por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A democracia européia é um arranjo degenerado - José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma coisa o é mesmo que tenha por necessidade a sua contradição. Mesmo que esta coisa o seja já deixando de ser, ela será identificável até com maior realismo por que parte das afirmações no âmago dos movimentos contraditórios.

A Europa é o vetor histórico da democracia da modernidade. O renascimento juntando o mundo greco-romano e o cristianismo e restabelecendo o indivíduo como o centro da história foi o marco fundante da moderna democracia. Depois a nova base mercantil, a descoberta do mundo novo e a industrialização com a acumulação capitalista, completaram o edifício desta democracia.

Em todo caso: a democracia moderna tem a Europa como fundamento. Até por isso se costuma às vezes, numa espécie de paradoxo, acrescentar o termo “cristã” para designar a “democracia” de base européia. Acho que não precisamos ampliar para falar nos princípios que regem esta democracia: é do conhecimento de todos.

A questão é que a Europa há mais de século bem corroendo por dentro a instituição democrática. A começar pelo mundo comercial e sua fachada diplomática. A diplomacia européia tornou-se aquela novilíngua que George Orwell denunciava em seu livro 1984. A destruição da linguagem universal da democracia, por outra língua que desdiz o que está a dizer, faz parte da maior decadência que o pensamento europeu já teve em toda a sua história.

O Holocausto Judaico não deve ser posto apenas na “cônsul” da Alemanha. Ele é Europeu. O colonialismo dos séculos XVIII ao XX é coisa européia. A primeira guerra mundial (que aconteceu principalmente no território europeu e nas suas áreas de colônia) foi a guerra das trincheiras com os marechais dizimando a juventude até a fileira das crianças. A segunda guerra nem se fala. Sem contar o “herdeiro bastardo da democracia européia” querendo fazer subprodutos dos seus ideais com as entranhas do povo de Nagasaki e Hiroshima.

É este corpo histórico decadente que deita falações sobre o mundo árabe. Que deseja uma carnificina sádica e cínica sobre a África. Que soltou a raposa no galinheiro para nutrir-se na carcaça magra de Gregos, Portugueses e Espanhóis. São estes deformados morais que falam a novilíngua em seus ditames diplomáticos: a ameaçar, ameaçar e ameaçar.

O Irã não pode ter a bomba nuclear, mas Israel pode. A Índia teve a bomba e deram a mesma ao Paquistão e lá tem talibã a dar na canela. Os EUA querem a guerra nas estrelas e claro a velha Rússia já se aliou à Nova China para ambos se entupirem com as meizinhas de dizimar carnes e mentes. A Europa trás o estigma da morte. Isso é comum nos corpos terminais.

Muito cuidado com o que eles dizem. Nós os que queremos viver, não deveremos mais ler as “lições de democracia européia” estas estão cheias de páginas danificadas.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Como sempre, arregalo os olhos diante dos teus textos: lucidez!