Escrevendo para alguns que ainda leem os blogs da cidade
minha mente se atrai pelo território, que é sua geografia, mas, sobretudo
gente. Faz calor, daqui a pouco vou à missa de um ano pelo ex-ministro da saúde
Wilson Fadul. Sem religião e sem explicar tudo por uma causa única, tenho, no
entanto, o comum entre nós como escala para minhas próprias medidas. Assim como
uma carta de Einstein, denominada a Carta de Deus, isso por que objeto de
leilão desfazendo toda religiosidade que diziam ser ele nestes “cavalos-de-pau”
que mensagens dão sobre os fatos e a realidade.
Portanto sou tão religioso quanto não o sou. Assim como meus
olhos brilham com a rebeldia, com a iconoclastia e exposição de certa luz sobre
a falsa moralidade, igualmente se fixam na retidão moral de quem adota um
caminho como marcha e mantém uma convicção honesta sobre a paisagem que se move
neste seu caminhar. Sendo assim me é detestável, na medida das minhas próprias
mediocridades, a manipulação de ideias em palavras e obras apenas para jogar
fardo sobre os ombros dos outros. Abraço aos dois primeiros e tendo a espiar a
vulnerabilidade moral destes terceiros.
Como a gravidade funciona neste momento a lembrança de um
conterrâneo que me veio foi a de Pachelly Jamacaru. Atento ao outro, pacato no
explicar-se e duro no expressar suas convicções. Não que seja impossível
desconsiderar o conteúdo de suas mensagens, em outras palavras, debatê-las e
com ou sem razão maior discordar delas. Não me refiro ao conteúdo, pois o
importante do compreender o mundo não é a lavra do cascalho, mas a narrativa
que se tem sobre a jornada. Pachelly expressa esta narrativa com tanta força em
sua fotografia, na sua poesia e na sua canção que a fronteira provinciana de
outros conterrâneos se falseia como a Linha do Equador.
Então a gravidade conterrânea se faz com o julgamento sobre
o Julgamento do Mensalão. Muito pelos juízes e mais ainda pelos cínicos a jogar
seus fardos sobre os ombros pesados de quem os juízes já condenaram. E como
cito nomes passo à lista: Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Senador Dias
como outros dias poderão vir ou tudo se resumir ao seletivo “mar de lama” do
Lacerda com seu dique a proteger a UDN. A narrativa da jornada e o apreciar a
paisagem não significa parar de julgar e apenar erros, mas ao contrário, abrir
o leque para rever o processo que induz ao erro. A Justiça não existe para
perseguir pessoas, categorias coletivas ou culturas, ela existe para sustentar
os valores da civilização e isso se faz mudando processos, como, por exemplo, o
enorme peso financeiro dos custos nas campanhas eleitorais. Ou nós os Cratenses
estamos tão cegos que não acabamos de enxergar nas nossas ruas o volume
descomunal de dinheiro gasto nesta recente campanha eleitoral?
E quando entro no blog do Pachelly e a narrativa do seu
mundo capturada momento a momento, associo ao volume descomunal da vida em suas
incongruências e nos perigos da história. Noam Chomsky acaba de denunciar a
omissão dos dois principais candidatos à presidência dos EUA: a destruição do
meio ambiente, especialmente com o degelo irreversível do gelo de verão no
ártico e a iminência de uma guerra nuclear na esfera tensa do Oriente Médio. O
cinismo é parte da cegueira histórica desta era.
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