A “PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR” – José Nílton Mariano Saraiva
Preparar-se antecipadamente, focando principalmente
os aspectos psicológico (ocupação do ocioso tempo disponível) e financeiro
(capacidade de atendimento às novas demandas), sob pena de não o fazendo, à
frente colher frustrações e desenganos mil, eis aí a tarefa prioritária dos que
rompem as amarras do vínculo empregatício e se aposentam após anos e anos de
labuta diária, almejando, a partir de então, compreensivelmente, o “aproveitar
a vida” com intensidade, qualidade e sem pressa.
Há, no entanto, alguns óbices a serem vencidos: 1) em razão do “teto-limite”
estabelecido pelo Governo Federal (INSS) para o “benefício previdenciário”
jamais equiparar-se à remuneração percebida por aqueles que têm uma renda um
pouco mais expressiva que o salário mínimo, corre-se o risco de “sobrar dias ao
final do mês” (ou seja, faltar grana pra pagar as contas); 2) como o índice de
reajuste desse mesmo “benefício previdenciário” já se nos apresenta defasado há
bastante tempo, não guardando consonância com os índices de reajuste dos preços
dos produtos em geral, torna-se evidente que a remuneração do aposentado
brasileiro experimenta dia-a-dia um corrosivo desgaste ou achatamento, via
diminuição do seu poder de compra; e, 3)
por consequência, fica ele impossibilitado de levar uma velhice serena, tranquila
e sem problemas, como mereceria (e aqui, os maldosos e gozadores sociólogos de
plantão se aproveitam para, num misto de ironia e sarcasmo, cunhar a expressão
“melhor idade”, ao se referirem ao período pós laborativo - a aposentadoria).
Pois é exatamente nesse estágio que se destaca, por fazer a diferença em favor
dos que dela fazem uso, a tal “PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR” (gerenciada
pelos chamados Fundos de Pensão) que tem por objetivo a fundação de
reservas para benefícios futuros e (como o próprio nome sugere) possibilita um
necessário “complemento da renda” aos seus usuários (para se ter uma ideia
da defasagem, normalmente o “benefício complementar” é maior que o “benefício
previdenciário”).
A questão é tão importante, que o próprio Governo Federal trata de propagar e estimular
a adesão aos Fundos de Pensão (principalmente nas empresas estatais), tendo em
vista a sua pujança e capacidade de indução na formação de uma sólida poupança,
assegurando um grande volume de recursos internos (a custos baixos e de longo
prazo), adequados ao financiamento de obras estruturantes pelo setor público;
isso aquece a economia, estimulando a geração de emprego e renda (só pra
exemplificar, a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, é
hoje um dos principais parceiros do Governo Federal em obras de grande vulto).
Só que, apesar de tal estímulo governamental, no Brasil como um todo os números
poderiam ser bem mais alentadores, tendo em vista que a previdência complementar fechada brasileira é composta por
277 entidades e o total do patrimônio administrado ultrapassa a R$ 1,19 trilhão,
correspondendo a razoáveis 12,0% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Se, entretanto, compararmos tais números aos de outros
países, vamos perceber que ainda engatinhamos no manuseio e uso efetivo de tão
importante ferramenta econômica, a saber: na Holanda o montante atingido
representa 110% do PIB e em países como o EUA, França, Inglaterra, Espanha,
Canadá e Japão o volume desses recursos chega a 60% dos PIBs respectivos.
No entanto, como o rincão é promissor e de retorno garantido para quem nele
investir, a esperança é que as campanhas educativas sobre, surtam o efeito
desejado, possibilitando uma maior adesão dos empregados vinculados às empresas
particulares a essa nova realidade, de forma que a PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR cumpra com os seus dois nobres objetivos sociais: 01) complemente
o ganho dos que se aposentam, possibilitando-lhes uma melhora na qualidade de
vida; e, 02) atue como forte indutor do
processo desenvolvimentista do país, aliando-se ao governo no atendimento aos
grandes projetos geradores de emprego e renda.
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