por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
A gente se encontra em 2015.Vida feliz para todos!
Ano de aprendizagens,Trabalhei intensamente o desprendimento. Fiz deveres de casa. Passei de ano. Momento de reorganizar a vida. Agradecer carinho e atenções recebidas. Ficar antenada .Torcer pela prosperidade.
Com a sensação de liberdade e leveza, despeço-me de 2014.
Abraço com muito afeto os amigos do Azul Sonhado!
Com a sensação de liberdade e leveza, despeço-me de 2014.
Abraço com muito afeto os amigos do Azul Sonhado!
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Socorro e Víctor |
RÉVEILLON - José do Vale Pinheiro Feitosa
Hoje à noite comemora-se! Um intervalo de tempo. Que por
vezes adquire uma personalidade substantiva: o ano. Que assim se põe a receber
qualificativos: ruim, bom, tomara que passe, o que virá, como será o outro ano?
O Réveillon dos
franceses nos é um toque de impressão da dominância cultural. Na época em que a
França nos influenciava. E a palavra Réveillon
é uma composição de “retour a la
veille”. Ou seja, o retorno à véspera. Acordar para o novo tempo.
Neste retorno os governos do Brasil e dos Estados assumirão
um mandato eleitoral. Não é uma ruptura com o passado. É uma passagem,
projetada, do que aconteceu nestes últimos momentos do dia 31 de janeiro.
Mas, então, esta unidade organizativa, que é o ano
calendário, serve de marcação para que as remadas no barco da vida sigam um
determinado ritmo. Uma determinada velocidade. Um curso definido.
Mas é apenas organização. A vida é um contínuo de tempo se é
a ele que temos atenção. Um espaço de vida onde se faz nele o que chamamos
tempo. De modo que a contagem é mera ilusão, enquanto o que fazemos, os
sentidos e significados que imprimimos, as decisões e posturas que tomamos é
quem de fato se encontra no espaço do tempo do sol.
E nesta ação, que envolve a consciência de cada um, temos o
bate pronto ou aquilo que é muito refletido, a longa decisão, pois afinal é este
intervalo entre o perceber e o agir e ele é relativo. De qualquer modo este
intervalo (se demorado ou não) e o conteúdo da ação é quem entrará no contador
da consciência de cada um.
Duas coisas são certas. A primeira: eu quero ser mortal. Num
mundo em que tudo que amo o é, porque quereria me prolongar além delas. A
mortalidade delas impregna-me de um suave caminho de igualmente seguir. Não por
vontade própria. Mas por ser o curso necessário de igualar-me a elas. E o mais importante,
mesmo mantendo a crítica ao diferente, sempre a gravidade da igualdade me
aprisionou.
A segunda: entre os próximos se encontra o desejo de
igualdade, de solidariedade, de dançar a mesma valsa da história. Não tem
sentido qualquer a pregação do socialismo, do campo da liberdade, do amor ao próximo,
se aqueles com quem dormimos e acordamos, parecem o tédio da existência.
Na pia onde as nossas escovas se cruzam, o acordar é o desejo
de viver. A seguir na sala, na cozinha e de porta a fora onde houver gente e
sentido da igualdade e da liberdade.
Assim neste contínuo entre 2014 e 2015 o desejo
maior que posso anunciar é se tenha igualdade e liberdade. Não como moeda de
valor, mas como essência desses segundos onde a capilaridade do nosso ser
acontece.
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
A fala de DILMA (transcrição)
”O saudável empenho de justiça
deve também nos permitir reconhecer que a PETROBRAS é a empresa mais
estratégica para o Brasil e que mais contrata e investe no país. Temos que
saber apurar e saber punir, sem enfraquecer a PETROBRAS, sem diminuir sua
importância para o presente e para o futuro. Temos que continuar apostando na
melhoria da governança da PETROBRAS, no modelo de partilha para o pré-sal e na
vitoriosa política de conteúdo local. TEMOS QUE PUNIR AS PESSOAS, NÃO DESTRUIR AS EMPRESAS. Temos que saber punir o crime, não prejudicar o país ou sua
economia. Temos que continuar
acreditando na mais brasileira das nossas empresas, porque ela só poderá
continuar servindo bem ao país se for cada vez mais brasileira. A PETROBRAS e o
BRASIL são maiores do qualquer problema, do que quaisquer crises e, por isso,
temos a capacidade de superá-las. E delas e deles, sair melhores e mais fortes”. (Dilma Rousseff)
domingo, 28 de dezembro de 2014
Quando Quando Quando
Música de Alberto Testa e letra de Tony Renis, "Quando Quando Quando", foi apresentada no famoso Festival de Santo Remo de 1962. O próprio Tony Renis a apresentou e gravou esta que foi o maior sucesso daquele ano na Itália.
Quando Quando Quando com Tony Renis
Esqueça a aparência. Mas as garotas como você, amava o mundo e o amor era paixão, se derretiam de emoção diante da tela dos cinemas ouvindo Pat Boone. E foi ele quem fez a versão para o o inglês de Quando Quando Quando com grande sucesso nos EUA.
Quando Quando Quando Pat Boone
No mesmo ano de sua apresentação em San Remo, Quando Quando Quando, teve uma versão Alemã cantada por Caterina Valente que também fez enorme sucesso no Alemanha.
Quando Quando Quando Caterina Valente
Quando Quando Quando teve uma versão em samba que é aqui cantada por Emílio Pericoli, aquele mesmo que encantou a moçada no dulcíssimo Al Di Lá. Escutem Quando Quando Quando ao ritmo de samba.
Quando Quando Quando - Emilio Pericoli.
Esta é uma canção do tempo. Anos mais tarde na Austrália foi feita uma versão da música para o Vietnamita. Aqui a canção por dois cantores do Vietnã, em inglês e na fronteira entre a bossa nova e um pouco de jazz. E aqui a grande lição: a humanidade não é inimiga dela mesma. E nem o ser o humano é o lobo dele mesmo. Apenas temos disputa, e se nela as nossas almas se odeiam, também se encontram. Eis o Vietnã tão agredido, tão massacrado, há não muitos anos cantando em inglês. Como Cuba o fará e os EUA também o farão em Espanhol.
Quando Quando Quando - Tuan Ngoc e Thai Thao
E existem outras versões pelo mundo, entre as quais uma com a cantora americana Connie Francis que fez muito sucesso no disco e no cinema também. Ela está no youtube
O AMOR QUE NEGA A INTERPRETAÇÃO - José do Vale Pinheiro Feitosa
Os brasileiros tomaram conhecimento detalhado do assunto
através do jornalista Fernando Morais que escreveu o livro “Os últimos soldados
da Guerra Fria.” Foram onze agentes cubanos infiltrados nos EUA para, em Miami,
vigiar os movimentos dos grupos anticastristas.
Em 1998, o FBI prendeu dez deles e um fugiu.
Dos dez restaram presos cinco, conhecidos como Lo Cinco.
Eram Antonio Guerrero Rodríguez, nascido em Miami em 1958, engenheiro
aeronáutico, poeta com 22 anos de prisão; Fernando González Llort, nascido em
Havana 1963, graduado em relações internacionais com 18 anos de prisão; Ramón
Labañino Salazar, nascido em Havana em 1963, economista sentenciado a 30 anos;
René González Sehwerert, nascido em Chicago em 1956, piloto e instrutor de voo,
sentenciado a 15 anos e o quinto é Gerardo Hernández Nordelo, nascido em Havana
em 1965, graduado em relações internacionais, caricaturista e sentenciado a
duas vezes a prisão perpetua e mais quinze anos.
