Andei rodando na estrada ao encontro de Amélia Leonarda,
minha irmã, que mora em Barra Mansa e como boa conterrânea casou-se com o mais
radical cratense nascido em Farias Brito. Ele José Vilmar de Oliveira,
conhecido por “China” em sua época de juventude na cidade.
Não estou no Facebook a elencar as vantagens familiares e
nem a capacidade de rodar nas estradas. Isso tudo era para ser assim: andei
rodando na estrada e assim que retornei logo fui ler os blogs que acompanho,
especialmente o Cariricult e o No Azul Sonhado.
Então. A particularidade é sempre fundamental, mas a soma
das partículas é fascinante. Com alguma preocupação e, relação à sensibilidade
ética e honesta da minha amiga me referia à universal preocupação com a ratificação
do dito. Por isso insiste naquele assunto da frase do Niemeyer.
Não tem muito tempo que andaram publicando na internet um
poema do Maiakovski que terminou vítima da truculência stalinista como um
discurso genérico contra o comunismo. E, claro, contra todas as lutas
libertárias e, inclusive, as menos revolucionárias sobre o manto de reformas
para ampliar a participação popular na riqueza das nações. Ali estava uma
arapuca igual a essa do Niemeyer: por na voz dele exatamente o discurso de quem
ele combatia. Ou seja, levar Niemeyer a fazer o discurso da direita brasileira,
especialmente ao udenismo redivivo dos tempos atuais.
E já visitei esta estação na volta e passo à seguinte. Diz o
Zé Flávio sobre a claridade do passado frente à escuridão do futuro. E na
claridade do passado Zé põe luz sobre vários personagens do Crato,
especialmente dando personalidade a um personagem em especial. E entre o claro
e o escuro passei da iluminura dos textos transcendentais para o opaco das
indiferenças com a memória.
Mestre da narrativa, Zé vai num acréscimo de pequenos risos,
até que no último parágrafo nos guarda a gargalhada aberta. Mas foi entre tais risos
que tentava compreender como um jovem de hoje iria domar esta claridade do
passado para melhor identificar os sinais do futuro. As silhuetas que já estão
lá a menos que o fim seja de fato o 21 de dezembro.
A rigor não consegui entrar na interpretação dos jovens
lendo este texto do Zé. Mas ainda com fluxos respiratórios do riso
imediatamente vim para esta página. A me deleitar com a minha frágil capacidade
de guardar nomes e datas dos livros de história. Até que compreendesse a
própria história.
Está tudo bem com os que não conseguem guardar os nomes para
a próxima verbalização, deixe-os quietos na correnteza da memória. Guarde que
toda interpretação, a cada momento da convivência social, as nossas avaliações
oscilam como a imagem de ondas rádio. Há certa variação de amplitude, extremada
como este conto do Zé ou menos amplas, mas variante e com comprimento distintos
de mudança do perfil ondulatório.
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