por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 17 de março de 2011

O tempo João Marni


No engatinhar da raça humana, a noção de tempo limitava-se à observação do movimento das estrelas ou à intensidade do brilho solar. Passaram-se muitas luas e muitos sóis até que as civilizações aprendessem a identificar no tempo as estações do ano. Séculos se foram até a teoria da relatividade de Einstein e a precisão suíça dos relógios. Mas o que nos fascina mesmo e o que nos motivou a escrever essa crônica, é o tempo como lenitivo, intervalo do refluxo das marés, qual na canção COMO UMA ONDA, de Lulu Santos: - “... nada do que foi será igual ao que a gente viu há um segundo/ tudo muda o tempo todo no mundo”...

É esse tempo que age como bálsamo, alívio na grande dor da perda. Que enxuga nossas lágrimas e nos tira da desolação no amanhã. Traz de volta a cor rosada e o semblante alegre à mãe que chorou ontem, faz-nos esquecer um desafeto e tranqüiliza nossa alma após sepultarmos os entes queridos. Diminui nossas culpas, se as tivermos; pede carona ao passado e lá, amigo da memória, permite que abracemos nossos bons momentos e que reflitamos sobre nossas distorções da vida.

É o apagador do quadro negro das nossas dores. Somos o antes no agora. O passado a onda já lavou e levou. Hoje é o grande momento. Deus não retirou o sol, a lua nem as estrelas, quando perdeu, feito homem, seu astro maior. Não deixou na escuridão os outros filhos. Com o tempo perdoou-nos, sob uma condição: que ficássemos à deriva, tal barcos desmastreados, quanto ao terceiro estágio do tempo, que só a Ele pertence – o futuro, a outra ponta do elástico do Khronos. Daí a verdade na expressão popular, de que “o futuro a Deus pertence”.

É a casa onde mora a grande dúvida do homem. Pode ser o céu, pode ser o inferno. Somos meros arrogantes, infinitos apenas no nosso breve tempo!

2 comentários:

Marcos Barreto de Melo disse...

João Marni,

Seu texto é bonito e nos leva à uma reflexão sobre a nossa passagem terrena.

Grande abraço,

Marcos

socorro moreira disse...

Belíssimo texto.

Quem conhece o autor sabe o quanto ele é verdadeiro!

Abraço: amigo e escritor!