É a Gerardo Hernández que o caso pertence. Originário de
família cubana humilde, nasceu seis anos após o triunfo da revolução. Entre
outras experiências em vida, participou, em 1989, de 54 missões de guerra
durante a ajuda militar cubana a Angola.
Mas o caso começa agora. Em 1988, vindo de uma história da
adolescência, Gerardo casa-se com Adriana Pérez O´Connor. Vai para a guerra.
Retorna a Cuba como herói e logo a seguir é enviado em missão secreta a Miami
onde trabalha em artes gráficas numa revista. Adriana ficou morando em Havana.
Em 1998 os cubanos são presos, entre eles, Gerardo e este
recebe a pior sentença e fica incomunicável. Adriana Pérez se torna uma
potência a denunciar a situação do marido e reivindicar sua libertação.
Manifesta-se na televisão pelo mundo, vai falar com autoridades diplomáticas de
muitas nações. Chega aos EUA, visita até mesmo a Casa Branca para tentar ver o
marido.
Impossível até de um encontro através de portas de vidro.
Adriana jamais conseguiu ver o marido. Dois dos cinco terminam suas sentenças,
são soltos e retornam a Cuba. Não havia qualquer esperança para Gerardo que não
fosse a solidão e perpétua cadeia. Mas Adriana é um personagem da liberdade.
Aí chegam estes últimos meses de 2014 (16 anos passados),
Gerardo que fora preso com 33 anos, já tem 49 anos e Adriana que tinha 28 anos,
tem 44 anos. Numa surpreende manobra, o Presidente Obama dos EUA abre
negociação com Raul Castro e todos são libertados. De um lado e outro. Do outro
lado, Gerardo Hernández Nordelo volta a pisar o solo de Havana.
E a sentir o calor do corpo abraçado de Adriana, seus beijos
latinos, sua história de solidariedade e no limite das possibilidades. Cuba faz
uma festa para o retorno dos prisioneiros. O grande Silvio Rodriguez canta com
eles em praça pública. Adriana e Gerardo, o caso de amor, estão juntos na cena
pública.
Uma pausa narrativa. O amor que é este senso de ter o outro
no presente e no futuro é a constituição da reprodução dos tempos neste processo
sorvedouro de aconteceres. Por isso o amor é a prova acabada da solidariedade
histórica. Na fragilidade, a viga que sustenta, é a história dos dois.
Agora retornando. Eis que surge nas imagens de programas de
televisão um casal amoroso, com o marido passando a mão sobre a barriga grávida
de Adriana. Uma gravidez de mais de seis meses. E eles a espera do fruto deste
amor.
Pronto. A trilha de interpretações e perplexidade se
espalha. Quem é o verdadeiro pai do filho de Adriana? Gerardo, este afastado do
corpo de Adriana até bem próximo do mês de dezembro, não poderia ser. Um caso
de amor aceito como a decisão no limite da idade de Adriana? Aos 44 anos a
reprodução lhe era cada vez mais impossível. Então Gerardo tinha um acordo
tácito de dar sentido ao útero fértil da mulher?
Nada disto.
Tudo pertencia às negociações secretas entre Cuba e os EUA.
Um senador americano, Patrick Leahy (do Comitê de Defesa) teria sido parte de
uma ação de inseminação artificial com o sêmen de Gerardo. A implantação do
embrião foi feita no Panamá às expensas do governo cubano.
Agora o filho de Adriana restabelece o elo na história.
ESCOLHA A HISTÓRIA AO INVÉS DA FARSA - José do Vale Pinheiro Feitosa
Nilton Mariano tem levantando aqui no blog um ponto de vista
político que é histórico. Tem substância conceitual e é válido para as análises
do presente.
Não faz parte deste antepositivo grego “néo” que inunda um pensamento, igualmente histórico, mas com
enormes perdas conceituais. A exemplo dos neoliberais e neoconservadores.
O liberalismo, por exemplo, mostrou-se, historicamente, um
desastre social e humano e esteve na raiz de duas guerras mundiais. Além, é
claro, de criar o império Americano que espertamente se aproveitou das
destruições na Europa e na Ásia para criar suas bases.
Ou alguém imagina que enquanto a Inglaterra, a Alemanha, a
Itália, a França e a União Soviética (Rússia), China e Japão, eram destruídos,
os EUA não estivessem lançando mão de reservas estratégicas, mercados e domínio
geopolítico?
Esta é a tragédia do liberalismo, que retornou com o
antepositivo do novo, para ter como principal resultado (até agora) a maior
concentração de renda jamais vista na história da humanidade. E concentração de
renda neste nível é um desastre anunciado.
Concentração de capital nas mãos de poucos e organizado numa
rede articulada, que se pretende lógica, de lógica não tem nada. Primeiro
porque concentração é feita de capital já realizado. Este estoque não cria nada
de novo apenas se marca posição de futuras gerações (os herdeiros estroinas) na
fila do futuro. Segundo apaga as decisões democráticas e realça a arrogância
destrutiva oligarca.
O componente conservador acrescido do antepositivo néo é um verdadeiro nonsense de ideias. Junta fragmentos de valores que não podem se sustentar
porque o mundo todo se transforma e pouco se conserva. Se abraçam a uma
religiosidade ou espiritualidade ritualística, formada por frases rígidas e
geladas, e muito pouco de transcendência filosófica. A grande vantagem do
cristianismo, até mesmo sobre a narrativa bíblica do velho testamento, foi o
humanismo filosófico de sua bem aventurança.
A tradição histórica com a qual Nilton Mariano raciocina é válida
porque consoante a realidade. A realidade da maioria e não das minorias. Faz
parte de um projeto de Nação, quando os impérios e as nacionalidades estão
atuantes como nunca. Não caiu no conto da sereia da inevitável sujeição globalizada
e luta pela liberdade possível.
Nós que gostamos de ler. De comentar. Analisar. Temos muito
a ganhar com as bases bem conceituadas da história.
sábado, 27 de dezembro de 2014
"A PETROBRAS É NOSSA" - José Nilton Mariano Saraiva
Após 60 anos da sua
criação (Lei 3004, de 03.10.1953, sancionada pelo então Presidente da República,
Getúlio Vargas), a PETROBRAS continua alvo da cobiça dos insaciáveis e grandes
conglomerados internacionais que atuam no setor. Com uma diferença ímpar:
agora, a PETROBRAS não só é uma empresa de ponta, de indiscutível qualidade
técnica, como detém o “know how” de exploração do petróleo em águas ultra-profundas,
que lhe possibilita o que antes parecia inimaginável – atingir as portentosas
reservas de óleo e gás aprisionadas à camada do pré-sal, a nada menos que
assombrosos sete mil metros de profundidade, em alto mar (e os céticos, descrentes
e pessimistas já devem ter tomado conhecimento de que a extração já começou –
atualmente são 600 mil barris/dia, só no pré-sal - e que se vem confirmando aquilo
que os técnicos já tinham anunciado: o produto é de primeira qualidade e as jazidas
“IMEDÍVEIS”... mas não “IMEXÍVEIS”).
E como o pré-sal num
primeiro momento é o nosso indiscutível “passaporte-garantidor” de um promissor
futuro, em termos de suporte à educação e à saúde, porquanto as significativas
verbas dali advindas já estão comprometidas por lei para tais áreas,
teoricamente todos os brasileiros deveriam valorizar e se orgulhar da
PETROBRAS.
E, no entanto, já há tempos
um pequeno grupo de “entreguistas” com interesses contrariados (e essa “cambada”
tá em todo canto) trata de querer transferir por cima de pau-e-pedra e de mão
beijada todo esse manancial para os “gringos”; primeiro, lá atrás, quando durante
o comprovado corrupto governo tucano de FHC pensou-se até em mudar o próprio
nome da empresa para PETROBRAX, conquanto tal sufixo soaria melhor a ouvidos
nobres (temos aqui o famoso “complexo de vira-lata”) num futuro processo de privatização;
agora, aproveitando-se do fato de que alguns desonestos políticos (e os temos
aos borbotões) lá imiscuíram agentes mafiosos (e em postos-chaves) objetivando
desviar vultosas quantias para fins particulares, isso a partir da retirada de
um determinado percentual quando da assinatura
de contratos milionários com grandes corporações que prestavam serviço à
instituição (no entanto, para desespero da “tucanalhada”, um dos principais delatores
do esquema – o bandido Paulo Roberto Costa - tratou de confirmar o óbvio
ululante: os presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff de nada sabiam e de
nada compactuaram).
Aliás, ironicamente foi
graças à sanção de uma lei pela presidente Dilma Rousseff, dando autonomia de
atuação à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, que pela primeira
vez por essas bandas temos tido a imensa e grata satisfação de assistir grandes
empresários (corruptores) sendo detidos, trancafiados e no aguardo dos
julgamentos respectivos.
No momento, a expectativa
volta-se não só para a divulgação por parte do Supremo Tribunal Federal dos
nomes dos agentes (corruptos) que se beneficiaram do esquema (dezenas de políticos
de destaque, com assento no Congresso Nacional) como, principalmente, pelas
penalidades que lhes serão impostas, e que todos esperamos sejam prá lá de
rigorosas, independentemente das agremiações políticas às quais se achem
vinculados, obrigando-os a devolver o que foi surrupiado e mantendo-os em
“cana” por um tempo, um bom tempo.
Assim, como o governo
depois de tomar conhecimentos dos malfeitos já iniciou uma ampla assepsia e
faxina rigorosa na PETROBRAS, extirpando as células cancerosas que a ameaçavam
de metástase, resta a certeza que à educação e à saúde estão garantidos os
recursos necessários a catapultar de vez o Brasil rumo ao desenvolvimento (a
propósito, não custa lembrar que até no “sagrado (?) recinto do Vaticano”, localizado no coração da desenvolvida
Europa, o matuto hermano Papa Francisco não só confirmou a existência de uma “quadrilha
de corruptos” que há tempos solapava seus abarrotados cofres, como também não titubeou
em afastar os “ladrões de batina” para bem longe; mas, por qual razão não
prende-los ???).
E, sem que haja aqui nenhuma
intenção de se fazer qualquer proselitismo e/ou apologia à corrupção ou
malfeitos em organizações governamentais (longe disso), mas tão somente mostrar
a endemicidade que representa tal chaga, não custa lembrar que recentemente o
governo da poderosa China, ante a impossibilidade de acabar com os corruptos dentro
do governo, houve por bem estabelecer um “limite-aceitável” (?) de 10% (dez por
cento) de corrupção na máquina estatal. Difícil de acreditar, não ???
Mas, retornando ao fio
da meada, independentemente da situação criada por aqui, de uma coisa tenhamos
certeza: se nos seus primórdios o lema usado para forçar (literalmente) a
criação da PETROBRÁS foi o de que “O PETRÓLEO É NOSSO”, agora, que maus
brasileiros e muitos especuladores estrangeiros tentam desvalorizá-la para dela
se apossar a preço de banana, o recado do Governo é curto e grosso: “A
PETROBRÁS É NOSSA”.
Xô, gringalhada !!!
Post Scriptum,
Durante muito tempo
(até recentemente), o “ex-quase-futuro” ministro da fazenda do “playboy do
Leblon” (Aécio Neves), senhor Armínio Fraga, funcionou como um dos principais
assessores do mega-investidor húngaro-americano George Soros - aquele que não
dá murro em ponta de faca – que vive de especular no mercado financeiro. Pois
não é que de repente o referido senhor se danou a adquirir milhões de ações da
PETROBRAS. Por qual razão fazê-lo, se a empresa não tem futuro ???. Dá pra
imaginar quem o aconselhou, a respeito ??? Ou o que aconteceria à PETROBRAS se o
“ex-quase-futuro” chegasse a ministro da fazenda ???
Elementar, meu caro Watson.
O Natal descansa suas festas.
Oxalá que sejam felizes futuros novos dias!
Não posso deixar de reverenciar os maiores colaboradores de 2014:
José Nilton Mariano, Jose Flávio Vieira e José do Vale Feitosa, entre outros.
Agradecemos a convivência, mesmo silenciosa, dos encontros neste AZUL, que nasceu pra ser marinho( ou de um tom clarinho...) mas sempre criado por todos!
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
Gostaria de desenhar um árvore de natal com velinhas acesas. Desejar ao mundo de paz. Uma eterna paz que nos garanta a vida sobre a terra. A vida que é esta forma mais dinâmica da matéria.
Gostaria de abraçar todas as coisas com as quais não concordo. Mas não posso. Elas são conformadas com arrogâncias, soberba e exclusão. Uma aderência a privilégios vis que não têm a menor importância quando um de nós abraça ao outro.
Gostaria de ter um natal diferente de guerras. Das promessas de um império que se desintegra e pela qual nada podemos. Que se desintegra com um navio afundando, arrastando tudo que flutua em sua volta.
Gostaria de muito mais do que tenho e posso. Pois sermos história, termos o que contar, o que traduzir, é como a edição destas imagens que acompanham esta música de John Lennon.
Gostaria que nenhum ser que admirei, admiro e admirarei se imagine um Ícaro com as penas desmanchando. Pois sei dos seus vôos exuberantes no planisfério das nossas contradições. E sei que sol nenhum descolou os móveis de sua evolução.
Gostaria que a minha terra se transforme numa marca inconfundível da história do seu povo. Pois entre erros e acertos, apegos e desapegos, é a experiência pela qual o que acontece é o que tem por acontecer. Mas tudo que é afinal a conclusão, pode ser previsto. E por previsto ser revisto.
Quintal
E os anos se vão sucedendo, sem que a gente nem perceba. As primeiras
décadas parecem a lenta subida de uma rampa: dá para curtir a paisagem,
prazerosamente dividir com os companheiros de jornada as sensações da viagem.
De repente, chegamos a um topo que é
sempre imprevisível e é como se o carro
disparasse , ladeira abaixo. As imagens passam estroboscopicamente, os amigos
se dispersam, como por encanto, e a vida
segue num estranho frenesi, enquanto esperamos
a beira do precipício e o ruflar inconsequente das débeis asas do Ícaro.
