por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 11 de janeiro de 2015

TÊNUE E PERIGOSA FRONTEIRA - José Nilton Mariano Saraiva

A priori, e com absoluta convicção, que fique bem claro: assim como meio mundo e a outra banda pensa, também entendemos como vil, inadmissível e covarde, sob qualquer ângulo que se observe, o atentado ao jornal francês (e as mortes daí decorrentes).

No entanto, e já que a questão está posta à mesa, bem que se poderia aproveitar a ocasião para tentar esclarecer dúvidas ou questionamentos pertinentes: afinal, qual o alcance desse tal “direito de expressão” ou “liberdade de imprensa”  ??? Não haveria aí uma certa “subjetividade” caolha, um certo “excesso” de bondade, uma determinada e indesejável “liberalidade”, para com os integrantes de tal segmento ???

Ou o “agredir”, “desonrar” ou “injuriar” publicamente se enquadraria em tais conceitos ??? O “enxovalhar” com outrem, em razão de divergências político-religiosa-cultural, poderia ser considerado algo “normal”, “direito” ou “permissível” ??? A tentativa de incitar terceiros  contra uma determinada instituição, cultura ou crença (e a imprensa tem esse poder, sim), se enquadraria como “aceitável”, mesmo que através de “inocentes” (?), mas, paradoxalmente, ácidas e auto-explicativas “charges-(pseudo)humorísticas” (?) como restou comprovado ser a característica marcante do Charlie Hebdo ???

Não custa lembrar (guardadas as devidas proporções), que por essas bandas algo parecido (na essência) aconteceu recentemente, quando o panfleto da Editora Abril (a revista ÓIA-Veja) antecipou o lançamento de sua edição semanal para manchetar em capa (sem que houvesse nenhuma prova comprobatória) que “Lula e Dilma sabiam de tudo” (sobre os malfeitos da Petrobras). E não só os brasileiros como todos com um mínimo de neurônios consideraram tal iniciativa um autentico “jogo sujo”.

Assim, repetimos a fim que dúvidas não pairem e/ou julgamentos precipitados sejam externados: em sã consciência ninguém é favorável a que qualquer ser humano seja “executado” de forma violenta e covarde por essa iniciativa (falta de respeito a instituições, crenças ou pessoas, literalmente), mas, não seria o caso de se pensar duas vezes (o “escriba”,  lá na origem, quando com o papel à frente e a caneta à mão) antes de tentar “descredenciar de graça e irresponsavelmente” um presumível “adversário” ???

Afinal, se no Ocidente veneramos um ser superior a quem denominamos “Deus” e a ele exigimos respeito, por qual razão lá no Oriente as pessoas não podem venerar e exigir respeito ao “seu” ser superior, denominado “Maomé’ ??? Como aceitar seja ultrajado, gratuitamente ???

Juntando as pontas, a verdade é que é perigosamente imperceptível (sob qualquer ótica), a fronteira entre o “poder” teoricamente albergado no tal “direito de imprensa” ou “liberdade de expressão” e a convivência pacifica de povos de “credos díspares” ou “culturas antagônicas” (até porque os fundamentalistas são, na acepção plena do termo, isso mesmo, fundamentalistas; e, pois, jamais abririam mão dos seus princípios, por mais que os consideremos radicais).   

Assim, embora a comoção que tomou conta de todos (insuflada pela imprensa, sim) com o ocorrido em Paris, seja de certa forma compreensível (afinal, Paris é Paris), também deveria servir de uma séria reflexão sobre os “excessos” do “quarto poder” (a imprensa), antes que dele nos tornemos reféns. A propósito, aqui em Fortaleza, no bairro denominado Bom Jardim, todos os dias uma “carrada” de gente é fuzilada sumariamente e sem piedade, sem que a imprensa repercuta (afinal, assim como Paris é Paris, Bom Jardim é Bom Jardim e... estamos conversados).

Alfim entendemos que antes de adentrarmos e bradarmos tratados sociológicos ou coisa parecida, a respeito, urge que nos questionemos seriamente sobre essa tênue e perigosa fronteira: afinal, qual o alcance desse tal “direito de expressão” ou “liberdade de imprensa”  ??? Seria o mesmo que os “anarquistas” usam para exigirem “democracia”, quando dos seus excessos em manifestações ???

Mas... anarquia e democracia por acaso têm alguma semelhança uma com a outra ??? Não são amazônica e diametralmente opostas ??? Como esconder-se atrás de uma para justificar a outra, se tão paradoxais ???




Um comentário:

jose nilton mariano saraiva disse...


"A morte de cada homem diminui-me, porque sou parte da humanidade. Portanto, nunca procure saber por quem os sinos dobram; eles dobram por ti".

(John Donne)