Saiu publicado em
alguns blogs (Carta Maior e Outras Palavras) a tradução de um texto de Immanuel
Wallerstein analisando as manifestações populares que, tal qual sabemos,
acontece em várias partes do mundo. A característica mundial das manifestações
é o foco de sua diferenciação em relação a lutas populares localizadas, por
vezes, até em regiões de um país. Junto com a crise econômica que atinge o
centro industrial as manifestações forma um par gravitacional como se fossem
estrelas duplas.
A principal conclusão
de Wallerstein é que as manifestações fariam parte de um processo contínuo de
algo que começou com a revolução mundial de 1968. (No final do texto ele
explicará melhor o que seria esse algo). Estas manifestações teriam as
seguintes características:
A primeira é que todas
as revoltas tendem a começar muito pequenas e se pegam (de modo imprevisível)
tornam-se maciças. Não só o Governo é atacado como também o Estado o é. Reúnem no
mesmo barco quem quer apenas a mudança do governo e quem questiona a
legitimidade do Estado. O tom das manifestações começa pela esquerda política e
tem como tema a democracia e os direitos humanos, embora com variações sobre o
conceito do que entendem dos dois temas. Normalmente a reação dos governos é
reprimir ou abrandá-las com concessões ou as duas coisas. A repressão funciona,
mas pode juntar mais gente ainda nas ruas. A concessões funcionam mas podem
servir para ampliar as demandas. Embora as repressões sejam a principal opção
elas tendem a funcionar em prazo relativamente curto.
A segunda característica
é que não continuam intensos por muito tempo. Os manifestantes sente o efeito
da repressão, ou são cooptados pelo governo, ou ficam cansados, mas isso não
indica uma derrota. E, portanto, a terceira característica é que deixam um
legado, mudam políticas quase sempre para melhor como discutir as desigualdades
ou aumentar a dignidade do povão ou, ainda, ficam vacinados contra a demagogia
de governos. A quarta característica é que os que chegam depois aos movimentos,
em outras ondas de protestos, não chegam para preservar os objetivos iniciais,
mas, ao contrário para perverte-las ou para levar grupos de direita ao poder. A quinta características de todas as manifestações
é que terminam por receberem influência de governos poderosos, de fora do país,
que procuram ajudar os aliados aos seus interesses para que atinjam o poder.
E então ele conclui o
texto identificando o algo que tem traçado uma movimentação de massas em todo o
mundo desde 1968. Segundo Wallerstein estaríamos no meio de uma transição
estrutural: de uma economia mundial capitalista, que está se esgotando, para um
novo tipo de sistema. Esse novo sistema pode ser melhor ou pior. E por isso a
grande batalha política mundial nos próximos vinte a quarenta anos é o que
emergirá desta transição.
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