“Antígona julgava que não haveria suplício maior do que aquele: ver os
dois irmãos matarem um ao outro. Mas enganava-se. Um garrote de dor estrangulou
seu peito já ferido ao ouvir do novo soberano, Creonte, que apenas um deles,
Etéocles, seria enterrado com honras, enquanto Polinice deveria ficar onde
caiu, para servir de banquete aos abutres. Desafiando a ordem real, quebrou as
unhas e rasgou a pele dos dedos cavando a terra com as próprias mãos. Depois de
sepultar o corpo, suspirou. A alma daquele que amara não seria obrigada a vagar
impenitente durante um século às margens do Rio dos Mortos”. (Antígona,
personagem de Sófocles, mestre da tragédia grega).
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A citação acima é só uma pequena amostra da sua portentuosidade. Nas
suas exatas 500 (quinhentas) páginas, 30 centímetros de comprimento, 23 de
largura, 04 de espessura e pesando 1.750 kg, não restam resquícios de dúvida:
“Direito à Memória e a Verdade”, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República, é um “LIVRÃO”, na mais completa acepção do termo. Impresso
em 2007, com tiragem inicial de 3.560 exemplares, foi reimpresso em 2008, com
5.000 exemplares, perfazendo, pois, 8.560 exemplares. Trata-se, pois, de uma
obra tanto rara quanto histórica e que poucos têm o privilégio de ter em seu
acervo. Recebemos esse presentão do conterrâneo, residente em Brasília, Elmano
Rodrigues Pinheiro, (que sequer conhecemos pessoalmente), mas atendeu ao apelo
que lhe dirigimos e nos dignou com um exemplar.
Trata-se, em verdade, de parte da história do Brasil passada a limpo. Uma análise profunda das arbitrariedades e
abusos ocorridos no tempo do “regime militar brasileiro” (de 1964 a 1985),
abordando o seu Contexto Histórico, as Ditaduras no Cone Sul, as Fases do
Regime Militar no Brasil, a Resistência, a Distensão, a Anistia e o Fim do
Regime Militar. Como “recheio”, a biografia/história detalhadíssima de 477
(quatrocentos e setenta e sete) brasileiros que se insurgiram e participaram
ativamente daquele período negro da história brasileira, dentre os quais: Frei
Betto, Carlos Lamarca, Iara Iavelberg, Vladimir Herzog, Marilena Villas Boas,
José Genuíno, Carlos Marighella, Rubens Paiva, Bergson Gurjão e por aí vai.
Ao final (a partir da pagina 463), como suculenta sobremesa, a
historiografia pormenorizada das principais “organizações de esquerda do Brasil”,
que tiveram papel decisivo na história do país (PCB, PCdoB, AP, ACN, MR-8,
VPR dentre tantas outras).
Definitivamente,
o “LIVRÃO” não é superlativo apenas por suas dimensões e peso, mas, sim, pelo
conteúdo ímpar expresso em seu bojo.
Ao fazer tal registro, não poderia deixar de externar de público (já o
fizemos por e-mail, à época do recebimento) agradecimentos sinceros ao Elmano
Rodrigues Pinheiro pelo “presentaço” e por nos ter dado a oportunidade de conhecer mais
de perto tão relevante período da nossa história recente. Definitivamente,
somos um privilegiado.
5 comentários:
Aqui prá nós (já que temos dúvida, sim, e nenhum constrangimento em reconhecer): a palavra correta é "porten(TUO)sidade" ou "porten(TO)sidade" ???
Alô, Socorro Moreira, Liduína, Zé Flávio... HELP.
Zé, no dicionário Houaiss Eletrônico a palavra não existe nas duas grafias. Existe portentoso que o mesmo de prodigioso, maravilhoso, etc. Mas a verdade é sufixo -idade em português que veio do latim -dade com a função de formar substantivos abstratos derivados de adjetivos. Por isso na "modernidade" usamos tanto este sufixo tanto no meio acadêmico, quanto na área técnica e administrativa de modo que os dicionários sempre se atrasam neste aspecto mas registram uma quantidade imensa de tais emprego.
Zé do Vale respondeu com propriedade!
Abraços
José Nilton, Também tive a felicidade de receber um exemplar de presente. O meu foi dado pelo amigo Armando Rafael. Como vc bem diz, mostra parte da história, mas não está completo. Relata 477 crimes com registros em documentos oficiais, cujas vítimas morreram nas mãos de torturadores. Caso computados os desaparecidos que não tiveram direito nem a simples BO em Delegacia, a exemplo de militantes das ligas camponesas em PE e GO, ou os que sobreviveram as torturas mas morreram em consequencia delas, como José Fortuna de Melo, este número seria muito maior.
José Niltom Mariano
Em breve te mandarei "A verdade Sufocada" do Brilhante Ustra, para fazeres um paralelo das versões apresentadas.
O projeto Padarias Espirituais leva a leitura isenta, para que as pessoas façam o seu juizo,e cada um descubra a sua verdade.
Há algum tempo atrás fiz a distribuição de alguns exemplares do Rompendo o silêncio, também do Brilhante Ustra, que proporcionou a muitos, um olhar apurado da sua versão. O tema é abrangente, e chegam novas versões, mostrando o submundo de uma época que esperamos nunca mais, vermos repetida.
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