por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 7 de abril de 2011

" O Baile da Saudade "


Era o Baile da Saudade. As roupas, os penteados, as gírias, tudo estava como ditava a moda da época. O salão estava iluminado com a presença dos grandes ídolos. Os Românticos de Cuba deram início à festa, lembrando aos amantes que só se ama “Solamente Una Vez.” Bievenido Granda cantou “Total”, e um “Perfume de Gardenia" impregnou todo o salão.


Miguel Aceves Mejia, apesar de ter “Alma de acero” sofria e gritava ( ui, ui, ui )“A Los Cuatro Vientos -Dejen que el llanto me bañe el alma Quiero llorar, traigo sentimiento” .


Aproveitando aquele clima nostálgico, Agustin Lara aproveitou para perguntar a Maria Félix : Acuerdate de Acapulco, de aquellas noches, Maria Bonita, Maria Del Alma...” Mas ela não respondeu.


Lucho Gatica, em seguida, tranqüilo e sereno, com voz suave e melodiosa, fez questão de cantar as suas dúvidas : “Sabrá Dios, si tú me quieres o me engañas...”. Lá, num cantinho, escondido, Roberto Yanez, resolveu aparecer, e tentou mais uma vez,convencer a sua amada Que te quiero, Sabrás Que Te Quiero, cariño como este jamás existió...” Muitos achavam que ele imitava o Lucho, mas não, ele apenas tinha uma voz tão ou mais linda que a dele.


Enquanto isso, Pedro Vargas, implorava “Desesperadamente”: “ Ven, mi corazón te llama...”. Também fez questão de lembrar que “Un viejo amor no se olvida ni se deja...” e como bom crente que era, suplicou na “Oración Caribe" :piedad, piedad para el que sufre,piedad,piedad, para el que llora...”


O Trio Los Panchos indiferente ao sofrimento alheio, apregoava: “Me voy pa Pueblo hoy es mi dia voy alegrar todo el alma mia...” Joselito, El Pequeno Ruiseñor, era o mais novo, mas também estava contagiado com tanto sofrimento, e aproveitou pra perguntar: ““¿ Donde estará mi vida, por que no vienes…?”


Libertad Lamarque, não satisfeita com tanto “dois pra lá, dois pra cá”, antes de deixar o baile aconselhava “...No llores amor mio, la gente está mirando, Bailemos esse tango, el tango del adiós ...”


Eis que de repente, as atenções se voltaram para um estranho no ninho. Era Nat King Cole e aquele sotaque encantador, que inconformado, repetia “ Siempre que te pregunto,que cuando como y donde,tu siempre me responde “Quizás, quizás,quizás “.E logo em seguida,confessava : Quero chouruar,no tenho lágrimas,que me roulem na face pra me socouruer...”


O salão ficou em silêncio por alguns instantes,até que, ouviu-se uma voz...aquela voz cheia, potente e vigorosa que cantou, encantou e preencheu de sonhos e fantasias o meu mundo adolescente...

Dos almas que en el mundo había unido Dios

Dos almas que se amaban eso éramos tu y yo

Por la sangrante herida de nuestro inmenso amor

Nos dábamos la vida como jamás se dió

Un día en el camino se cruzaban nuestras almas

Surgió una sombra de ódio que nos aparto a los dos

Y desde aquel instante mejor fuera morir

Ni cerca ni distante podremos ya vivir

ni cerca ni distante podremos ya vivir

Era a voz de Gregório Barrios com Dos Almas, que me convidava para deixar o Baile, e me despertou daquele sonho.


Recado : Só quem ouviu, cantou, dançou, sonhou e viveu as músicas aqui citadas, pode participar do Baile da Saudade.


Corujinha Baiana ( 30 de agosto de 2009 )

2 comentários:

socorro moreira disse...

Que maravilha!
Fecho os olhos e danço...
- Ausência perdoada!
sorrindo...

Amamos você, minha amiga!

Aloísio disse...

Corujinha,

Que baile bom, eu 'tava' lá.

Abraços
Aloísio