Quando a
Prefeitura do Crato, faltando poucos meses para o chefe da municipalidade
transmitir ao sucessor o bastão, demitiu sem choro nem vela 300 (trezentos) pais
de família e, dias depois, lançou um Edital anunciando a realização de concurso
público objetivando a contratação de idêntico quantitativo de pessoas (gastou
R$ 560.000,00 para tanto), sugerimos aqui, nesse espaço, que deveria ter algo
de errado, alguma segunda intenção embutida nas entranhas daquele ato.
Pois bem, agora a
farsa desnudou-se, definitivamente. É que, segundo fonte com acesso fácil ao prefeito
da cidade e secretários da municipalidade, ainda na atual gestão “...serão empossados mais de 300 concursados, muitos deles, que já pertenciam
ao quadro de funcionários do município, que agora irão garantir a sua
estabilidade no trabalho” (sic); observem, com redobrada atenção, que embora
sem a chancela oficial “...essas informações foram colhidas em conversas com o
Sr. prefeito, com o Secretário de Administração Christiano Siebra e com o
Secretário de Finanças Olímpio Arraes” (sic).
Atentaram agora para a gravidade
do problema ??? Mais de 10.000 pessoas pagaram para se inscrever no concurso da
prefeitura do Crato, na perspectiva de concorrer e obter um emprego em
igualdade de condições com os demais inscritos e, no entanto, parece que tudo não
passou de um artifício para que os terceirizados “...possam retornar pelas vias
legais do concurso realizado” e, assim, “...garantir a estabilidade no trabalho”,
segundo a mesma fonte.
Bem que, ao adentrar o paço
municipal, o novo gestor da cidade poderia demitir de pronto todos esses que
entraram ao apagar das luzes da administração pretérita, sem perigo de ter que
indenizá-los (já que não tinham vínculo oficial, até então) e, a partir daí,
tratar de compor seu próprio staff.
Quanto aos outros 10.000 inscritos no concurso, bem
que poderiam estudar a possibilidade de entrar com um processo por “litigância
de má fé” contra o responsável por tão duro golpe, verdadeiro "adeus às ilusões".
Um comentário:
Nilton,
A se confirmar os "sussurros" entre membros do poder municipal estamos diante de um grave dolo: a corrupção de um concurso público. Isso vai gerar uma pendência enorme na justiça e a Prefeitura arcará com despesas jurídicas. Por outro lado a denúncia do José Flávio sobre a falta generalizada de recursos na assistência de saúde municipal também não protege o Prefeito dos efeitos da lei de responsabilidade fiscal. Existem responsabilidades sociais como o direito à saúde e dever do Estado, no caso o poder público, que incidirá sobre a responsabilidade legal do prefeito. Se de fato o julgamento do Mensalão vai mudar alguma coisa na justiça nacional, a palavra agora fica com os promotores locais e com juízes desde a primeira instância, incluindo aí a justiça eleitoral, pois é inegável que também se trataria de um crime eleitoral.
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