"Sussuruídos"
O Mestre fala no silêncio.
Quem vive no silêncio, se torna Mestre!
Pingos na calçada
Lama no caminho
E agora, destino?
Traça e transforma
a vida, em fados!
Antes da comunhão,
Voltamos à mesma estação...
Roda da fortuna
Giro cármico
No silêncio que grita
Faço as tuas malas
Nem a rosa, nem o cheiro...
Só o jardim das lembranças!
A praça é do mesmo jeito
Do meu tempo de criança
Cheirinho de filhoses,
Batata frita e pipocas
Bancos ocupados...
Uns namoram,
Outros passeiam a vista,
Enquanto a Igreja chama!
Chama de velas
Toques de sino
Almas benditas...
Dia árduo
Dia passado
Hoje é vindouro
Bem vindas todas as garças!
Dunas, dunas...
Ventos, Aracati...
Canoas partidas
Metades de luas
Sóis inteiros
Zoom viajante
Faz calor
Teu canto
perto de mim resfriou.
Tudo fora de área
Desfolho margaridas?
Caminho a esmo?
Estrada seca
Vagueia meu olhar
Fala meu coração
Engole canção
Como se fosse ostra
As luas se fazem novas e cheias
Rugas se fazem, na expressão do desgosto.
Aonde me acho, quando a preguiça me deita no leito?
Queria um poema que falasse do nada
Do amor curado, do beijo saciado.
Da noite festiva, num dia cansado.
Da rua vazia e triste
Dos carros que não passam
Das horas que se arrastam
Do teu cheiro de mato
Do teu olhar de gato
Do mel que engarrafaram
Do gênio...
Que não cumpriu seu mandato!
Queria um pouco de frio
No lençol que me acoberta
Um pouco de vento
Na cortina da janela
Unicidade e paz
Na pergunta sem resposta...
O sono é indutivo
O coração é dedutivo
Os sentimentos calam por timidez
Ou medo das contradições?
Um pingo de gente
Encharca meu coração .
Nosso amor capotou na curva da incompreensão
Nosso caminho ainda terá chão?
Aquietei-me, numa ausência sem recados!
Tudo é incerto
O novo com cara de velho
O ar com cheiro de rosas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário