alunos foram, José Nilton Figueiredo, José Moreira e outros dois que
atendiam pelos apelidos de Pituxa, Frajola. Continuou o projeto no Belmonte por
volta de 1965 com a Escola de Música Heitor Villa Lobos. Primeiro os
cânticos na igreja, pois lá no Belmonte já não via mais os cânticos de
colheita. A partir daí direcionava-os para as aulas teóricas de música.
Como
não podiam deixar o trabalho, os alunos manuseavam instrumentos de trabalho(pás,
enxadas, facões, arados, etc.), enquanto outros cuidavam de gado. E à noite trocavam
seus instrumentos de trabalho por instrumentos musicais e se embrenhavam em
partituras, solfejos e cantos. A música já era parte das suas vidas.
A
comunidade aos poucos, foi agregando a escola às suas vidas, as crianças eram
incentivadas pelos pais a irem estudar música, e o projeto tomou corpo. Aos
poucos eles começaram a se apresentar na cidade. Depois vieram as doações de
instrumentos, de dinheiro, vieram pessoas da cidade ajudar na administração da
escola, o número de alunos cresceu e a comunidade agora era parte da escola
assim como a escola era parte da vida deles.
Assim, já se vão mais de meio século de sonho realizado.
A escola transformou-se em
Sociedade Lírica do Belmonte. Possui hoje possui um
auditório, uma escolinha de alfabetização para crianças, uma orquestra, coral
(adulto e infantil,) palco, sala de ensaios, capela, banda de musicas,
camerata, etc. Atende um contingente de cerca de 150 alunos. Possui uma
orquestra formada por 65 músicos distribuídos em instrumentos de corda
(violões, violinos, violoncelos e baixos), instrumentos de sopro (de madeira e
de metal), teclados, além de instrumentos de percussão.
Muitos dos alunos, hoje são professores de música na
escola. Outros se espalharam pelo Brasil abrilhantando orquestras sinfônicas
com os seus talentos. Ex. Salvador, João Pessoa, Maceió, Fortaleza, Rio de
Janeiro e, sempre que podem, retornam ao distrito de Belmonte para cursos
intensivos aos alunos da Escola. Alguns optaram por permanecer na escola,
cativos que são do gosto pela música, exemplados que são pela grandeza,
humildade e perseverança do Padre Ágio. Hoje são dirigentes e professores da
escola. Muitos deles hoje com formação acadêmica, são doutores encaminhados
pelo crescimento pessoal promovido pela música. Um exemplo para o mundo.
(IMAGENS:Internet)
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