Menos pessoal. Menos. Não precisa odiar o Lula só por ele
ter levado pobres para as gôndolas dos supermercados. Por não ter mais aquela
mão-de-obra por um prato de comida ou uma camisa de segunda. Não precisa achar
que o PT é o último ato da política e que depois dele só uma nova ditadura.
A democracia é para todos e mesmo que coloquemos as opiniões
individuais sobre o conjunto da sociedade, não precisa se tornar uma falange
perseguindo quem pensa diferente. O vírus do golpe e da violência está aninhado
em alguns corações. É a minoria, mas é preciso reconhecer que ela existe.
Por exemplo, hoje há um discurso hegemônico nos editorais
das grandes corporações de comunicação, mas simultaneamente nas redes sociais e
nos blogs o debate flui de modo plural. Alguns com muito desrespeito e mais
virulência do que ideias, mas o conteúdo maior é a pluralidade.
Então vou dar uma opinião. Quem puder que leia a íntegra da
entrevista dada ontem em Manaus pelo Ministro Gilmar Mendes do STF. Em momento
algum ele afirma ter Lula o chantageado e pedido o adiamento do Mensalão como
saiu na reportagem da Veja. Ao contar a ocorrência das conversas com Lula a
versão dele é muito mais de conclusões próprias do teor das conversas do que
propriamente um fala do ex-presidente.
Fica evidente na reportagem da revista Veja que Gilmar
Mendes estava convicto que alguma ameaça recaia sobre ele por conta da sua
proximidade com Cachoeira a partir da relação dele com Demóstenes. O teor da
Veja é um surto persecutório do Ministro e a entrevista de ontem uma fabulação
sobre a conversa que teve com Lula.
Ainda não dei opinião, mas agora vou. O Gilmar Mendes será
um Ministro impedido no julgamento do Mensalão. Ele já anunciou o seu voto na
matéria da Veja e na entrevista. Ele até editorou o julgamento que dará. Se
existe alguém de bom senso entre os processados vai entrar com esta questão no
STF.
Por último sobre o Estado Policial que ele denuncia. Ele
pode até citar procedimentos incorretos e pedir punição para quem os pratica.
Não pode é negar a investigação para subsidiar o julgamento do Poder Judiciário
quando apresenta ilações sem qualificar os eventos. Por exemplo, a magistratura
não invalidou a Operação Sathiagraha que decorreu de uma investigação? Muitos
brasileiros não gostaram desta decisão, mas continua valendo, comprovando que
estamos num Estado de Direito Democrático.
Sem investigação policial estamos retornando ao Estado Monárquico
em que o juiz é a mesmo tempo senhor do antes, do agora e do depois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário