Gostamos de ideias. E se essas ideias forem forte melhor
ainda. Os números (estatísticas) mostram ideias fortes, mas o leitor tem
dificuldade de aceitar sua afinidade com tais números dispostos de um modo
puramente descritivo.
Para começo de conversa, convido os leitores a entrarem
neste endereço http://www.atlasbrasil.org.br/2013/perfil/
e tomar conhecimento dos índices de desenvolvimento humano dos municípios que
desejarem. Em seguida desejo oferecer uma ideia força do que seja o IDH.
A ideia do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é
fazer uma síntese do desenvolvimento humano através de suas conquistas em educação,
saúde e renda. E o mais importante é compreender que estas três dimensões
refletem o conjunto das ações públicas de uma sociedade. E no caso do Brasil é
ter políticas nacionais que desdobrem em regiões, estados e municípios.
Claro que ao medir o IDHM estamos falando do conjunto do
município e não estamos compreendendo a diferença, por exemplo, que exista entre
o Bairro Gisélia Pinheiro e o Pimenta. As duas situações estão incluídas no
conjunto, mas é importante saber que como estas dimensões são medidas por
centenas de indicadores, a síntese com números mais altos e mais baixos
refletem um atraso geral ou um avanço geral, mas acentuado sempre no Bairro
Gisélia ou no Pimenta quando se trata dos dois extremos.
Para relembrar: o IDH-M é subdividido em cinco faixas: muito
baixo (0 a 0,49), baixo (0,50 a 0,59), médio (0,60 a 0,69), alto (0,70 a 0,79,
e muito alto (0,80 e 1). Agora vamos às ideias fortes.
Todas as capitais brasileiras têm IDH-M alto ou muito alto.
O Rio de Janeiro se encontra no limiar entre alto e muito alto com indicador de
0,799 enquanto Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre,
Florianópolis, Curitiba e Vitória têm IDH muito altos sendo o maior o de
Florianópolis (0,847). Mas de qualquer modo a variação entre o menor índice (São
Paulo 0,802) e o maior neste grupo top das capitais é inferior a 5%.
As demais capitais estão todas com IDH alto e como podemos concluir
pela lista acima estão fora das regiões sul e sudeste. A diferença entre o
maior (Palmas 0,788) e o menor (Maceió 0,721) indicador nesse grupo é de 8,5%.
O IDH-M de Fortaleza é de 0,754. A ideia forte é que as nossas capitais com
suas favelas, atulhadas de veículos, com problemas de saneamento básico, entre
tantos males continuam sendo lugares de forte atração para desenvolvimento das
pessoas em nosso país. Isso não independe de que precisamos avançar muito para
que tais cidades se tornem centros de qualidade de vida. Mas este fato revelado
nestes índices é importante para quando dizemos que tudo nelas são apenas
coisas negativas. Estas ideias mostram eixos e caminhos de desenvolvimento.
E o nosso velho e gostoso Ceará? A região metropolitana de Fortaleza, com seus
atrativos industriais, com renda pública elevada e grandes concentrações
humanas estão com seus municípios oscilando entre os indicadores médios e
altos. Aliás olhando a variação dos IDH entre os diversos municípios desta
região, iremos encontrar indicadores que mesmo quando médios estão na faixa
próxima à classificação de alto ou seja tudo leva a crer que já estejam todos
com indicadores altos agora em 2013. Como se observa a variação entre os
municípios da região metropolitana é de apenas 6% mostrando a homogeneidade
entre eles.
E o nosso interior. Não verifiquei todos os municípios. Deixo
a tarefa para que outros avancem no assunto. Mas de qualquer modo tomando
cidades do Cariri e próximas aos Inhamuns fomos encontrar muitos pequenos
municípios com Índice de Desenvolvimento Médio (Brejo Santo, Milagres, Missão
Velha, Nova Olinda, Santana do Cariri, Assaré) e outros mais afastados com
indicadores baixos mas acima da metade desta faixa tais como Barro no limiar
(0,599), Aiuaba (0,569), Araripe
(0,564) e Potengi (0,562).
E nós aqui nos três polos principais do Cariri? Vamos
começar com uma conversa comparativa. No nosso caso é Sobral. Fica no interior
e é um grande polo de 188.233 mil habitantes na região norte do Estado. Sobral
tem IDH-M de 0,714 em 2010. Em 1991 este indicador era de 0,406 e saltou para
0,537 no ano 2000. Em 19 anos Sobral deu um salto de 75,8%, ou seja teve uma
diferença acumulada de 0,308 no seu indicador sendo que o maior crescimento
aconteceu entre 2000 e 2010, quando cresceu 0,177. Considerem que quanto mais
próximo de 1 as margens de crescimento do indicador serão cada vez menores.
Agora o nosso polo no censo de 2010. Juazeiro do Norte tem
um território de 249,5 Km2, uma população de 249.939 habitantes e densidade de
1001,75 Hab/Km2. O território do Crato é 1013,76 Km2, população de 121.428
habitantes e densidade de 119,81 Hab/Km2. Barbalha tem um território de 481,7
Km2 uma população de 55323 habitantes e densidade de 115,1 hab/Km2.
Como percebemos o polo formado por estes três municípios já
tem uma população conjunta de 426.690 habitantes. A principal mancha urbana,
pois contínua e localizada, é Juazeiro do Norte que possui a terceira maior
densidade populacional do Ceará, perdendo apenas para Fortaleza (com mais de 7
mil habitantes por quilômetro quadrado e Maracanaú com mais mil e novecentos). O
resultado é que os três municípios têm IDH-M muito próximos entre si, Barbalha IDH
0,683, Juazeiro do Norte 0,694 e Crato 0,713. Crato já está classificado na
faixa de desenvolvimento alto, mas Barbalha e Juazeiro do Norte também estão
muito ali na fronteira entre desenvolvimento médio e alto.
Todos os três municípios tinham IDH-M muito baixos no ano de
1991 e alcançaram os níveis atuais neste intervalo. O menor índice era o de
Barbalha com 0,381, seguido por Juazeiro com 0,419 e Crato com 0,444. A
trajetória de elevação dos índices foi semelhante àquela apontada para Sobral,
cresceu muito entre 1991 e o ano 2000, mas o aumento maior aconteceu entre 2000
e 2010. Em outras palavras houve uma política de desenvolvimento conjunto e efetiva
nestes 19 anos, sendo mais forte nos dez anos após o ano 2000. E outro dado
importante: as grandes cidades do interior do Ceará não estão mais atrasadas do
que aquelas localizadas na região metropolitana, como vemos Crato e Sobral já
têm IDH-M semelhantes ao de Fortaleza.
E agora vem a ideia central. As políticas municipais a
partir de agora terão que ser em busca de diferenciações cada vez maior, para
poder erguer setores mais atrasados dentro dos seus territórios. As políticas
agora serão cada vez mais integradas na conurbação portanto com planejamento
intermunicipal. A infra-estrutura, meios e recursos precisam atender à maior
vulnerabilidade social. O investimento em saúde precisa ser universal, estratégico
e atender aos setores públicos e privados. O investimento em educação precisa
avançar para a escola de tempo integral com alargamento da porta para completar
todo o ciclo do ensino fundamental. Escolas técnicas serão necessárias e o
acesso à universidade precisa de políticas sociais compensatórias. Além dos
estímulos à geração de emprego por meio das instalação de empresas é preciso
estimular a produção solidária e cooperativada para alargar a base da renda.
Não fazer cara de espanto para políticas de compensação de renda do tipo
aluguel social, financiamento de melhorias habitacionais, melhoria de ruas e
acessos e assim por diante.
Outro fato relevante por se atingir os níveis atuais de
Desenvolvimento Humano é a efetiva necessidade de maior investimento em meio
ambiente e na cultura. Uma população com maior educação, mais saúde, necessita
ir além das mesas de restaurantes e bares para viver ambientes diferenciados de
expressões culturais. Inclusive não fica ausente desta perspectiva a formulação
estética considerando os novos tempos. Além disso é preciso o estímulo ao
acesso à internet nas escolas e nos ambientes públicos entre outras lembranças
que identificam uma sociedade mais complexa e mais diferenciada em termos de
demandas.
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