Passado algum tempo e ainda não fechei a conta que abri para
logo a seguir a preguiça e o visgo da rotina me afastar. Ela se encontra lá,
nunca a fechei, para meu azar, pois amigas, amigos e parentes se propõem a ser
parte e nunca respondo. Corro o risco de me quererem mal.
Falo do Facebook.
E foi assim que me dei conta de quanta gente saiu dos blogs
e se refugiou no Instagram, Face, Twitter e outras facetas. Mas por pura
comodidade continuei por aqui. Além da preguiça de retornar ao Face e fechar a
conta que nunca usei.
E por isso corro o risco de Tia Almina não tomar conhecimento
que hoje lembrei dela. Que é um daqueles pilares que mantem a nossa coerência
com a própria história. E que não são apenas saudades.
Tia Almina é como o relevo da Chapada do Araripe, o leito do
Rio Batateira, a feira do Crato, as passadas pela Rua Dr. João Pessoa, as
inúmeras casas de uma história derrubada, uma a uma, para se transformar em
enormes prédios comerciais. Com suas Macavis e outras fachadas da bolha
imobiliária.
Mas se derrubam e erguem outras paredes, surge como marca da
realidade a sombra irremovível de uma narrativa permanente. Como afeto, como
uma margem que configura o lago ou como as águas do lago que enverdece de vida
a paisagem.
Como marco do inesquecível, há pouco mais de 25 dias, estava
num restaurante em Fortaleza entrevistando um dos ícones do forró cearense dos
anos 70 e 80. E durante a conversa sem que ele soubesse das minhas ligações
afetivas, mas sabendo-me cratense, ele fala de Maria Alice e Dr. Alfredinho.
E de repente as marcas da permanência tomaram a minha
atenção. Naquele momento todo mundo sentou-se comigo, Maria Edite, Joaquim, Zé
Almino, Mélia, Bida, Tóin, Alfredo, Maria José, Everardo, Ciano, Fernando,
Maria Benigna, Ana, Zé, Gusto, Guel, Marcos e Maurício, Nena, as perguntas
infindáveis de Lula então criança.
Tio César, o primeiro entre irmãos, aquele que pelo riso
silencioso, enquanto algo de incomum eu fazia naquele destrambelhado do
aprendizado da vida, deu-me uma imagem imanente deste mundo. E uma imanência
que supera os pontos finais de qualquer período.
Assim como os textos de José Saramago, sem pontos finais:
Tio César na companhia de Tia Almina. Não lembro deles separados. Como tia
Almina hoje é indissociável da vida de todos nós.
E na entrevista, no restaurante Caravelle, perto do
aeroporto Pinto Martins o forrozeiro Messias Holanda falava de suas andanças
desde que saiu de Missão Velha onde nasceu. Que em criança morou com Dona Maria
Alice e Dr. Alfredinho na companhia da mãe que trabalhava para a família.
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