Refletindo...
Filha de professora primária, brincar de escola foi meu entretenimento preferido desde a menor idade. Quando fui crescendo antevi outras possibilidades, e decidi que não seria professora.
Por carma ou vocação natural, o magistério me remunerou , pelas primeiras experiências profissionais. Tornei-me professora, circunstancialmente, aos 16 anos de idade. Faltava gente pra ensinar Matemática, e eu me atrevi, a desempenhar o papel.
Acabei casando com um professor, e fui sobrecarregando aos poucos minha carga horária de trabalho. Não rejeitava a profissão, conseguia vivê-la com entusiasmo, mas intimamente sonhava com o exercício de outra atividade. Chegou meu tempo de bancária, pinçando-me das salas de aula, e aos poucos fui perdendo minha performance como mestra, e afastando-me do convívio/ vida com os meus pupilos. Hoje reconheço que foi uma das grandes perdas da minha vida. Compensada por outras aprendizagens, mas de certa forma, irrecuperável.
Se eu pude4sse começar tudo de novo, seria Jardineira. Alfabetizaria, ensinaria as quatro operações, e desenvolveria o raciocínio lógico da meninada. A energia para determinadas tarefas foi minada. O tempo tem um papel inexorável!
Que fazer , quando se tem a certeza da nossa real vocação, depois de tantos anos vividos?
Nascer de novo, como professora primária?
Isso, se a nossa vida enfrentasse mais vidas. As oportunidades são finitas, como tudo na vida. Dizem que a roda é dinâmica, não para seu giro, e tudo volta, porque nada deixa de existir.
Eu agradeço àqueles que me ensinaram tanto, e me desculpo diante do meu papel incompleto, como professora. Certamente não realizei uma troca equânime.
Dei uma saidinha na noite pra conversar com amigos, e lembrei que esta data não poderia passar sem uma explicação, pelo menos pra mim mesma. Importante abraçar o destino. Desenvolver aptidões naturais, seguir o curso dos desígnios interiores. Ainda aprendo, ainda repasso, ainda gosto de ser estudante... isso é confortável.
Bem dizia minha mãe: a gente aprende, ensinando! Eu deixei de aprender... Mas concordo com essa verdade maior, e abro o meu coração para a maior e a mais difícil de todas as aprendizagens: dar e receber amor.
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