Pouco a pouco,
ante a perspectiva do voo, nossa viagem vai se tornando mais e mais solitária.
Os companheiros tomam estradas paralelas, seguem cursos inesperados, buscando
todos um inexistente Shangri-lá. Como Fernão Dias Paes Leme, acabaremos cedo ou
tarde descobrindo que eram falsas as almejadas esmeraldas. O tesouro terá
ficado , talvez, espalhado pelas trilhas :
no bem que possamos ter partilhado, nas lágrimas que por ventura
ajudamos a enxugar, nos etéreos momentos de simples e cristalina felicidade que
dividimos com os que estavam no caminho,
ao nosso lado. Quando levantarmos o voo final, logo ali, na plataforma
do despenhadeiro que nos aguarda à frente, essas certamente serão as imagens
que brilharão nos nossos olhos, antes do impacto derradeiro nos imperceptíveis
rochedos pontiagudos do fundo do abismo.
Abaixo,
a visibilidade é pouca, a bruma feroz. O que nos espera naquelas abissais
regiões , quando as asas se partirem e o remanso último nos
venha a sorver para goela do tempo ?
Alguns imaginam que , lá embaixo, exista um éden nos esperando, como conforto
final do nosso mergulho : cascatas, música inebriante, paz. Uns até garantem que nos será permitido
voltar e tentar outras trilhas mais amenas e menos penosas, para outros mergulhos menos turbulentos e outras aterrisagens mais dóceis. Asseguram até
que exista uma grande Torre de Controle invisível e poderosa ( com um estranho
e enviesado censo de justiça) que
controla todos percursos aéreos e decide
sobre pousos, decolagens e colisões. Difícil compreender as reais regras e objetivos desse rali vital com partida “no nada” e fim “no
coisa nenhuma”: sem louros, sem prêmios aos vencedores. À beira do pélago, são meros
sonhos todas as conjecturas: apenas o vórtice é real.
Dentro
de cada piloto, no meio da vertigem, no entanto, existe um menino, escondido em
algum cantinho do bólido. É preciso, na disparada, encontrar esse garoto. Ele
nos reensinará que a essência de tudo
reside na brincadeira de hoje e não na perspectiva do Papai Noel que poderá ou
não vir no Natal. Ele mostrará que alegria está aqui ao alcance das nossas mãos:
na simplicidade do pião de goiabeira e da bola de meia. Papai do céu está longe
a cuidar das suas estrelas, pouco nos
interessa o que existe do outro lado do muro. Deixemos lá a vida com seus
bichos-papões. A felicidade está segura
aqui no nosso quintal, brincando conosco de esconde-esconde .
J. Flávio Vieira
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
A SÍNTESE DOS FESTIVAIS E A MORTE DE JOE COCKER - José do Vale Pinheiro Feitosa
A música sempre entremeou-se na malha cultural do mundo
ocidental a partir da produção industrial em massa. É que se tornou um produto
de massa de uma produção voltada para atender o universo social.
Após a segunda guerra mundial o cinema, o rádio e depois a
televisão deram abrangência continental à música produzida em estúdio e depois
multiplicada em cópias individuais. Os aparelhos eletrônicos produzidos em
massa e vendidos às residências deram realidade ao efeito multiplicador.
Mas houve um momento em que esta infiltração generalizada
deu um salto e passou a representar, de modo quase nucleado, toda uma época
histórica, especialmente a dinâmica cultural e política. Isso aconteceu com os
festivais entre os anos 60 e 70.
No início dos anos 80, os festivais ou assemelhados, já
começavam a se diluir novamente no tecido cultural e se transformaram em show
business. O exemplo mais clássico é o que vem acontecendo com Rock in Rio. Enfim
os festivais deixaram de nuclear um tempo, um momento da história.
No Brasil os festivais tiveram papel igual ao que aconteceu
em todo mundo. Os festivais da Record e depois da Globo colimaram a mudança
comportamental da sociedade e politizaram a questão social e econômica do país.
Especialmente foram políticos na insurgência contra o regime militar. Mas
também trouxeram vários ensaios culturais que chocaram plateias e segmentos da
sociedade.
O festival mais badalado dos EUA, aquele que mais representou
este sentido nuclear de uma época foi o de Woodstock. Um grito contra a velha
sociedade do pós guerra. De mulheres do lar, do papai trazendo o pão no final
do dia, descendo do seu Cadilac, entrando na casa de subúrbio, beijando mamãe e
todos felizes assistindo à televisão aos goles de Coca-Cola.
Woodstock foi um grito contra a guerra do Vietnã e os
políticos conservadores de então, especialmente o governador da Califórnia um
conhecido do futuro: Ronald Reagan. Foi um momento de junção de criatividade
pura. In extremis. A criatividade no
limite do corpo e de sua perenidade.
Woodstock foi além dos ensaios musicais que até então haviam
galvanizado os jovens. Foi além do “make love not war”. Muito depois da paz e
da flor. Foi um ensaio de inserção musical pura. Onde as palavras e as notas
musicais se fundiam numa sonorização experimental que elevava os músicos e A assistência
a um estado isolado e desprovido de tudo mais que há no mundo.
Por isso as drogas e o álcool foram veículos tão possantes naqueles
experimentos sobre o palco num terreno rural no interior americano, onde todos
acampavam e viviam numa coletividade sem partes. As três figuras que mais
sentido deram a este componente de Woodstock foram Janis Joplin, Jimi Hendrix e
Joe Cocker. Os dois primeiros foram tragados pela overdose.
Joe Cocker teve uma janela de sobrevivência. Apenas ontem
morreu. De câncer do pulmão, muito provavelmente decorrente de algum dos
hábitos que teve. Joe Cocker em Woodstock fez com With a little help of my
friends dos Beatles o que Karl Marx fez com a filosofia de Hegel, a girou de
ponta cabeça.
Aí é que vem o sentido colimador de uma época. Que arrasta
para o núcleo tudo que já existe e neste denso senso o funde e o expele como a
terra faz com suas rochas ao engolir a crosta e a devolve-la em formato
metamórfico. Joe Cocker marcou um momento que, por certo, muitos iguais a
história ainda terá.
With a little help of my friends - Joe Cocker em Woodstock - canção do Beatles.
You can leave You hat On - Joe Cocker - trilha do filme 9 e 1/2 semanas de amor.
Up Where we Belong - Joe Cocker.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
A seguir algumas músicas de natal feitas por compositores brasileiros. Menos uma que é uma versão de uma música americana aqui cantada por Celly Campelo. Aliás vamos começar por ela.
I saw mommy kissing Santa Claus de Peter Boyd que teve uma versão do Jackson 5, puxada por Michael Jackson - a versão de Celly Campelo chama-se literalmente Eu vi papai beijar Papai Noel.
Aqui a clássica junção entre o simbólico e o pai, de modo que as crianças não se incomodam com a existência real da figura. O que é importante é que receba os presentes em nome dele.
A segunda já vem para o nosso campo brasileiro, do grande e genial sambista paulistano Adoniran Barbosa.
Véspera de Natal - Adoniran Barbosa
Agora vem a crítica do mundo real. O pobre paulistano que chega em casa, não tem presente. Vai comprar uma comidinha e resolve se vestir de papai noel para completar a fantasia das crianças. E deu no que deu.
