por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 29 de maio de 2012



Porque acho que não devo fazer exercícios físicos – por José Almino Pinheiro

 Há pouco tempo precisei fazer a renovação da carteira de habilitação. Além dos exames de saúde em geral, como os de vista, pressão sanguínea, me deparei com a exigência de fazer um exame estranho: o da bicicleta ergométrica! Me recusei a fazer tal disparate e, claro, seria reprovado. O cardiologista, curioso, provocou-me, queria saber as razões da minha recusa já que pagaria preço tão alto, ficando impedido de dirigir carros. Afirmei que o motivo era simples, queria viver muito! Minha família é de longevos, nenhum deles atleta. Disse também que acreditava em Darwin, e nas leis de Deus, já que foi o criador da natureza. Leis que por sinal ainda não foram revogadas, não ia desobedecê-las, não ia pôr em risco essa oportunidade hereditária. Lembrei que os próprios médicos prescrevem repouso e não exercícios para doentes. A internet está cheia de argumentos sérios e brincadeiras a respeito do assunto. Disse que acreditava e considerava os mais sensatos. Comentei que animais em geral não fazem exercícios, apenas no começo da vida treinam e exercitam movimentos e técnicas necessárias à sua sobrevivência.

Na natureza, excluindo seus predadores, o esforço físico que os animais realizam, desprendendo enorme quantidade de energia na obtenção de alimentos, faz com que, geralmente, vivam pouco em relação aos mesmos similares nos zoológicos. Os animais que vivem nos zoos de primeira linha, não precisam se preocupar com alimentos. Desfrutam de alimentação adequadamente balanceada por especialistas e possuem planos de saúde integral, vivem em média o dobro dos seus irmãos que se exercitam livremente nas florestas. Nunca ouvi falar, nem nunca vi, animais fazendo algo parecido com malhação, Cooper ou outro tipo de correria ou andanças, ao contrário, quando comem bem vão dormir. Não são loucos de gastar energia a toda hora a troco de nada. É uma das leis básicas da natureza em ação: a lei da conservação da energia. Lei apresentada pela primeira vez, em 1842, pelo Dr. Julius Robert Mayer que disse o seguinte: "Quando uma quantidade de energia de qualquer natureza desaparece numa transformação, então se produz uma quantidade igual em grandeza de uma energia de outra natureza”. O físico Max Planck em 1887 demonstrou o conceito de forma mais compreensível: “A energia total (mecânica e não mecânica) de um sistema isolado, um sistema que não troca matéria e/ou energia com o exterior, mantém-se constante”. O problema é que o nosso corpo não é um sistema fechado, portanto a energia duramente adquirida nos processos digestivos é liberada principalmente pelo calor gerado pela necessidade de nos manter vivos. A liberação dessa energia afeta diretamente a massa envolvida. O balanço energético dos seres vivos é negativo. Se o corpo libera energia e dejetos, não é um sistema fechado, significa que a massa do corpo e seus mecanismos vão para o beleléu.

Na Bíblia quase não há referências diretas a exercícios físicos, talvez a mais famosa passagem seja a de Timóteo 1 4:8 que nos informa: “Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser”. Não condena, apenas desqualifica, o que nos faz pensar que, dito por Paulo e citado na Bíblia, passa a ser uma grande negativa ao exercício físico. Claro que naquela época todo mundo caminhava muito, o que pode ser enquadrado como parte da necessidade de sobrevivência. Nos escritos antigos as referências que encontrei a exercícios físicos, quase sempre fica para lutadores, gladiadores ou artistas de circo, esses além de minorias, morriam cedo. Os soldados comuns dos exércitos da antiguidade, geralmente eram agricultores convocados  na zona rural. Porque então essa loucura de malhação, corridas, academias? Fico admirado em ver multidões fantasiadas de atletas, suando nas academias e correndo por ai. Mas logo depois se enchem de picanhas, sanduíches e pizzas tais. As multinacionais de equipamento esportivo agradecem. Nunca dizem o óbvio: só se engorda ou emagrece pela boca.

No final, recebi o diagnóstico com restrições e severo acompanhamento da pressão arterial, e com ele a carteira de habilitação renovada.  

Recife, 23 de maio de 2012 




2 comentários:

Stela disse...

Taí uma boa provocação que nos traz Zé Almino, em tempos de "endeusamendo" do corpo.

Mas defendo que se deve sim fazer atividades físicas; não com o frenesi louco com que a grande maioria das pessoas faz, cultuando as formas físicas e descuidando do espírito e do intelecto. "Mens sana in corpore sano", como aprendemos com a citação latina.

É isso aí, Zé, continue mandando textos provocativos. É bom, faz bem levantar discussões saudáveis.

Abraços.

socorro moreira disse...

Não concebo exercício físico com sacrifício.
Gosto dos passos prazeirosos.
A alegria de viver está refletida na beleza que os anos não apagam.
Sorrir, dançar, cantar, caminhar pelas ruas e praças, namorar...Neutralizam um pouco os hábitos que não são saudáveis.
Amei o texto e esta presença importante: Zé ALMINO!

ABS