Conte aí. On
the Avenue, filme musical de 1937. Os Estados Unidos da América estavam
no centro da recessão. Os ricos eram o móvel do sofrimento dos desempregados e,
ao mesmo tempo, os especuladores de Wall Street os grandes responsáveis por
dramáticas histórias.
Então o que acontece após Mimi Carraway e sua família serem
alvos do esquete, especialmente mais agressivo, cuja suposição era
responsabilidade de Gary Blake? E considere que tudo isso aconteceu após um
idílio amoroso, no banco mais procurado pelos namorados do Central Park. Aquele
banco onde se via a lua melhor.
Mimi Carraway arquiteta a vingança e revela a sua intenção,
sem dizer como, para a tia. Enquanto isso no escritório do produtor principal
do show corre um nervosismo consequente. Os produtores agora sabem que podem
ser processados pela família Carraway. Podem perder tudo e este fora o melhor
show da produtora. O advogado da produtora chega e aumenta mais ainda a
angústia da ameaça iminente.
A porta do escritório se abre e a secretária entra nervosa.
Avisa ao chefe que Mimi Carraway está entrando. E ela entra com a energia de
quem pode tudo. Ele, mesmo sem que ela pergunte, diz que não os pode
processá-los. Ela diz que sim e que pode arrancar até o último centavo. Eles
sabem que sim. Começam a falar sobre acordos.
Ela diz que não tem acordo e o que vai fazer é comprar o
show. Imediatamente passam à composição do preço, o cheque é assinado, os
chefes saem e o restante da produção fica trabalhando para Mimi. Que
imediatamente começa a tomar providências.
Manda contratar trezentas pessoas entre o povo, recebendo
ingressos para o show. Telefona a todas as colunas de jornais para que cheguem
ao show pois haverá novidade. Convoca os Ritz Brothers ao escritório. Toma mais
algumas providências subentendidas e parte para a noitada especial. Especial
para os produtores pois nenhuma alteração do show foi anunciada aos atores (a
não ser aos Ritz Brothers).
O show
começa com Mona Merrick (Alice Faye) cantando Slumming on Park Avenue. Prestem
atenção ao molho no canto de Mona e à coreografia. Ela toda é uma gozação aos
ricos. Especialmente acompanhem a sequência em que Alice Faye dá uns passos de
dança todos desengonçados, sem estilo de classe e mais à frente estes mesmos
passos se tornam um belíssimo movimento.
Vamos lá favelizar, tome-se uma favelização
Vamos favelizar na Park Avenue.
Vamos nos esconder atrás de óculos extravagantes
E fazer caretas quando um membro das altas rodas passar.
Vamos cheirando o caminho onde eles andam
Farejando tudo que eles fazem.
Vamos adiante, eles fazem isso, por que não podemos também?
Vamos favelizar, nariz pedindo carona na Park Avenue
Vamos cheirando onde eles estão habitando
Farejando tudo do jeito que eles fazem
Vamos lá, eles fazem isso, por que não podemos fazê-lo
também?
Vamos favelizar, nariz empinado na Park Avenue.
Como aconteceu com todas as músicas de On the Avenue, a
Slumming on Park Avenue também foi gravada por muita gente. Em vários ritmos:
fox-trott, swing, um tom mais jazzístico.
Escute esta versão em fox-trot com Ray Noble and his
Orchestra.
Slumming on Park Avenue - Ray Noble and His Orchestra
Agora uma versão swing:
Slumming on Park Avenue - Charlie and His Orchestra
E por último esta versão de Pegy Lee e do ator americano
Jeff Chandler, uma surpresa ao cantar, sempre fazendo papel de homem durão,
como cowboy, militar na segunda guerra, embora tenha feito comédias também.
Slumming on The Park Avenue - Pegy Lee e Jeff Chandler
Então, retornando ao roteiro do filme musical On the Avenue.
Agora entra a primeira maldade de Mimi Carraway com Gary Blake. Assim que Mona
Merrick sai do palco, os Ritz Brothers fazem uma versão debochada do Slumming
on Park Avenue. Acompanhem.
Slumming on the Park Avenue - Performance Ritz Brothers
O clima de mudança no show está construído. Gary Blake entra numa paisagem parecida com os alpes europeus, com uma linda mulher e canta para ela aquela mesma canção que cantou no Central Park para Mimi Carraway (You´re Laughing at Me e até no título da canção já tem ironia). Gary todo embevecido em seu número quando a atriz começa a demonstrar ares de preocupação.
Quando Gary olha para a plateia, parte substantiva está
deixando o teatro (aqueles trezentos contratados por Mimi). O clima vai ficando
pesado para a performance de Gary e ele vai se perdendo. O clima vai ficando
pesado para a performance de Gary e ele vai se perdendo. A câmara foca Mimi
Carraway com seu assistente, acompanhando espetáculo no balcão e o que se vê
são olhares tristes e arrependidos. Afinal tudo é encerrado,
grosseiramente, com a entrada dos Ritz Brothers fazendo uma tremenda gozação
com a música russa Olhos Negros.
You Laughing at Me - Dick Powell e Slumming on The Parke Avenue - Ritz Brothers
No dia seguinte Mimi Carraway se encontra no escritório da produtora quando entra Gary Blake, empurra a cadeira de Mimi, abre a gaveta da mesa do escritório, retira o seu contrato e o rasga. Criou-se, então, a ruptura final do amor entre os dois. Cada um para o seu lado. Nos jornais a grande notícia: Mimi Carraway irá se casar com o explorador.