Agora o grande o nosso grande Assis Valente.
Recadinho de Papai Noel - Carmem Miranda - música de Assis Valente.
Assis Valente compôs o clássico de natal brasileiro. Esta aqui é bem o estilo daquela época que não conta uma história inteira, mas lembra o tema nas estrofes. Assim ele lembra de que todos são feitos de barro. Como pede uma lua-de-mel para ver se seria feliz na noite de natal.
E a clássica de Assis Valente:
Boas Festas - Carlos Galhardo e Assis Valente - música de Assis Valente
Cantada em vários países do mundo. Boas Festas é uma clássica crítica social. Onde o Natal é lembrado com desigualdade.
CARTA DE NATAL - José do Vale Pinheiro Feitosa
Pronto! Pendurei a minha meia furada no cabide de minha
consciência. Nela expôs uma carta à fonte do nascimento daquilo que eu sou.
Uma carta estranha. Como um lençol de retalhos. Costurados
com uma linha fraca que se solta a cada solavanco das minhas necessidades. A
carta para despedir tudo aquilo que forma o que sou. Tudo aquilo que,
continuamente, molda meu modo de pensar, sentir e agir.
Este tudo é que a sociedade de consumo e o “moto perpetuo”
do sistema que é dinâmico, contraditório e que assim nos faz a dominação
política e ideológica. Este sonho de plástico. A liberdade descartável do
capitalismo.
Amanhã quando acordar não quero mais figuras irreais, que
vivem no mundo da fantasia, na Lapônia gelada da Disneylândia. Eu quero meu pai
de carne e osso, humano como só ele pode. Detentor de princípios e dúvidas,
certezas e regras, mistérios e luz solar, quero este ser que é vivo como eu,
que tem medo e seguranças que se formam no dia-a-dia de cada ação.
Não quero mais beber os goles do outdoor desta bebida
estranha, que promove azia, que não se bebe pelo gosto, mas pela vaga promessa
que assim serei igual aos outros. Que assim aproveitarei mais a vida.
E a vida só precisa de um gole de água para matar a sede.
Não quero mais a propaganda que promete me libertar apenas para
que seja igual aos outros que consomem a mesma mentira. Prefiro sair com estes
amigos imperfeitos, igual a mim, que andam pelas ruas, curtem a luz plena, a
penumbra e gostam de ouvir as coisas que cantam.
Hoje devolvo às mãos do mito gerador deste natal de
mercadorias, onde não sei a minha posição se comprado ou comprador. Assim
devolvo todas as fantasias brilhantes e excrescentes que ao meu corpo tentam
confundir.
Devolvo o seu caldo ralo de felicidade, a sua incolor liberdade,
esta meia peça de roupa chamada autoestima, esta igualdade tão sólida quanto um
feixe de luz e esta exclusividade que mente para mim do amanhecer ao anoitecer
e perdura nos meus sonhos.
Devolvo todos os objetos de desejo que tentas colar às
minhas necessidades.
Amanhã a voz do pregoeiro já não mais ouvirei. Os meus
símbolos e signos não estão a serviço de suas vendas e agora desprego de sua
voz tudo aquilo que hoje me diferencia socialmente de alguém, segundo as
palavras dele.
O que me diferencia é exatamente aquilo que me iguala. E o
que me igual não pertence ao universo de suas palavras, não me venhas dizer que
preciso ficar atualizado com a moda, com a novidade, com o upgrade, com
qualquer coisa que não seja novidade porque extraída dos passos que dou na
vida, do encontro e desencontro que tenho de acordar e discordar.
Pegue seu carrão, com palavras inglesas no câmbio, no motor,
nos freios e enfie nos louros da ambivalência de promessas nunca realizadas. E
quando alguém apaixonado pela natureza, montar naquela máquina de lucros e
seguir lanhando a superfície das terras interioranas, como se fizesse algo
excepcional que não seja destruição de vida e distorção do amor à natureza.
Como lhe disse, eu sou. Se tenho é circunstancial. E mesmo o
que tenho se extensão de mim não é mais do que extensão de todos: a praia, a
cidade, a praça, os sertões, o açude, o pôr do sol, esta brisa agradável sob o
tronco da frutificação de uma cheirosa safra de cajá. O perfume do cajá eu sou.
Não tenho.
E sei da arapuca que é acumular, rodear-se de uma falsa
abundância de coisas. Eu nunca esqueci do meu amigo Guajenito, lá no Morro do Escondidinho,
no bairro do Rio Comprido. Ele juntando tudo que pegava abandonado e jogando
sobre o teto de seu barraco que vergava ao peso de tanto acumulado.
E pois termino por dizer que esta “democracia do ter não sendo
nada”, apenas objeto da máquina de produção e venda, não visto mais. E sei
porque não visto mais.
A grande maioria reza a oração do consumo sem se dar conta
que tudo é exaltação da mentira da abundância que não existe. Hoje mesmo, neste
natal, milhões de brasileiros passarão fome. E passarão fome porque toda esta
mitologia do consumo esconde o quanto tudo isso é um exercício perverso e infernal
da exclusão social e econômica.
Toda esta ideologia do mito e da fantasia é a forma
aceitável da exclusão. Até que a revolta se instale além da fantasia e desnude
o povo.
O rei não precisa desnudar. Ele não liga mesmo para a sua
nudez. Esta época até isso permitiu a ele.
A MOTIVAÇÃO DOS GOLPISTAS
“sendo
explorados por políticos derrotados nas últimas eleições. Repudiados pela
estima pública, coitados, infelizes políticos esses só alcançam os altos cargos
públicos pelas nomeações ou pelos golpes. E como as nomeações que usufruem têm
prazo limitado, limitado pela Constituição, eles provocam o clima dos golpes,
fazem a propaganda dos golpes nas costas das honradas classes armada da Nação,
não com o intuito de salvarem o Brasil, mas com o intuito de salvarem a eles
mesmos.”
Deputado Último de Carvalho - Plenário da Câmara dos Deputados - 3ª Sessão Convocação Extraordinária - 10 de fevereiro de 1955.
domingo, 21 de dezembro de 2014
sábado, 20 de dezembro de 2014
LUTANDO AS CAUSAS REAIS - José do Vale Pinheiro Feitosa
O que segue é surpresa para muita gente. E apenas o é por
algumas questões de vícios de conhecimento, preconceito, ignorância de mudanças
e assim por diante. Não é incomum que pessoas de classe média, supostamente informadas
digam que a educação brasileira é uma desgraça, assim como a saúde pública brasileira.
E têm tanta convicção que são incapazes de raciocinar até com as próprias
palavras.
Ouvindo um médico vaticinando sobre a “inexistência” da saúde
pública brasileira (para ele o que interessa é o equipamento de sua especialidade,
ressonâncias, tomografias etc.) acaba se traindo. Lá pelas tantas diz que no
Brasil ele, como médico, é obrigado a atender uma pessoa passando mal. Pelo
menos as primeiras medidas, aí telefona para o SAMU completar o atendimento (só
que até então o SAMU não existia).
