A avalanche de votos (quase 60,00%) que jorrou das urnas para um
candidato a prefeito praticamente desconhecido pelos eleitores até meses antes
das eleições do Crato, em detrimento dos atribuídos à candidatura oficial - ungida,
mantida, sustentada e propagandeada pela máquina municipal - é o atestado
comprobatório e inconteste de que o povo resolveu dá um não ao continuísmo, à
mesmice e à pasmaceira reinante, porquanto profundamente decepcionado com o degradante
estado hiroximesco-nagasakiano em que se encontra a cidade.
Mas, não só no aspecto físico a cidade hoje se assemelha às japonesas
Hiroxima-Nagasaki, dilaceradas por bombas atômicas na II Guerra Mundial; a
questão é muito mais profunda e estrutural, a se refletir principalmente na falta
do que fazer, ou de perspectivas no médio prazo, para uma juventude sequiosa
por participar do processo de evolução da urbe.
Pois, ao contrário do que deveria acontecer - a atração de
empreendimentos, de qualquer porte, privado ou público, capazes de gerar emprego
e renda, necessários para “mover a roda”- nos últimos anos o que se assistiu no
Crato foi o poder público mostrar-se absolutamente incapaz de, pelo menos,
manter ou segurar o que já existia (vide o Sesi, Sebrae e outros, que já não
mais existem), enquanto literalmente escorreu por entre os nossos dedos, por
falta do imprescindível “componente político”, o Campus da UFC, o Hospital
Regional, a TV Verdes Mares, a Ceasa e por aí vai; até a estrutura do “elefante
branco” conhecido por Centro de Convenções (que se um dia for concluído empregará
não mais que uma ou duas dezenas de pessoas), lá jaz à margem da estrada,
silenciosa e inoperante, como a querer comprovar didaticamente no que dá o isolar-se
politicamente do poder superior, ou o criar arestas ao invés de construir
pontes.
Que a lição seja absorvida pelo novo inquilino do paço municipal.
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