por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 22 de janeiro de 2011

Um Bonsai de Casa por João Marni



Pelo menos por três vezes, vi cada um deles: “O pai da noiva” e “ Casamento grego”. Comum aos dois filmes, a alegria em família e a camaradagem, especialmente a dedicação do genitor pela filha única.
Ao final, em ambos, uma festa espetacular de casamento. Hilariantes. No segundo fiquei mais emocionado, pois o velho grego tirou do envelope a certidão de compra de uma casa para o casal. Vizinha à deles! É o que seguramente faria, se pudesse. Moraríamos todos num condomínio em família. Alguém poderia argumentar que proximidades assim não dão certo, e tal... Mas acho que discordâncias e até confusões são melhores trabalhadas, entendidas e resolvidas em consangüinidade. Ainda não consegui essa que seria mais uma das minhas realizações; mas espere! Estou começando! Minha neta Maria Alice havia pedido a mim uma casa de bonecas. Num desses lances de pura sorte, nossos amigos Maurílo e Lôra iriam se desfazer de uma. Fiquei com o melhor que havia dos escombros, desmontada a casa com muito zêlo. Cuidei de escolher o local da construção no nosso jardim, após as discussões de praxe com a avó.
Estou de férias nos primeiros quinze dias do ano novo e a maior parte desse tempo vou dedicar à construção da casa de Maria Alice. Já comprei e instalei a “piscina” da sua morada quando aqui vier em folguedos, porque duvido que ela queira sair: Uma caixa d’água de 250l enterrada até próximo à borda. Seu novo endereço terá cerca de 13m² de um só vão, onde poderá brincar de dona de casa e de professora. Espero que repreenda bem seus bonecos quando esses não lhe obedecerem enquanto mãe de fantasia, e que grite quando seus alunos não estiverem atentos aos seus ensinamentos. Afinal, deixar rolar é dar oportunidade para o arrependimento, no choro depois, na casa grande.
Uma janela e porta na frente, com duas outras janelas, uma em cada lateral. Um luxo! Que cresça assim, feliz da vida, com tantos mimos. Caiu no terreiro certo. Que estude e seja gente grande e independente, e que lhe cause espanto e indignação o que os homens públicos fazem com as pessoas que moram em barracas improvisadas, de paus e lonas de plástico, negras feito os corações daqueles.
Que peça a Deus que me perdoe por esse excesso. É que amo muito a meus netos, presentes e futuros, e nada é caro para a visão do paraíso no sorriso deles. Deus é avô? Se for, estou perdoado.


Crato, 01.01.2011
João Marni de Figueiredo.

2 comentários:

socorro moreira disse...

Perfeito !
Quem pode faz.Quem sonha pode.
Estou esperando o chá de panelas da Maria Alice e suas bonecas. Ela terá também a cumplicidade dos amigos da família ( os aderentes!).

Abraços em todos, família querida !

Stela disse...

João Marni,

Pra mim este teu texto é um dos mais belos e amorosos que tenho lido. Você faz uma casa para Maria Alice brincar, criar seu reino, educar suas bonecas e, assim, ter um espaço para seu próprio aprendizado e crescimento. Muito amoroso e muito construtivo.

Simbolicamente, a casa significa o ser interior, simbolizando os diversos estados da alma. É também um símbolo feminino, pois que significa refúgio, mãe, proteção.
É muito bom que Maria Alice cresça absorvendo isso, tendo bem firme o alicerce do seu ser interior.
Abraços carinhosos pra toda família