Olhem estes dados divulgados pela OCDE sobre o Brasil após a
realização da Pesquisa Internacional de Ensino e Aprendizagem (TALIS). São
dados coletados em 2013. O estudo abrange vários países, entre os que fazem
parte da OCDE e que aqueles que são associados. Na média do conjunto de países
analisados, 89% dos professores dos anos finais do ensino fundamental tinham
curso superior. O Brasil deve ser um horror, não?
Ao contrário. Ele é superior à média, 94% tem curso
superior. E com outra característica: 95% acredita que pode ajudar os seus
alunos a pensar de forma crítica. Mas isso é apenas uma parte pois na média dos
países os professores levam 7 dias por ano fazendo treinamento em organizações
externas às escolas. Esta “merda” de nosso país não deve ter um dia de
treinamento.
Peraí gente fina. No Brasil os docentes passaram em média 21
dias em treinamento externo. E nem por isso deixamos de ter muitos problemas.
Mas não aqueles da inexistência e nem da demagogia política. É preciso ter o mais
possível de professores em contrato de tempo integral e por tempo
indeterminado. É preciso reforçar a avaliação externa e brigar pela escola de
tempo integral.
Agora lutem pelo certo. Para dar universalidade aos valores
do ensino. Com ignorância dos fatos, preconceitos, e informações defasadas
perdemos muito da contribuição de cada um.
OS BOAS VIDAS! - José do Vale Pinheiro Feitosa
Diárias caríssimas. Os hotéis de Armação dos Búzios, postos
nas encostas da chamada Orla Bardot (em homenagem à atriz francesa Brigitte
Bardot que ficou alguns dias no que, então, era uma vila de pescadores). O sol
lentamente de pondo, a aberta enseada cujo lado oposto será visto como um rosário
de luzes no incrível crescimento de Barra do São João e Rio das Ostras.
Na piscina do hotel um grupo de hóspedes conversa alto como
sói acontece nas intoxicações alcoólicas e diante da relevância dos assuntos
que ali tratam. Um apanhado básico: um senhor empregado de uma grande empresa
que faz negócios com petróleo, um sujeito perto dos quarenta anos médio
empresário, sua mulher, uma amiga e um médico residente e sua garota, também,
médica.
O único carioca era o empresário, os demais eram de Juiz de
Fora, no estado de Minas Gerais. O senhor tinha uma fala contínua, um tanto
monótona e tecia considerações técnicas sobre os negócios de suas empresas,
lucros e perdas. O empresário, era o mais exaltado, falava alto, partilhando
suas opiniões com que estivesse no deck da piscina.
A síntese de opiniões e sentenças daquela gente. O Brasil
está falido, tudo é corrupção, os planos de saúde estão falidos, a medicina
pública não existe, a economia está falida, ninguém investe no país. Como tinha
um doutor na roda, fazia residência (e já podia pagar um hotel daquele) o
assunto eram os médicos cubanos. Medicina básica era uma porcaria. Só existe a
especialidade.
Os cubanos porque não foram cuidar do vírus ebola? (igual a
esta gente que fica de Petralha em Petralha usando nomes de fantasia, que não
sabe ler e nem se informa, pois Cuba foi quem mais enviou médicos para combater
o Ebola). E que o governo brasileiro enviava para Cuba todo mês dez mil reais
por cada médico, que assim eram mercenários e as sobras deste dinheiro servia
para financiar as eleições de Fidel e Dilma no Brasil (o restabelecimento de
relações regulares entre Cuba e os EUA vai deixar muita gente sem discurso).
E tinha pérolas da deformação de caráter e qualificação
profissional. O principal recurso médico é a relação humana. Humana no seu
amplo sentido socioeconômico, cultural, psicológico e individual e isso se
aprende, como é óbvio, pela relação direta. Pois o Doutor criticava um programa
federal que oferece pontos na classificação das residências médicas, públicas,
para os médicos que vão prestar serviço na atenção básica dos serviços
públicos.
O governo bem podia, como muitos países fazem, obrigar os
doutores que se educam com o dinheiro do povo a ir aprender a não explorá-los
num estágio obrigatório de dois anos. Não o fez: é optativo, tem um bônus que é
melhorar sua classificação nas provas de acesso à residência, além de ganharem
mais de sete mil reais por mês. O doutor na piscina em Búzios, se achando no
meio da conversa de ricos, quer sua residência em cirurgia e que ganhe muito dinheiro
para voltar à piscina de Búzios e outras fantasias no exterior.
Chamava a atenção o tom alto das mulheres, fazendo capela
para o canto dos machos. Riam das piadas infames. Enquanto o empregado do bar
fazia uma batida de frutas e álcool atrás a outra, os conceitos vomitavam as
belas encostas de Búzios.
A fina flor da cultura “petralha” (tucanalha isso depende do
lado, não é o conteúdo é no método que reside o problema) de internet marcou o
seu desfile naquela piscina. O empresário declarou-se um eleitor orgulhoso de
Jair Bolsonaro (que não precisa de apresentação para quem é de fora do Rio e
que foi o deputado federal mais votado este ano). E, aos risos das mulheres, o
homem abriu o verbo contra a deputada Maria do Rosário que foi agredida pelo
Jair.
Aliás quem viu o vídeo da origem do embrulho pode
interpretar o que aconteceu. Jair dava entrevista a favor da redução da
maioridade penal. Maria do Rosário também e abriu um debate com Jair. Que sem que
e nem para que pediu que ela contratasse um menor estuprador que fora preso em
São Paulo para levar a filha na escola. Uma argumentação pessoal e
desnecessária a este tipo de debate.
A questão é que Jair Bolsonaro retornou ao assunto
recentemente, em pleno plenário e ele repete esta prática agressiva com outros
deputados. Esta é a explicação por trás da notícia. Mas o que o empresário
disse: que absurdo! Vocês viram o nome dela: Maria do Rosário. É nome de coitada.
É gentinha. Rosário! E toda a plateia caiu na risada.
O mais impressionante: este mesmo dito cujo ainda acusou os “petralhas”
de serem responsáveis pela divisão de classe no Brasil. E não vou nem contar,
para não esticar, imaginem o que disseram sobre os vagabundos do Bolsa Família,
chegando a dizer que tinha gente ganhando dois mil reais por mês para não fazer
nada.
Assim, como seus companheiros ali, onde uma caipirinha custa
mais de um terço da verdadeira bolsa família per capita.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
Pentelho de Capivara
J. Flávio Vieira
Solidônio Canabrava tinha uma pequena loja de ferramentas em Matozinho. Negociava implementos metálicos, como dobradiças, armadores, ferrolhos, correntes pregos, parafusos, foices, martelos. Talvez tenha sido a proximidade e a dureza desse material, que ele tanto manipulava no dia a dia, que terminou por impregnar seu temperamento de uma a uma certa acidez e petrificação. Tornara-se, aparentemente, do reino mineral, antes que o tempo o levasse a esse que é o destino final de todos os viventes. Era ríspido, direto, sistemático: com ele não tinha perreps. Intolerante, não aceitava perguntas bestas, arrodeios desnecessários, eufemismos, cerca-lourenços. Sua fama espalhara-se por todos arredores da vila. Os que o conheciam , tiravam de letra a aparente estupidez de Solidônio e até cutucavam a onça com vara nanica, esperando a resposta pronta e carrascante como mourão de cerca. Os de fora, no entanto, tantas e tantas vezes se incomodavam com a rudeza do comerciante. Como se explicar que quem quer pegar marreca viver gritando : xô ! Geralmente, depois de perguntas redundantes, como:
--- Esse armador, seu Solidônio, é pra armar rede ?
