por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

"Moroni" e "Heitor" - José Nilton Mariano Saraiva




(Em aditamento à postagem do Zé do Vale sobre as eleições de Fortaleza).

Meses atrás, antes das convenções partidárias que homologariam os candidatos à prefeitura de Fortaleza, o Governador do Estado Cid Gomes viajou pra Portugal, onde teria tido uma conversa particular com o cidadão Moroni Bing Torgan (candidato derrotado em mais de uma tentativa para o cargo) e que houvera sido mandado pela Igreja à qual pertence para uma “missão religiosa” em terras lusitanas. Comentou-se, na oportunidade, que o objetivo do Governador seria “convidar” o referido senhor a voltar de imediato a Fortaleza e concorrer à Prefeitura mais uma vez, só que por um partido que não o oficial, o do Governador. No fundo e mais que evidente, a estratégica “jogada” embutia o aproveitar-se da popularidade do Moroni na periferia da cidade a fim de “rachar” ao meio o eleitorado naquelas comunidades, impedindo que o candidato da Prefeita de Fortaleza “dominasse o pedaço”, partindo com vantagem sobre o candidato oficial.
A despeito de tal versão nunca ter sido confirmada (embora o Governador tenha viajado a Portugal, sim), não mais que de repente Moroni mandou para o espaço a tal “missão religiosa”, abdicou de continuar pregando em nome de Deus, largou tudo de uma hora pra outra e desembarcou extenuado em Fortaleza no final do dia da convenção dos Democratas (já ao apagar das luzes), onde foi recebido apoteoticamente no aeroporto, de onde se dirigiu para o ginásio onde se realizava o evento, sendo cristalizado pelo partido como o candidato a prefeito (tudo isso, acreditem, “por amor a Fortaleza”, como disse na oportunidade).
Se foi “doutrinado” ou não pelo Governador, a verdade é que o Moroni que voltou nem de longe lembrava o Moroni que houvera partido: repaginado, seletivo, esqueceu o discurso agressivo, a postura desafiadora e se nos apresentou na pele de um caridoso pastor, fala mansa, a pregar a paciência e o perdão, evitando critica mais pesada aos concorrentes políticos, especialmente ao candidato oficial. O seu negócio agora era suplicar, pelo amor de Deus e de todos os Santos, que lhe dessem uma “caneta”, que com ela resolveria todos os males de Fortaleza. Ainda assim, cumpriu a “missão” para a qual houvera sido escalado pelo Governador, recebendo expressiva votação no primeiro turno (claro que em troca de alguma coisa).
E aí entra em cena o candidato Heitor Ferrer, Deputado Estadual do PDT, que se tornou conhecido e respeitado pela atuação firme, valente e corajosa no plenário da Assembléia. Voz solitária a denunciar com consistência os abusos perpetrados pelo Governador do Estado surpreendeu ao receber um “transatlântico” de votos quando as urnas foram abertas, passando Moroni pra trás e quase tomando o lugar do candidato oficial (houve, inclusive, a suspeita de que a manipulação das pesquisas às vésperas do primeiro turno o tenham prejudicado, impedindo sua ida para o segundo turno; tanto que há, sim, um despacho (não cumprido e, portanto, desmoralizado), de uma juíza de Fortaleza, “desautorizando” a realização do segundo turno (antes que o caso fosse esclarecido). A mídia, incompreensivelmente, não divulgou (por qual razão ???) e poderá haver contestação mais adiante (embora não vá dá em nada).
Pois bem, no segundo turno, Moroni, como esperado, apoiou de pronto (e recomendou) ao seu eleitorado a candidatura oficial, carreando uma boa quantidade dos votos dos seguidores, que ajudou em muito a eleição do novo prefeito (claro que será aquinhoado com algum “mimo”, possivelmente a secretaria de segurança do Estado). Aguardemos.
Já Heitor Ferrer, que passou toda a vida parlamentar batendo forte e com consistência no Governador do Estado, decepcionou as quase trezentas mil pessoas que o sufragaram, ao optar por uma posição neutra (e de certa forma covarde), sob a alegativa de que ao partido cabia decidir a questão. Dúvidas inexistem de que o seu apoio individual (ou recomendação do “político” aos seguidores) ao candidato contrário ao oficial (já que cáustico crítico do Governador) certamente teria mudado o rumo das eleições de Fortaleza. No entanto, aos 48 minutos do segundo tempo, Heitor Ferrer roeu a corda, manchou a sua biografia e perdeu o gol mais feito que se tem notícia.
Moroni e Heitor tiveram, pois, de maneiras distintas, papel decisivo no resultado final das eleições de Fortaleza. Alguém tem dúvida ???     
  

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