ÚLTIMA INSPIRAÇÃO
Ele nasceu em uma véspera de São João; seu nome não poderia ser outro: JOÃO PETRA DE BARROS, nascido em 23 de junho de 1914.
Começou sua carreira de cantor ainda no início dos anos 30, tendo sido amigo de Noel Rosa. Assim, foi o primeiro a gravar, de Noel, "Até Amanhã" e “Feitiço da Vila”.
Foi ainda o lançador de "As Pastorinhas", ainda com Noel vivo, mas que nessa ocasião não fez sucesso.
A música recebeu de Noel o nome de "Linda Pequena"; posteriormente, Braguinha, co-autor da composição, modificou a letra dos primeiros versos, mudou seu título de "Linda Pequena" para "As Pastorinhas", deu a Sílvio Caldas para gravá-la (em 1938) e é sucesso até hoje, sucesso que Noel ( falecido em 1937) não conheceu.
Petra também foi o primeiro a gravar "Última Inspiração", de Peterpan, que vinha a ser cunhado de Emilinha Borba.
ÚLTIMA INSPIRAÇÃO
Eu sempre fui feliz, vivendo só sem ter amor,
Mas o destino quis roubar-me a paz de sonhador
E pôs no sonho meu um olhar de ternura
De alguém que, mesmo em sonho, roubou minha ventura
Sonhei com esse alguém noites e noites sem cessar
Por fim, alucinado, fui pelo mundo a procurar
Aquele olhar tristonho da cor do luar
Mas tudo foi um sonho, pois não pude encontrar
Mas na espinhosa estrada desta vida, sem querer, um dia
Encontrei com esse alguém que tanto eu queria
Esse alguém que, mesmo em sonho
Eu amei com tanto ardor não compreendeu a minha dor
Fui inspirado então na ingratidão de quem amava tanto
Que fiz esta triste valsa, triste como o pranto
Que me mata de aflição, bem sei que esta valsa será
A minha última inspiração.
De seu repertório constam, ainda: "Santo Antônio Amigo"; “Bonequinha de Veludo"; "Teatro de Revista"; "Flor do Lodo"; "Rosa de Veludo" ...
Nos tempos dos bondes (dos quais temos saudades, mas que devemos recordar que não eram tão bons assim) quando não havia lugares em seus bancos, a "moçada" viajava nos estribos, expondo suas vidas. E muitos morreram por causa disso.
João Petra de Barros, viajando no estribo de um bonde da linha “Tijuca” (66), que transitava pela Rua da Carioca, rumo a seu ponto final na Praça 15, teve uma de suas pernas esmagada entre o bonde e um caminhão estacionado naquela rua.
Resultado: teve de amputá-la.
Nunca mais foi o mesmo.
Afastou-se de suas atividades; caiu em depressão e, em 10 de janeiro de 1947, com apenas 32 anos, amargurado, pôs fim à sua vida terrena.
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