Os programas de entrevistas a que temos acesso pelos canais de TV seguem modelos já consagrados nas emissoras internacionais. São os chamados Talking Show, como os programas apresentados por Jô Soares e Marília Gabriela. Não tenho o hábito de assisti-los e quase não vejo TV, mas vez por outra presto atenção e, conforme percebo, a ânsia de comentar e demonstrar conhecimento sobre os assuntos apresentados, às vezes transformam os programas em debates de opiniões onde sempre vence o (a) entrevistador (a) “donos do campo e da bola”. Muito comum tratar um assunto sério como motivo de piadas pelo simples fato de não ser do interesse ou conhecimento dos entrevistadores, deixando grande parte da audiência desinformada ou inconformada com a condução do assunto, muitas vezes de interesse público.
Dia desses, numa entrevista com eminente psiquiatra onde eram tratados assuntos como saúde mental, violência e afins, o tema recorrente das drogas surgiu (neste ponto, muitos leitores e telespectadores “mudam de assunto”), e diante da pergunta “o que é que tem por trás de um simples baseado?” ficamos sem ouvir a resposta. A perguntadora atropelou a com um comentário pessoal e deixou os expectadores na expectativa. Mas isso me levou a continuar examinando este assunto, e procurar respostas para a tal pergunta: O que é que tem por trás de um simples baseado? (que pra quem não sabe é um cigarro de maconha). Cheguei a algumas possibilidades de resposta e passo a enumerá-las:
· Plantações ilegais da droga, trabalho semi-escravo e mortes;
· Tráfico e guerras de traficantes, balas perdidas (muitas vezes “encontradas” em inocentes);
· Crianças aliciadas para o consumo e o tráfico;
· Famílias desfeitas por mortes, prisões e violência doméstica;
· Corrupção para permitir todo o processo desde o cultivo até o consumo da droga;
· Jovens que perdem as oportunidades de estudo e trabalho.
· Doenças mentais que surgem devido ao uso constante da droga;
· Jovens desperdiçando os melhores anos de suas vidas, sua energia e inteligência;
· Permissividade da Sociedade, do Estado e da Família, por ignorância e conivência;
· Possibilidade de abrir o caminho para drogas mais perigosas e para o crime;
· Drogas que financiam o crime organizado e, em casos extremos chegam a substituir o Estado (de direito) determinando territórios e ditando leis próprias, espalhando o terror e cobrando por proteção;
· Associação do tráfico de drogas, com o tráfico internacional de escravos (para a prostituição), pedofilia;
· Criação de milícias que se colocam acima da Lei praticando todo tipo de crimes;
É possível enumerar tantos efeitos maléficos que fico assustado de pensar que algumas pessoas (do bem) ainda considerem “inofensivo um simples baseado”. Conheço inúmeros casos de pessoas que jogaram e jogam suas vidas no vazio subjugadas pelo vício, que começara com um hábito “inocente” de fumar só nos finais de semana, ou só “pra relaxar”.
Basta recorrer ao dicionário para se ter uma idéia de alguns dos significados de “relaxar”:
1.Tornar frouxo ou lasso; afrouxar.2.Moderar, abrandar.3.Corromper, depravar. 4.Debilitar, enfraquecer.5.Distender, descontrair.
Verbo intransitivo .6.Afrouxar, entibiar.7.Tornar-se menos tenso (2).Verbo pronominal. 8.Perder a força ou o vigor.9.Desmazelar-se. (mini Dicionário Aurélio, versão digital).
A idade da inocência, dizem os psicólogos, termina aos oito anos. Jean Paul Sartre, filósofo francês, escreveu uma trilogia onde um dos títulos é IDADE DA RAZÃO. Já pensei em escrever sobre a idade da Ilusão, que, no meu entendimento, situa-se entre a adolescência e os vinte e poucos anos (mas pode prolongar-se por longo tempo) e, finalmente, a idade da Desilusão, onde me encontro. Desilusão no melhor sentido da palavra,deixar de se iludir ou, recorrendo ao velho amigo “Aurélinho”: (verbo transitivo – Tirar ilusões, ou perdê-las; desenganar(-se). Este é um assunto profundo que pretendo tratar em outro texto, com melhor reflexão.
A Realidade, por mais dura que seja, é melhor que qualquer lapso de ilusão. É o que quero ver, sentir e perceber. E o que desejo a todos.
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