Com apreço recebi o chamamento do gentil Nilo Sérgio
Monteiro para pensar o Crato. Um plano de gestão para o que virá. Antes o Dedê
reclamara a falta de um pacto político pela cidade. A verdade é que a cidade
precisa romper a barreira do mero arranjo administrativo para conquistar o
poder político e vencer eleições.
Uma coisa é certa: as nossas cidades médias brasileiras
precisam conquistar três questões centrais em sua ocupação, ou seja, em sua
geografia política. A primeira delas É criar uma “personalidade” histórica que
contemple a arquitetura de suas edificações e os equipamentos urbanos coletivos
como praças e ruas, especialmente do comércio. Esse deixar fazer atual é horrível:
os prédios não são preservados pelo valor histórico, a poluição visual das
placas de comércio é o querer de pior para uma cidade. As praças não podem ser
a mera “arquitetura” do arranjo entre a emenda parlamentar e o empreiteiro do
peito. Isso tem enchido as cidades cearenses de um padrão da pior qualidade. Enche
os bolsos de alguns e não identificam a cultura local e nem a história dos
povos.
A segunda grande transformação é resolver o enorme problema
da ocupação urbana precária dos bairros populares. Ter um modelo de
desenvolvimento urbano para esses bairros de modo a aproximá-los ao máximo das
necessidades básicas da vida urbana: iluminação pública, vias transitáveis,
praças e largos, posturas municipais, além do que é básico mesmo: escola,
saúde, segurança, saneamento e um plano de investimento em melhoria das
habitações. Essas medidas precisam ser postas num plano estratégico que leve em
consideração a contínua chegada de migrantes vindos de cidades menores e da
zona rural.
A terceira grande transformação na gestão pública é criar um
modelo que contemple o equilíbrio de investimento e custeio público entre os
distritos e a sede da cidade. Esse é um dos maiores dramas das cidades médias
brasileiras e especialmente as cearenses. O Crato mesmo, salvo melhor juízo,
andou envolvido com um plebiscito com o Distrito de Ponta da Serra querendo
separar-se da municipalidade. Equilibrar com tudo que temos na sede: educação
secundária e até mesmo superior, escolas técnicas, unidades de saúde mais
especializadas, iluminação pública e assim por diante.
Vi pela postagem do Nilo Sérgio que o Alfredo Mendes também
estaria envolvido no esforço de pensar a cidade. O Alfredo é muito preparado em
gestão, em planos estratégicos e tem uma contribuição excelente para a sua
cidade. Lembro o Alfredo por uma questão afetiva, mas tenho a maior
consideração pelos meus conterrâneos dispostos a pensar a cidade. Especialmente
a inclusão do movimento popular organizado como Associações de Moradores,
Conselhos, etc.
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