Vinha a resposta brusca e incisiva :
--- Não, Senhora ! Imagina ! Esse armadorzinho é pra enfiar em cu de sabiá e pegar elas como se fosse anzol!
E, imediatamente, tangia o perguntador peba, da sua loja, com o mote de sempre :
--- Arreda ! Arreda, Dona Empaia !
Contavam-se as histórias de Solidônio por toda redondeza, umas verídicas e a grande parte delas nem tanto : foram aparecendo folcloricamente, no fluxo ficcional da memória coletiva de Matozinho. Uma rezava que ele estava arrumando alguns rolos de arame farpado na loja, quando feriu a mão acidentamente, no ponta aguda do arame. Continuou a arrumação como se nada tivesse acontecido. Logo depois, novamente, repetiu-se a mesma tragédia: as pontas farpadas foram de encontro aos dedos de Soledônio. Ele não teve conversa : olhou firmemente para o rolo e disparou :
--- Ah ! Já sei ! Tu tá querendo é carne, né ? Pois toma ! --- Enfiou a mão umas quinze vezes no rolo , quase perdendo todos os dedos.
De outra feita, conta-se, sentado, comendo mel de engenho, por duas vezes, o mel caiu e lambuzou sua longa barba. O velho não contou conversa. Olhou pra barba fixamente e logo sapecou o pires na cara , ameaçando a moita de cabelos:
--- Ah ! Tu num é diabética , não, né? Tu quer é mel, é ? Pois toma !
Foi por essas e outras que dali , também, saiu o apelido do nosso personagem, embebido na grossura que lhe era a maior característica :
--- Pentelho de Capivara !
Claro que Solidônio não suportava o epíteto, nem sequer quaisquer palavras que por acaso lembrassem esse nome. Por isso mesmo a alcunha pegou como catarro em parede.
Semana passada aconteceu o inesperado. Canabrava tinha um pequeno engenho de cana de açúcar movido ainda a máquina a vapor. Uma das grandes moendas quebrou e tiveram que suspender a moagem. Onde diabos encontrar uma estrovenga daquelas ? O maquinário tinha sido importado , muitos anos atrás, da Inglaterra, pelo avô de Solidônio. Os engenhos estavam quase todos de fogo morto. Em tempos de mariola, Coca-Cola e chilitos, quem diabo queria comprar batida, garapa, alfenim e rapadura ? O eito de cana, no entanto, estava cortado e parar tudo era um prejuízo danado.
Canabrava soube que, em Serrinha dos Nicodemos, existia um velho que tinha um engenho similar ao seu e que estava parado há muitos e muitos anos. As moendas, segundo lhe tinham adiantado, estavam novas e a história é que O Coronel Balbino, o dono da fazenda, falara , diversas vezes, na venda daquele mundo de ferro, inclusive para ferro-velho. Soledônio , então, chamou um velho choffeur de praça e resolveu ir negociar em Serrinha a compra da moenda com Balbino. Durante a viagem, no entanto, o motorista o alertou. O coronel era um bicho do mato, cabra bruto e indomável como um chucro. Para se ter uma ideia, alertou : o apelido dele é : “Apito de Engenho” ! Será que o homem é bruto ?
Seguia a viagem e o motorista continuava atemorizando o velho Solidônio:
--- O Senhor é que sabe, seu Pentelho... ou... Seu Solidônio . Ele vai dar um coice danado no senhor ! Pode esperar! Se eu fosse o senhor eu não ia não !
Canabrava, no entanto, neste mister tinha PHD e M.B.A. Não quis conversa, nem mostrou-se temeroso. Mandou picar viagem. Vamos simbora !
Tardizinha chegaram , por fim, nas terras de Balbino. Pararam defronte a casa alta, onde , após infindáveis degraus lá estava o coronel refestelado numa preguiçosa, assistindo aos últimos estertores do dia. Solidônio, desceu do jipe, mandou o motorista esperar um pouco , subiu calmamente a escada. E, sem delongas, fitou o coronel e perguntou ?
--- O senhor é o coronel Balbino , se má pregunto ?
O velho, com aquela cara dura de cobrador , sem o fitar nos olhos, latiu de lá:
--- Sou sim, por que ? E se não fosse, você tinha alguma coisa a ver com isso ?
--- Né por nada não, Coronel ! Pegue sua moenda e meta no cu, joviu ?
Desceu os degraus, entrou no jeep e voltou pra casa, após a mais rápida negociação já registrada nos anais do CDL de Matozinho.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
CONSUMO DE MACONHA NO URUGUAI ACIMA DO CONSUMO DE TABACO É EFEITO DA LIBERAÇÃO OU MÁ NOTÍCIAS DA MÍDIA? - José do Vale Pinheiro Feitosa
Na semana passada nos jornais, portais de notícias, televisões,
nos telões em ônibus e salas de espera, uma notícia revelou o despreparo de
jornalistas, o preconceito e a tendência de interpretar os fatos com premissas
que nem sempre se revelam. Qual a notícia?
Pela primeira vez no Uruguai o consumo de maconha ultrapassa
o de tabaco. Qual o entrecho da notícia?
A política de liberação da maconha havia avançado o consumo
de maconha a ponto de ultrapassar o consumo de tabaco.
Mas aí é que vem o problema. Tudo se referia a uma pesquisa
feita pela Junta Nacional de Drogas e pelo Observatorio Uruguayo de Drogas em
jovens escolares na faixa entre 13 e 17 anos, feita em sala de aula. Os
inquéritos foram auto administrados e a amostra nacional.
O que se pretendia analisar? A tendência do consumo de
várias drogas ao longo dos anos, o papel protetor da escola e dos pais. O
inquérito levantava o consumo de drogas nos últimos doze meses e no último mês
e teve o seguinte resultado: álcool (60,2%), bebidas energizantes (37,2%),
maconha (17%), tabaco (15,5%), tranquilizantes (7,1%), cocaína (2,15),
estimulantes (1,4%), êxtase (0,8%), haxixe (0,5%), crack (0,5%), metanfetaminas
(0,3%) e anfetaminas (0,2%).
O inquérito mostrou que a escola e os pais tinham um papel
protetor e que a drogas de consumo mais precoce em termos de idade foram o
álcool e o tabaco. O tabaco teve uma grande redução no consumo, passando de
30,2% a prevalência de fumantes no último mês no ano de 2003 para 9,2% em 2014.
O abuso de álcool (igual ou superior a dois litros de
cerveja, 3/4 litros de vinho e 4 doses de destilado) nos últimos quinze dias
ocorreu em 32,5% dos estudantes que beberam. A prevalência ano da maconha passou
de 8,4% em 2003 para 17% em 2014. Em toda a vida a prevalência de maconha é de
20,1%, no ano 17% e no mês 9,5%. Como se observa, o crescimento do consumo de
maconha é um fenômeno antigo e o inquérito não identificou nenhum salto no
consumo. A lei existe há apenas doze meses. Este efeito só poderá ser analisado
com vários anos de observação.
