por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 6 de junho de 2012

O "LIVRÃO" - José Nilton Mariano Saraiva


“Antígona julgava que não haveria suplício maior do que aquele: ver os dois irmãos matarem um ao outro. Mas enganava-se. Um garrote de dor estrangulou seu peito já ferido ao ouvir do novo soberano, Creonte, que apenas um deles, Etéocles, seria enterrado com honras, enquanto Polinice deveria ficar onde caiu, para servir de banquete aos abutres. Desafiando a ordem real, quebrou as unhas e rasgou a pele dos dedos cavando a terra com as próprias mãos. Depois de sepultar o corpo, suspirou. A alma daquele que amara não seria obrigada a vagar impenitente durante um século às margens do Rio dos Mortos”. (Antígona, personagem de Sófocles, mestre da tragédia grega).

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A citação acima é só uma pequena amostra da sua portentuosidade. Nas suas exatas 500 (quinhentas) páginas, 30 centímetros de comprimento, 23 de largura, 04 de espessura e pesando 1.750 kg, não restam resquícios de dúvida: “Direito à Memória e a Verdade”, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, é um “LIVRÃO”, na mais completa acepção do termo. Impresso em 2007, com tiragem inicial de 3.560 exemplares, foi reimpresso em 2008, com 5.000 exemplares, perfazendo, pois, 8.560 exemplares. Trata-se, pois, de uma obra tanto rara quanto histórica e que poucos têm o privilégio de ter em seu acervo. Recebemos esse presentão do conterrâneo, residente em Brasília, Elmano Rodrigues Pinheiro, (que sequer conhecemos pessoalmente), mas atendeu ao apelo que lhe dirigimos e nos dignou com um exemplar.

Trata-se, em verdade, de parte da história do Brasil passada a limpo.  Uma análise profunda das arbitrariedades e abusos ocorridos no tempo do “regime militar brasileiro” (de 1964 a 1985), abordando o seu Contexto Histórico, as Ditaduras no Cone Sul, as Fases do Regime Militar no Brasil, a Resistência, a Distensão, a Anistia e o Fim do Regime Militar. Como “recheio”, a biografia/história detalhadíssima de 477 (quatrocentos e setenta e sete) brasileiros que se insurgiram e participaram ativamente daquele período negro da história brasileira, dentre os quais: Frei Betto, Carlos Lamarca, Iara Iavelberg, Vladimir Herzog, Marilena Villas Boas, José Genuíno, Carlos Marighella, Rubens Paiva, Bergson Gurjão e por aí vai.

Ao final (a partir da pagina 463), como suculenta sobremesa, a historiografia pormenorizada das principais “organizações de esquerda do Brasil”, que tiveram papel decisivo na história do país (PCB, PCdoB, AP, ACN, MR-8, VPR  dentre tantas outras). 

Definitivamente, o “LIVRÃO” não é superlativo apenas por suas dimensões e peso, mas, sim, pelo conteúdo ímpar expresso em seu bojo.

Ao fazer tal registro, não poderia deixar de externar de público (já o fizemos por e-mail, à época do recebimento) agradecimentos sinceros ao Elmano Rodrigues Pinheiro pelo “presentaço” e por nos ter dado a oportunidade de conhecer mais de perto tão relevante período da nossa história recente. Definitivamente, somos um privilegiado.

5 comentários:

jose nilton mariano saraiva disse...

Aqui prá nós (já que temos dúvida, sim, e nenhum constrangimento em reconhecer): a palavra correta é "porten(TUO)sidade" ou "porten(TO)sidade" ???
Alô, Socorro Moreira, Liduína, Zé Flávio... HELP.

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Zé, no dicionário Houaiss Eletrônico a palavra não existe nas duas grafias. Existe portentoso que o mesmo de prodigioso, maravilhoso, etc. Mas a verdade é sufixo -idade em português que veio do latim -dade com a função de formar substantivos abstratos derivados de adjetivos. Por isso na "modernidade" usamos tanto este sufixo tanto no meio acadêmico, quanto na área técnica e administrativa de modo que os dicionários sempre se atrasam neste aspecto mas registram uma quantidade imensa de tais emprego.

socorro moreira disse...

Zé do Vale respondeu com propriedade!
Abraços

Joaquim Pinheiro disse...

José Nilton, Também tive a felicidade de receber um exemplar de presente. O meu foi dado pelo amigo Armando Rafael. Como vc bem diz, mostra parte da história, mas não está completo. Relata 477 crimes com registros em documentos oficiais, cujas vítimas morreram nas mãos de torturadores. Caso computados os desaparecidos que não tiveram direito nem a simples BO em Delegacia, a exemplo de militantes das ligas camponesas em PE e GO, ou os que sobreviveram as torturas mas morreram em consequencia delas, como José Fortuna de Melo, este número seria muito maior.

elmano rodrigues pinheiro disse...

José Niltom Mariano
Em breve te mandarei "A verdade Sufocada" do Brilhante Ustra, para fazeres um paralelo das versões apresentadas.
O projeto Padarias Espirituais leva a leitura isenta, para que as pessoas façam o seu juizo,e cada um descubra a sua verdade.
Há algum tempo atrás fiz a distribuição de alguns exemplares do Rompendo o silêncio, também do Brilhante Ustra, que proporcionou a muitos, um olhar apurado da sua versão. O tema é abrangente, e chegam novas versões, mostrando o submundo de uma época que esperamos nunca mais, vermos repetida.