por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 29 de maio de 2012

Alguns escritos poéticos - Maio/20012


aconchego dos teus versos 
Como sustância do dia 
Injetei o sabor da tua melodia 
Nas veias borbulhantes que me destes 
Do riso que tirastes da face seca 
Fez tambor para batucar 
em olhinhos
Chuvosos de alegria
Cantoria de terreiro 
Brotando poesia 
Alumiando o destino guerreiro. 

Alexandre Lucas 

E o vento veio forte 
Como que quisesse me abraça a terra 
o sonho acelerou o medo 
disse que era Oxossi 
com a força da floresta 
nem sei o que é Oxossi 
mas sei que é diferente de oxe
no meio da madrugada tua voz foi minha água 
minha massagem de alma 
e a musica de ninar
que faz o sonho chegar. 

Alexandre Lucas 

Escolhi quebrar as estruturas 
E estourar as bolhas 
Nas quais eu me guardava 
Dançar com o fogo 
Para ressuscitar a alma 
Visitar os bosques 
Conhecer os cheiros 
E apreciar as estéticas florais 
Aprender com o toque que afaga 
E com a distância que aperta. 

Alexandre Lucas

Nega-índia 
Mestiça 
Misturada de saberes 
Mandingueira e caboclinha 
Meu rosário, cobertor e linha 
Frivião de carinhos 
Alimento de ternura 
Cultivo de culturas 
Alinhamentos
Que fazem ninhos. 

Alexandre Lucas 

Quando a saudade bate 
E o desejo sacode a alma 
Emendo a distância com a presença da lembrança 
E monto no lombo das palavras 
Para chegar de longe 
Como sino de capela 
Subtraio os dedos para encurtar os dias
Para nos fazemos jardim poesia. 

Alexandre Lucas

O café chegou cedinho 
Adoçado com doce de palavras
Com gosto de abraço quentinho 
Veio na ginga angolana 
com faca amolada 
para fechar o corpo 
e abrir a encruzilhada 

Alexandre Lucas 

Entre rios e mares
Somos águas
Que se fazem versos 
Para professar desejos 
Levamos pedras e desfazemos barreiras 
para recompomos o nosso itinerário
que deve ter o cheirinho do aconchego de criança 
e os batuques de um sonho libertário. 

Alexandre Lucas

O poema vida 
Embrulhou-se nos lençóis de sonhos
Fez vinda e ida 
Fez trincheira e guarita 
Saiu pedalando sobre as nuvens 
E dançando coco em cima do sol
O poema vida é assim mesmo 
Andarilho e guerreiro 
Traquino, inesperado
Que sai dobrando vidro 
e perfumando os caminhos com lavanda de primavera.

Alexandre Lucas

Que venha a guerrilheira com seus molotovs de ternura 
Com sua artilharia de revolução 
Com seu traquejo assanhado 
Com seu batuque afinado 
Para festejar o coração 
Que venha de Catirina
Para brincar no terreiro
E levantar purina
Que venha com asas libertárias
Para debulhar os céus
E cambalhotear 
Num mar e sacolejar os véus. 

Alexandre Lucas

O poeta joga a parede de concreto 
Cacos, traços e poeira se espalham 
E a alfaia anuncia a morte adulterada da verdade
E a poesia se refaz assanhada e doce
Inquieta e guardiã 
Nas brechas do asfalto do coração 
Brota cheiro, flor e canção 
Cumplicidade, lealdade e liberdade 
E um jarrinho de saudade
Esperando o calor do teu compasso 
E a água do teu abraço. 

Alexandre Lucas

Estou em dilúvio de ternura
Saciando  da maça de uma nova aurora
Compondo mistura
Num guisado instigado
De um tempero aprovado 
Com perfume encantado
Sigo alumiado
O rastro enfeitiçado
Que me embrulha para os teus braços.

Alexandre Lucas   

Rasgo-me de felicidade 
Quando tem tempestade de flores
E frutos de palavras doces 
Nado como golfinho 
Nos teus mares de prazer 
Trago o teu cheiro impregnado nos meus sonhos
e o teu olhar massageando o meu. 

Alexandre Lucas

Queria um buquê de mãos
Para cheirar e sentir 
A companhia catirina e companheira 
O gingado de olhos 
E o canto indecifrável de prazer
Depois queria o aconchego da luta, 
O carinho das palavras 
e um carrossel de sonhos. 

Alexandre Lucas

Teus versos
Engatilharam tiros
E dispararam sabores
E atrevido
Coloquei-me estendido
No centro do alvo
Intensamente aberto
Prazerosamente perfurável
E coloridamente florido
Para receber o alvejar das tuas balas
E o despertar de um coração adormecido.   

Alexandre Lucas

E as roupas se espalharam
Enquanto os  corpos se unificavam
E  mãos se transbordavam em tochas de prazer
Tecendo orações e ladainhas de desejos
Em louvor  de santa Eva
A bendita pecadora
Dos infinitos livramentos
 que com sua boca deliciosa
nos ensinou todos os  mandamentos.

Alexandre Lucas 

O meu tempero tem gostinho
De sabor irreconhecível
Tem cheiro de floresta
 e som de neblina, cantoria de trovão.
Tem feitiço, mandinga e revolução
Tem o preparo em panela de nuvens
Para ninar a alma com versinhos de céus.

Alexandre Lucas

O artista toca fogo no sol
Incendeia os mares 
Desenha uma maçã, pinta de azul e come
Veste um paletó de nudez 
E arregalas os olhos 
Escancara desesperadamente um sorriso
Faz cara de triste
Senta no vaso sanitário e canta alegremente 
Toma banho de chocolate 
Acorrenta-se com um rosário
e diz isso não é normal. 

Alexandre Lucas

Perseguirei os sonhos 
De jeito intenso 
Como os raios solares
Buscarei atingir a lua 
E o brilho caleidoscópico das estrelas 
Hoje sou fábrica de desejos
Fabrico a vida 
Com o toque dos nossos sonhos

Alexandre Lucas

Queria um buquê de mãos
Para cheirar e sentir 
A companhia catirina e companheira 
O gingado de olhos 
E o canto indecifrável de prazer
Depois queria o aconchego da luta, 
O carinho das palavras 
e um carrossel de sonhos. 

Alexandre Lucas

Nega dos maracás e das alfaias 
dos tambores encantados 
que benze meus desejos 
com teus acalentos sonoros 
meu som avexado 
e meu canto de ninar
Mulher dos toques e batuques
Que faz meu pensamento dançar... 

Alexandre Lucas
  

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