Uso problemático da maconha. Há uma tabela de risco chamada
escala CAST (Cannabis Abuse Screening Test) que cruza frequências (fumar antes
do meio dia, estando só) e consequências do consumo (problemas de memória,
querer reduzir o consumo, tentado reduzir, tido problemas) com uma tabela de
classificação: raramente, de vez em quando, bastante a miúdo, muito a miúdo.
Assim o valor 1 é baixo risco, 2-3 é risco moderado e 4-6 é risco alto.
O padrão uruguaio é que 66,9% dos que fumaram maconha nos
últimos doze meses têm risco baixo, 20,4% têm risco moderado e 12,6% tem risco
alto o que corresponde a 1,9% do total de estudantes. A prevalência ano da
cocaína era de 1,7% no ano de 2003, cresceu para mais 5% em 2007 e agora tem é
de 2,1%. Já se começa a observar o efeito da liberação da maconha quando 53,3%
considera que é fácil ter acesso à droga.
Ficou claro que a percepção do risco do consumo é
inversamente proporcional à prevalência de consumo, quanto maior a percepção do
risco menos se usa a droga. O inquérito também identifica que o envolvimento
dos pais é um fator protetor, comparando situações, o consumo é maior nos
jovens cujo envolvimento dos pais é baixo quando comparado ao de alto
envolvimento. E isso é mais acentuado para as drogas mais pesadas. Por exemplo,
como o álcool é da cultura a diferença existe mão não tanto quanto no consumo
do tabaco, da maconha e da cocaína.
Em outras palavras quem não foi à fonte e a
entendeu, bebeu a água turva da informação na grande mídia (as agências de
notícias e os veículos).
Jose Esequiel Lopez deixou um novo comentário sobre a sua postagem " Hoje cedo, saindo para o trabalho escutei no rá...":
Encontrei a letra completa da música Lua Azul, cantada por Carlos Gonzaga:
LUA AZUL - CARLOS GONZAGA
UMA CIGANA OUVI
A ME DIZER ASSIM...
COM ESTA LUA AZUL
VEM O AMOR
E QUEM GOSTAR DE ALGUÉM
QUE FECHE OS OLHOS BEM
E PEÇA SORTE, SORTE, SORTE
E A SORTE VEM!
LUA AZUL, LUA AZUL,
MINHA ORAÇÃO
LUA AZUL, LUA AZUL
OUÇA POR FAVOR
EU QUERO MEU AMOR...
EU VOU REZAR TAMBEM
QUE TRAGA SORTE, SORTE, SORTE
COM O MEU BEM
É BEM VERDADE, SIM
O QUE A CIGANA DIZ
POIS COM VOCE, ENFIM
EU SOU FELIZ
TODO MOMENTO É BOM
TUDO QUE É MEU É SEU
POIS TODA SORTE, SORTE, SORTE
VOCÊ ME DEU
LUA AZUL, LUA AZUL,
MINHA ORAÇÃO
LUA AZUL, LUA AZUL
OUÇA POR FAVOR
EU QUERO O MEU AMOR...
EU VOU REZAR TAMBÉM
QUE TRAGA SORTE, SORTE, SORTE
COM O MEU BEM
E QUEM ACREDITAR
NO QUE A CIGANA DIZ
TERÁ POR CERTO ALGUÉM
SERÁ FELIZ
MAGIA NO LUAR
COM FÉ ENCONTRARÁ
E MUITA SORTE, SORTE, SORTE
TAMBÉM TERÁ
SORTE, SORTE, SORTE
COM A LUA AZUL
Postado por Jose Esequiel Lopez no blog No Azul Sonhado em 10 de dezembro de 2014 22:02
Encontrei a letra completa da música Lua Azul, cantada por Carlos Gonzaga:
LUA AZUL - CARLOS GONZAGA
UMA CIGANA OUVI
A ME DIZER ASSIM...
COM ESTA LUA AZUL
VEM O AMOR
E QUEM GOSTAR DE ALGUÉM
QUE FECHE OS OLHOS BEM
E PEÇA SORTE, SORTE, SORTE
E A SORTE VEM!
LUA AZUL, LUA AZUL,
MINHA ORAÇÃO
LUA AZUL, LUA AZUL
OUÇA POR FAVOR
EU QUERO MEU AMOR...
EU VOU REZAR TAMBEM
QUE TRAGA SORTE, SORTE, SORTE
COM O MEU BEM
É BEM VERDADE, SIM
O QUE A CIGANA DIZ
POIS COM VOCE, ENFIM
EU SOU FELIZ
TODO MOMENTO É BOM
TUDO QUE É MEU É SEU
POIS TODA SORTE, SORTE, SORTE
VOCÊ ME DEU
LUA AZUL, LUA AZUL,
MINHA ORAÇÃO
LUA AZUL, LUA AZUL
OUÇA POR FAVOR
EU QUERO O MEU AMOR...
EU VOU REZAR TAMBÉM
QUE TRAGA SORTE, SORTE, SORTE
COM O MEU BEM
E QUEM ACREDITAR
NO QUE A CIGANA DIZ
TERÁ POR CERTO ALGUÉM
SERÁ FELIZ
MAGIA NO LUAR
COM FÉ ENCONTRARÁ
E MUITA SORTE, SORTE, SORTE
TAMBÉM TERÁ
SORTE, SORTE, SORTE
COM A LUA AZUL
Postado por Jose Esequiel Lopez no blog No Azul Sonhado em 10 de dezembro de 2014 22:02
domingo, 14 de dezembro de 2014
Fusões dos Beatles e de músicas de John Lennon.
Não se deixe conduzir pelo contrato. Arranjo. Compromisso.
Pessoa de bem. Não se deixe conduzir.
São coisas feitas para se negar. Sempre há uma cláusula de
cessação. Sempre há um encerramento. Um caixão para pregar você dentro. Sempre
há.
Há um momento. Aquele em que as portas se abrirão e a
paisagem do mundo é sua. Todo este eterno, vasto, infinito mundo, é o planisfério
de sua própria epiderme. É o plano de sua própria linha de fuga. Fuga de si
mesmo.
E aí a tradução é o amor. A paixão infinita pela eternidade
ao lado do outro. O outro que é o plano de fuga de si mesmo. Como paisagem do
mundo. Apagando os limites entre si e o outro e desse modo criando uma
individualidade binária.
O amor é isso. A atração pelo planisfério neste vasto e
infinito mundo. A fusão dos momentos como uma nova unidade de tempo. O encontro
dos fragmentos da crosta numa tremenda força de transformação da superfície.
E como força telúrica, o amor confunde os sinais e sentidos
antes postos. Uma singularidade criativa que se faz em sínteses e separações,
em versos que exaltam, reformatam, dispersam os acúmulos e criam uma nova conta
de adições e multiplicações.
Por isso é tão e imensamente doloroso que alguém desista, se
canse, perca a noção do planisfério do amor. E se vá com apenas o saldo dos
solavancos e até desconhecendo tudo que aconteceu.
Se não foi apenas o cerimonial de um contrato. Se foi amor,
é tudo tão intenso que as miudezas que enfeitam as paredes guardam soluções. As
paredes têm lições a apresentar.
Se foi amor. Se é amor. É o planisfério do
vasto, eterno e infinito mundo.
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