Aguardo o exame de vista.
Sei que enxergo nuvens
e flores no lugar de gente
e fantasmas pendurados
no varal do banheiro.
Mas nada grave.
Nuvens e flores lembram-me a infância.
O vento quando balança as camisas molhadas
os fantasmas fogem.
Escolherei uma armação cor das asas da minha andorinha.
Meio marrom, creme, café com leite.
Vou colar a foto do biquinho dela na lente.
Dormirei de óculos.
A minha andorinha é muito louca
certamente há de querer entrar nos meus olhos.
Dizem que são os olhos as janelas da alma.
Pra que janelas se o sol quando bate
é engolido pelas minhas botas?
Aguardo o exame de vista.
Sei quando lanço o olhar
contra a calçada eu queimo
a folha seca e a lagartinha.
Não sou um facínora.
Mas sempre que lanço o olhar
contra a calçada eu queimo
uma folha seca e a lagartinha.
Talvez seja por isso
que ao ouvir os meus passos
descendo a escada o vento assobia
e correm apressadas todas as folhas secas
e todas as lagartinhas pro outro lado da rua.
E se for preciso uma cirurgia?
Um implante?
Bato o pé pelos olhinhos miúdos
da minha andorinha [sei que só vou
levar as córneas]
Meu Deus, como sou egoísta.
Não pensei na minha andorinha.
Por aí de galho em galho e fios de alta tensão
com os olhos enfaixados a lamentar o infortúnio
de haver se apaixonado por um poeta.
Por um poeta quase cego.
Sei que enxergo nuvens
e flores no lugar de gente
e fantasmas pendurados
no varal do banheiro.
Mas nada grave.
Nuvens e flores lembram-me a infância.
O vento quando balança as camisas molhadas
os fantasmas fogem.
Escolherei uma armação cor das asas da minha andorinha.
Meio marrom, creme, café com leite.
Vou colar a foto do biquinho dela na lente.
Dormirei de óculos.
A minha andorinha é muito louca
certamente há de querer entrar nos meus olhos.
Dizem que são os olhos as janelas da alma.
Pra que janelas se o sol quando bate
é engolido pelas minhas botas?
Aguardo o exame de vista.
Sei quando lanço o olhar
contra a calçada eu queimo
a folha seca e a lagartinha.
Não sou um facínora.
Mas sempre que lanço o olhar
contra a calçada eu queimo
uma folha seca e a lagartinha.
Talvez seja por isso
que ao ouvir os meus passos
descendo a escada o vento assobia
e correm apressadas todas as folhas secas
e todas as lagartinhas pro outro lado da rua.
E se for preciso uma cirurgia?
Um implante?
Bato o pé pelos olhinhos miúdos
da minha andorinha [sei que só vou
levar as córneas]
Meu Deus, como sou egoísta.
Não pensei na minha andorinha.
Por aí de galho em galho e fios de alta tensão
com os olhos enfaixados a lamentar o infortúnio
de haver se apaixonado por um poeta.
Por um poeta quase cego.
Um comentário:
Ai, que delícia!
Ai, que saudades !
Um abraço apertado, Domingos, por todos os dias perdidos.
Depois leio o poema. Desta vez sua presença chegou antes da poesia.
Postar um comentário