Ninguém canta para o morto enterrado no fundo do quintal.
Ningém canta para os insepultos
mortos ou
vivos. E todos pedem esmola,
a moeda
para os olhos demasiadamente abertos.
Os olhos vazios
como casas em ruínas. A hera cresce pelas paredes, as raízes
engordam
as paredes. É um ambiente de paz
e desolação. As mãos
pendem
pesadas. Os pés estão fincados no solo, com musgo
no calcanhar.
O que faremos da vida? O que faremos da morte? Perguntamos
e nos afastamos envergonhados.
Nada resta nos bolsos para trocar,
para tocar
com os dedos ensanguentados. Abandonamos a nossa imagem
no fogo
que tudo consome. Uma gaivota, o clarão
de uma gaivota e o cachorro ganindo solitário como um barco
de borco
sob a lua.
J. C. Brandão
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