por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

“CASTELÃO”: Monumento à insensatez – José Nilton Mariano Saraiva

Por 90 dias, prorrogáveis por igual período, o Governador do Ceará houve por bem decretar “estado de emergência” em 174 dos 184 municípios constitutivos do Estado, e por uma razão de todos conhecida: a estiagem (longo período sem chuvas), com todos os seus maléficos desdobramentos. Segundo os especialistas, esta é a “seca” mais inclemente dos últimos 50 anos.
Onde quer que ocorra, a decretação do “estado de emergência”, tal a seriedade embutida em sua operacionalização, há que obedecer a uma série de procedimentos, contidos em leis e manuais específicos; portanto, independente do “estado de espírito” de quem o chancela.
Por aqui, a fuga a tais procedimentos nos remeteu à insensatez: é que, em detrimento do clamor dos milhares de conterrâneos que imploram por ajuda (só um pouco de comida e água pra beber), dia a dia os jornais da capital estampam os números imorais e superlativos da grana gasta pelo Governo do Estado na reforma da “arena Castelão” (obra faraônica e desnecessária).
E tudo isso para que ??? Para que o nosso falido Estado seja o primeiro a apresentar à FIFA a “arena Castelão”, reformulada e pronta para abrigar seis (06) partidas de futebol (durante as copas da Confederação e do Mundial), às quais, devido ao salgado preço dos ingressos, apenas alguns “iluminados” serão testemunhas oculares. Sim, porque querer fazer crer que aqui desembarcarão milhares e milhares de turistas, que gastarão dólares e mais dólares durante os dois eventos, é pura enganação.
Deveriam espelhar-se na miserável África do Sul, em 2010: enquanto foram erigidas “arenas” deslumbrantes e portentosas, perambulavam nas suas cercanias glebas de um povo faminto e desesperado, sequer convidado para a festa. E a África do Sul, depois daí, não recebeu a enxurrada de turistas prevista, nem apresentou nenhum crescimento, a não ser na sua dívida externa (hoje, a dificuldade é manter as tais “arenas”).
Para que servirá a “arena Castelão”, no pós-Copa ??? Para abrigar duas vezes ao ano o clássico Ceará X Fortaleza ??? Como justificar a montanha de dinheiro lá gasta, em detrimento do “amenizar a fome e a sede” de milhares de conterrâneos ??? Sem medo de errar: na posteridade, tende a “arena Castelão” ficar conhecida como um “monumento à insensatez”. 

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