Não fui buscar as
estatísticas. Contive-me apenas com a impressão. Impressão marcante e
surpreendente. Uma cidade que já é cheia por natureza, nela ser visível um
volume muito maior de gente.
Na orla litorânea, na
beira da Lagoa, nas ruas dos bairros, no centro da cidade, nos pontos
turísticos, nas estradas, ônibus, aviões, nos prédios e praças grupos de
pessoas com as camisetas da JMJ. Ou Jornada Mundial da Juventude.
A maioria jovens.
Tirando fotos, nas calçadas, com mochilas, quase em procissão com filas duplas
ou triplas para não se perderem um dos outros pelos espaços estreitos. Lembro
de uma sensação assim, qual seja viver numa megalópole invadida, de outra vez,
mas naquele remoto tempo por gente em veículos.
Foi numa disputa do
Fluminense com o Corinthians e os paulistas tomaram as ruas da cidade com seus
carros, ônibus, bandeiras e cantos de torcida. Agora a visita do Papa Francisco
junta-se a um Congresso católico mundial.
Que a rigor é o
encontro de jovens latino-americanos. Isso pela crise na Europa e por um fato
real: o catolicismo é uma religião menos europeia hoje do que foi no passado.
Mais de 65% deles estão noutros continentes e especialmente na América Latina.
Eis porque habemus papam.
Quando o primeiro Papa
visitou o Brasil em 1979, apenas esteve aqui no Rio. Na época lembro que
limparam a imagem do Cristo Redentor e de multidões nos seus encontros
públicos. Mas as ruas da cidade não tinha tantos estrangeiros quanto agora.
Uma salada de línguas,
sendo a principal o Espanhol. Um novo tipo de peregrino. Naquele final dos anos
setenta, eram pessoas de mais idade, vindas do próprio país. Visitavam a
cidade, mas não tanto e tão expansivamente como agora.
Agora tudo é diferente.
Além do Papa latino-americano. Acontece que jornais, blogs, redes sociais não
são consensuais sobre a visita e as despesas públicas que gera. O mesmo senso
crítico que envolveu a Copa das Federações.
Isso surgiu na
manifestação de ontem nas Laranjeiras, Largo do Machado e Flamengo. Os manifestantes
tinham em seu conjunto uma agenda variada, mas com um discurso uniforme: contra
o Governador aquele que tem a caneta das despesas na mão, contra as posturas
conservadores do Vaticano a respeito das expressões GLT, e contra a
religiosidade invadindo o território laico do Estado.
A verdade é que agora a
marcha da humanidade nas ruas brasileiras já não tem a ordem unidade daqueles
anos das primeiras visitas. Além da unicidade, temos a multiplicidade. Na verdade
sempre coexistiram, mas agora os diferentes se manifestam e se apresentam.
Aliás já havíamos sentido isso na internet.
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