No restaurante frequentado pelos artistas da Broadway, Mona
Merrick, sozinha numa mesa, janta. Nisso olha para a porta e vê um Gary Blake,
abatido, perdido sem saber bem o que fazer, mas procurando a companhia de
alguém. Descobre Mona e se dirige até a mesa. Chega tentando fazer ares alegre,
mas logo em seguida entra em depressão.
Para tentar mostrar o que não está sentido, desperta e pede
um champanhe para os dois. Mona fica observando aquela triste cena. Logo que o
dono do restaurante se afasta, Gary volta ao seu ar perdido, partido pequenos
pedaços de breadsticks que acompanha o couvert.
Mona olha aquela tristeza e diz: eu sempre soube que você não era um bom ator.
Agora tenho certeza.
No dia seguinte, Mimi Carraway, com ar de enfado e sem
vontade de prosseguir se prepara para a cerimônia do seu casamento que será na
própria mansão. O noivo, com seu ar esnobe, diz para os amigos que gostaria que
a lua de mel fosse no polo norte. Faz tipo para quem o rodeia. Mimi, se deita
na cama e pede uma taça de champanhe. Atrapalha quem lhe arruma, mas não liga.
Nisso Mona Merrick invade seu quarto e ambas ficam face a
face. Mimi desafia Mona a dizer o que viera fazer ali. Mona diz que fará algo
que não gostaria. Revela que a piora do esquete foi tudo armado por ela, sem o
conhecimento de Gary. Mimi pergunta a razão disso tudo. Mona responde: o que
uma mulher não faz por amor. Mimi, então, angustiada percebe o seu erro. Mona
vai embora.
Começa a cerimônia. O explorador entra rodeado pelos amigos
e desfila entre os convidados. Em seguida vem Mimi com seu pai ao som da marcha
nupcial. O ar de Mimi é de total inconformismo. Olha para os lados e para trás,
parece querer fugir. Em seguida, a cena troca para a tia de Mimi, numa sala
contígua à de cerimônia, com uma orquestra de Jazz. Dirige os músicos de Jazz e
recomenda que toquem bem alto. Então eles tocam abafando a marcha nupcial.
Fica uma perplexidade no salão. O pai de Mimi se descuida e
ela foge da cerimônia. Ele vai atrás. A tia abre uma porta e o pai entra. Em
seguida ela fecha o irmão por fora e o deixa com os enormes cães de Mimi que os
rasgam todo. Quando, finalmente, saí, todo rasgado, Mimi já havia fugido.
Entra no carro para a fuga. Logo em seguida Gary Blake,
fantasiado como o pai dela, também senta-se ao lado. Ela pergunta para onde
vão. E ele responde: para prefeitura casar-se. Mimi o reconhece e o romance se
confirma.
Como é um romance com um tom de crítica. Leve, até mesmo
doce e conciliador de classes, o filme termina com todo mundo comemorando o
casamento no vagão de trem transformado em restaurante. Mimi e Gary Blake
brincando com o dono do restaurante, a tia com seu professor de trapézio, os
Ritz Brothers e Mona com o pai de Mimi. É a cena do famoso:
THE END.
3 comentários:
Não sei o que acontece. Talvez o google tenha bloqueado os vídeos. Mas aqui no meu computado não consigo mais vê-los.
Ontem quando abri o meu computador todos os vídeos da postagem estava fora do ar. Até hoje pela manhã examinei noutra máquina e ocorria o mesmo. Numa postagem que fiz no Cariricult, a mesma coisa. Agora não sei a razão tudo retornou (inclusive ontem os vídeos de todas as postagens que fiz sobre On The Avenue tinha caído). Como agora voltou, resolvi atualizar a postagem com todos os vídeos.
NAQUELE TEMPO O PRECONCEITO MUSICAL ERA IRRELEVANTE.OUVÍAMOS RÁDIO 24 H, E TÍNHAMOS POUCOS DISCOS EM CASA.RESULTADO: APRENDÍAMOS TUDO, E A MOÇADA DA ÉPOCA ADORAVA DANÇAR.
CURTI CARLOS ALBERTO, ORLANDO DIAS, ALTEMAR, OS SERESTEIROS, A JOVEM GUARDA....
A MÚSICA QUE EDUCOU NOSSOS OUVIDOS FORAM OS CLÁSSICOS, AS TRILHAS SONORAS DOS FILMES, E A MPB ,COM A CHEGADA DOS FESTIVAIS. Depois NOS APAIXONAMOS PELO JAZZ,BOSSA NOVA E A MÚSICA INSTRUMENTAL .A MÚSICA MAIS BELA DO MUNDO É A BRASILEIRA, MAS AMO A BOA MÚSICA DE QUALQUER PAÍS DO MUNDO.
JÁ DANCEI E CANTEI WALDICK SORIANO, MUITAS VEZES.POR QUE NÃO?
TENHO HOJE PRECONCEITO.È O PESO DA IDADE QUE NOS TORNA INTOLERANTES?
NÃO GOSTO DA MÚSICA ATUAL, QUE ENVOLVE DUPLAS SERTANEJAS, PAGODE, AXÉ, FORRÓ ELETRÔNICO... COM RAÍSSIMAS EXCEÇÕES.
ZÉ DO VALE TEM SIDO MUITO FELIZ NAS SUAS POSTAGENS MUSICAIS.ENCANTOU-NOS COM TODAS!
É UM TRABALHO CAPRICHOSO DE PESQUISAS, ADEQUADAMENTE ILUSTRADO COM CANÇÕES PERTINENTES.
PARABÉNS, MEU SENHOR!
SOCORRO MOREIRA
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