Esta semana, alegando
profunda depressão, renunciou à candidatura para a presidência da República do
Chile o candidato direitista Pablo Longeira. O agora ex-candidato, que já fora
deputado e senador, começou sua liderança embaixo do guarda chuvas da ditadura
chilena tendo sido escolhido por Pinochet para ser Presidente da União dos
Estudantes da Universidad Catolica. Longueira, em 1986, liderou um quebra
quebra sobre os carros que transportavam o ex-Senador e já faelecido Edward
Kennedy que fora ao Chile falar em Direitos Humanos.
O radicalismo da
direita chilena não foi maior e nem menor do que no resto da América Latina. A
direita latino americano foi um substrato sobre o qual os EUA agiram em torno
dos interesses próprios de suas empresas e corporações. De modo que o
radicalismo da direita por esta região foi um lago de mágoa preenchido pelos
interesses exclusivos dos EUA e quase nada dos povos da região.
O pensador ocidental
Noam Chomsky falando sobre o móvel da política externa dos EUA em seu livro “O
que tio Sam Realmente Quer?” é claro sobre a motivação: o exclusivo interesse
das empresas americanas. Análises realizadas pelo economista Edward Herman
encontraram uma correlação em todo mundo entre a tortura e a “ajuda
norte-americana”. A conclusão é que a
tortura e a ajuda “estão correlacionadas com a melhoria da condições de
operações das empresas”.
Pelos cálculos
realizados por Chomsky e outros pensadores, os EUA estão diretamente
envolvidos, só na América Central, ao assassinato de 200 mil pessoas além de
terem dizimado todos os movimentos populares que lutavam por democracia e
reforma social. E antes que alguém pense em Stalin, não falo em Hitler pois
este está no espectro político de quem logo assim argumenta e claro os EUA e a
direita latino-americana, transcrevo a conclusão do texto de Chosky: essas
façanhas qualificam os Estados Unidos como fonte de “inspiração pra o triunfo
da democracia em nosso tempo”, nas admiráveis palavras da revista liberal New
Rapublic. Tom Wolfe conta-nos que a década de 1980 foi “um dos grandes momentos
de ouro da humanidade”. Como diria Stalin: “Estamos deslumbrados com tanto
sucesso.”
Não deixam de ser
reveladoras as fotos das intervenções americanas na América Latina. Examinenos
estas duas fotos que seguem e sintamos o que dizem. A primeira é o encontro do
Marechal Castelo Branco em sua face de hospedeiro satisfeito e um sorridente
Lincoln Gordon, embaixador americano o homem que operou o Golpe de Estado a
favor dos EUA. E a segunda esta ameaçadora foto de Pinochet tendo às suas
costas homens com as fardas da Forças Armadas chilenas.
Castelo Branco e Lincoln Gordon
Pinochet: o ódio se instala
Onde esse texto quer
chegar? Ele faz parte de uma série que postei sobre o Chile. Ele é uma
sequência sobre Pablo Neruda, a quem voltaremos sobre sua vida e obra. Mas a
questão básica é que Neruda morreu logo após o golpe de Pinochet. Ele já estava
doente com um câncer de próstata. Provavelmente morreria em consequência, mas o
que choca a todos é a possibilidade de sua morte ter sido executada sobre as
ordens do esquema golpista do Chile e com a participação da CIA. Após a morte
de Allende, Neruda era o último símbolo da luta popular no país. Para
consolidar rapidamente o poder golpista, eles teriam eliminado intencionalmente
Neruda para não deixar nenhuma resistência às forças mortíferas que se instalaram
no Chile.
E antes de ouvir o
velho argumento de que apesar da ditadura o liberalismo melhorou a vida do
chileno, é preciso que se diga o seguinte: a) o Chile viverá algumas gerações
com ódios recíprocos em razão da violência; b) em que melhorou a vida de alguns
na fase de ouro das exportações de commodities, c) hoje o Chile é um país
meramente exportador de matéria prima. E alguns setores chilenos que se acham
privilegiados ainda devem gozar os turistas brasileiros se vangloriando dos
baixos preços dos automóveis chilenos que lá pagam menos da metade que aqui.
Mas tem uma realidade
cruel: o Chile tem que importar o combustível que move sua frota e não gera
nenhum emprego no setor. Toda a sua frota é fabricada e geram empregos em
outros países. Este modelo é furado: só leva dinheiro do povo chileno que o
ganha vendendo matéria prima. A cada dia se aproxima mais o abismo deste tipo
de realidade neste mundo que se queira ou não continua sendo industrial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário