Pois é,
amigos, diante da eleição que mais e mais se aproxima, o Crato e os ânimos vão
mais e mais se inflamando. Como sempre, divide-se a cidade entre
situação-oposição e as classes mais privilegiadas rápido tomam partido,
enquanto, de longe, o povaréu observa cuidadosamente. Pobre sabe que estrategicamente
não é bom declarar-se por um ou outro lado, com a sabedoria que os anos lhe
foram conferindo percebe que , a maior parte das vezes, a escolha é entre a
onça e o lobo e , de qualquer maneira, no final da fábula acabará devorado. Assim,
mede distância e palavras, toma cuidados especiais, no sentido de levar alguma
vantagem no único momento que poderá auferir alguma: a pré-eleição. Nos andares
de cima, se ensaiam as primeiras quedas de braço , mesmo assim ainda
incipientes: os candidatos municipais ainda não sabem, claramente, a quem foram
vendidos pelos líderes estaduais.
Mas, aqui
entre nós, munícipes, importa-nos a exata célula em que vivemos e produzimos: a
nossa querida Cidade do Crato. E somos nós e mais ninguém que sabemos
exatamente o que queremos, que políticas públicas poderão melhorar nossa vida, nosso bem-estar,
nossa felicidade. Como cratense convicto e apaixonado, vou trazer minha
singular opinião sobre o que espero do futuro Prefeito da minha cidade . Sei que cada conterrâneo tem uma visão pessoal
que respeito e admito e que certamente se soma à minha, em busca de melhores dias para a Cidade de
Frei Carlos.
A primeira
questão diz respeito diretamente ao rumo que imagino devemos tomar. Sem um
porto a atingir, diz o provérbio, nenhum vento nos será favorável. Qual a
vocação da nossa Cidade? Sempre se rotulou historicamente o Crato como : “A
Cidade da Cultura”. Pois bem, corramos atrás do prejuízo. O novo Prefeito terá
que buscar este caminho desesperadamente. Incentivar as Artes e aí possuímos ainda um grande manancial a
se reconstruir: Biblioteca Municipal que mereça este nome; Uma Bienal do Livro;
Vitalização do Centro Cultural Araripe hoje entregue ao Crack; Finalização do Cine Teatro Moderno, como Cine
e como Teatro e não apenas mero auditório, com programação anual regular; Levar
à Escola nossa Cultura e nossa História; Construção de um Memorial da Confederação do
Equador, movimento histórico importantíssimo, onde a cidade teve participação
decisiva e hoje esquecido quase que inteiramente; Revitalização da Fundação J.
de Figueiredo Filho que nunca funcionou além de mero cabide de empregos;
Revigoramento do nosso Festival da Canção; busca à criação de um Centro Cultural
Banco do Brasil ou Caixa Econômica; interface próxima e contínua com o SESC,
URCA,ICC,SCAC, Secretarias de Cultura; Incentivo `a criação de jornais,
publicação de livros, prensagem de CD´s, ao Mercado regional de Artes Plásticas
e ao desenvolvimento de um pólo cinematográfico caririense. Nossos artistas
precisam ser colocados como atores principais nessa mudança comportamental e
não como reles figurantes. Isto apenas para lembrar de relance algumas das
nossas imensas possibilidades.
Um outro
ponto importante , a nosso ver, é a capitalização das nossas reservas
ecológicas. Temos inúmeras fontes perenes, uma imensa Chapada a nos contemplar,
com seu verde , suas bacias fossilíferas e nós mesmos não possuímos qualquer educação
ambiental mínima que seja. A Ecologia é uma das palavras de toque do futuro e
nós sequer nos apercebemos disso. Temos todas as possibilidades de desenvolver
um Turismo Ecológico sustentável, com trilhas, Bikes, Rapel , e outros tantos
esportes hoje desenvolvidos sem nenhuma ajuda por esportistas abnegados.
Uma outra
questão preocupante é o total descaso que historicamente o município tem para
com a URCA. A Universidade mudou
completamente a Cidade do Crato com o cosmopolitismo de seus alunos e
professores e os novos ângulos de se perceber o mundo e a vida ao nosso redor.
O Crato tem o dever cívico de assumir a Universidade como filha, reconhecendo
sua importância e incentivando de perto todas suas ações.
Nossos
críticos dizem que o Crato , como um Museu, teima em viver de passado. Pois
bem, temos um passado glorioso sim: capitalizemo-lo ! Um município com um lastro deste tamanho tem
um alicerce invejável para edificar seu futuro. Os outros mais jovens sofrem
eternamente de um Complexo de Peter Pan.
Pessoalmente
não acredito em receitas copiadas, já aplicadas em outras cidades, com
resultados aparentemente fabulosos. Juazeiro cresceu à sombra do Turismo Religioso:
ótimo, mas essa não é nossa realidade. Economicamente , hoje, a vizinha cidade
tem uma pujança impensável. Sem problemas, estamos aqui pertinho, as cidades do
CRAJUBAR estão praticamente conturbadas.
Junto com o desenvolvimento vem a borra do progresso: a Violência, o
engarrafamento, a superpopulação, a
poluição, a explosão dos preços imobiliários. Pois bem, construamos uma Cidade
em que o bem-estar da população seja a pedra de toque. Temos um Pólo Econômico-Industrial
no Juazeiro, Um Pólo Médico-Hospitalar em Barbalha, reconstruamos nosso Pólo Ecológico-Cultural.
No final, todos nos beneficiaremos .
Penso que o grande lance da Região Metropolitana do Cariri é justamente esse:
por conta das parcelas serem tão
diferentes é que o resultado da soma será tão vultoso.
Espero que
sejamos sensatos e reflexivos na escolha do candidato. Que cada um coloque na
balança os pesos com que aferirão os nomes antes de ir à urna. Vender voto
costuma sair caríssimo: seja por chinela, por telha, por emprego ou por
licitação; não importa o preço. Escolham segundo sua consciência e assumamos
que somos o agente transformador ou não da nossa cidade; só não vale depois
dizer que o Crato é uma cidade sem sorte e que os políticos que nós próprios elegemos
só querem meter a mão se dar bem.
J. Flávio Vieira
3 comentários:
Zé, diga onde é a urna que voto em você e no que você acaba de dizer. Um ato falho ao trocar conurbação por perturbada,aliás característica da visão de algumas ideias que ainda teimam em circular na cidade.
Juazeiro e Barbalha foram beneficiadas com a Universidade, notadamente , os cursos de Medicina.
Bem colocada a vocação da nossa cidade...É por aí.
Vamos torcer pelo Crato!
Parabéns, Zé Flávio.
é verdade, escapou a conturbação ao invés de conurbação ( e às vezes , são sinônimos mesmo, né ?). Fico sempre cabreiro com essa coisa de o Crato voltar-se eternamente para o passado( e ele é muito forte mesmo), por que não usar isso como alicerce, como cataputa? Vejo Olinda e Recife, tanto diferentes e cada um buscando seu caminho. no fim ambos não ganham? Vamos ver quem mais se enquadra neste perfil, né ? Quem pensa grande, quem ao invés de pôr a culpa no Juazeiro, bota para trabalhar, quem alimentará a vocação da cidade.
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