por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 17 de junho de 2012

O "PIANISTA" - José Nilton Mariano Saraiva

Com a invasão da Polônia pelos nazistas, os judeus poloneses foram segregados no “Gueto de Varsóvia”, onde enfrentaram a fome, o frio, o abandono, a tortura e humilhações de toda ordem, levando-os a um corrosivo processo de aniquilação físico-psíquico-moral. A esperança de que os aliados logo chegassem para por fim àquele diuturno martírio foi paulatinamente arrefecida, ante o sadismo, a carnificina e à seqüência de horrores praticada pelos alemães.
Para que lições fossem extraídas daquele momento dantesco, Roman Polonski, ex “morador” do tal gueto (de onde milagrosamente conseguiu fugir), houve por bem legar à posteridade um “testemunho-reconstitutivo” daquela época, ao produzir o monumental filme “O Pianista” onde, sem fugir dos horrores vivenciados pelos poloneses, centra a narrativa numa tradicional família classe média (pai, mãe, dois irmãos e duas irmãs).
Após a invasão da Polônia pelos alemães, literalmente forçados a tomarem um trem que os levará para uma tal de “higienização” (em verdade, para o campo de extermínio de Treblinka) milhares de polacos, a família Szpilman entre eles, é o próprio retrato da impotência e do desespero.  Wladyslaw Szpilman, um dos irmãos, famoso pianista da Rádio de Varsóvia, no último momento, mesmo à revelia, é posto de lado por um policial polonês amigo de infância. E vê, desesperado, pai e irmãos irem ao encontro da morte. 
E aí aumenta o seu martírio. Sozinho no mundo, desempregado, sem eira e nem beira, sendo obrigado a carregar a “prova” da inferioridade da raça judaica (uma faixa no braço com a Estrela de Davi), Szpilman torna-se um morto-vivo a zanzar entre escombros e cadáveres.  Recolhido ao “Gueto de Varsóvia” e obrigado a trabalhar numa unidade alemã, toma conhecimento e se engaja na formação de um grupo de resistência aos alemães. Antes que sejam descobertos e dizimados, Szpilman, com a ajuda de conterrâneos não judeus consegue fugir do gueto e é “escondido” no mais improvável dos abrigos: um apartamento localizado exatamente no “coração da toca do leão” (em frente a um Hospital alemão e vizinho da sede da Polícia nazista). Da janela, assiste ao impiedoso massacre e à aniquilação do gueto onde habitara. Com a passagem do tempo, finda sendo descoberto por uma vizinha alemã; doente e desnutrido, foge e volta a zanzar pelas ruas.
Mas o destino de Szpilman apronta-lhe uma surpresa: à procura de comida no que sobrou de uma suntuosa mansão, é descoberto pelo solitário capitão alemão Wilm Hosenfeld que, surpreendentemente cordato, lhe interroga amistosamente. Ao sabê-lo “pianista” profissional, desconfiado coloca-o frente a um piano que, sem nenhum arranhão, escapara das bombas nazistas e pede-lhe que... "toque". E aí, Szilpman, mesmo com sede e faminto, parece entender ser aquele o seu passaporte para a sobrevivência, sua senha para a vida: e extraindo do amâgo da alma uma força descomunal até então desconhecida, sob o olhar abismado do requintado oficial alemão mostra toda a sua maestria e competência no manejo do teclado do nobre instrumento (são exatos quatro minutos - uma eternidade numa projeção cinematográfica - de uma verdadeira aula de como se tocar piano).
Visivelmente sensibilizado, o capitão alemão não só NÃO o denuncia, como o orienta a resistir um pouco mais, a manter-se escondido, já que os russos se encontravam às portas da cidade e os alemães teriam que bater em retirada. Pra eles, alemães, a guerra acabara. Oferece-lhe o próprio casaco para amainar o frio e volta outras vezes trazendo-lhe comida e pondo-o a par do desfecho do confronto.
Com a retomada da Polônia pelo exército russo, Szpilman finalmente sai da toca e quase se dá mal por se achar “embrulhado” no casaco do “amigo” alemão. Feito os esclarecimentos, é reconhecido como um polonês e saudado efusivamente por ter sobrevivido ao extermínio nazista.
Após tudo normalizado, volta à Rádio de Varsóvia e retoma sua verdadeira identidade de... “pianista”. Morreu em Varsóvia em 2000, sem que antes tenha conseguido “PAGAR” uma dívida tanto antiga como eterna: conseguiu que o "amigo" alemão, capitão Wilm Hosenfeld, que lhe salvou a vida, fosse postumamente honrado... pelo poloneses.
Um filmão, filmaço, obra de arte, ou qualquer outra definição que lhe seja mais apropriada.

Um comentário:

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caro Zé Nilton
Beço resumo. Vi o filme algumas vezes, que mostra a verdadeira matureza do Hitler. Certa vez fiz um comentário num dos blog's da região e tachei Hitler como "ícone" da "direitona." Cáiram de "pau" em cima de mim. Teve um que disse que eu precisava fazer o ensino médio e um pretenso "filósofo escreveu que Hitler estatizou a economia alemão. "E quem faz isso?" Indagou ele: a esquerda! Coitado!