Ausente um pouco do mundo virtual, ontem me deparei com a
marcação do julgamento do Mensalão pelo STF com data para o início de Agosto.
No mesmo ato as forças oposicionistas formadas pelas Organizações Globo, Revista
Veja, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo, secundadas por PSDB, DEM e PPS
comemoraram o fato. Enquanto isso o PT e inclusive José Dirceu manifestaram
repúdio à marcação do julgamento para esta data.
As manifestações, especialmente vindas do PT, levaram o
decano do STF Ministro Marco Aurélio Mello, a declarar a isenção do julgamento
e a imunidade do mesmo às pressões vindas de fora. Ao fazer suas declarações
ele responde simultaneamente à oposição: reconhece que a mídia oposicionista
pressiona e tem interesse no julgamento e condenação dos réus e que o PT teme
os efeitos eleitorais do julgamento, especialmente se a condenação recair sobre
José Dirceu.
Em síntese mesmo as declarações do Ministro tentando mostrar
isenção do STF tem o dom político de por o PT em situação constrangedora. A
condenação ou não de algumas personalidades do PT e especialmente do Dirceu, às
vésperas das eleições municipais, com toda a mídia oposicionista batendo o
tambor terá efeitos negativos na disputa eleitoral.
Se houver condenação se eviscera o PT e somente ele, pois é
líquido e certo que nenhum salto qualitativa advirá deste ato como a condenação
dos Caixas 2 Eleitorais que se universalizaram em toda a República, desde as
eleições de Vereadores até Senadores e de Prefeito a Presidente. Igualmente se não houver condenação haverá uma
grita para mobilizar o espectro moralista e seletivo de figuras à direita do
campo político.
Agora fica claro todo o destempero do Ministro Oposicionista
do STF, Gilmar Mendes, como instrumento da Mídia, igualmente oposicionista, no
sentido de pressionar o Supremo a criar a peça eleitoral e política. A peça
eleitoral que dará musculatura à uma oposição apenas com a mão na maçaneta de
escândalos e sem qualquer crítica alternativa aos governos do PT.
A radicalização oposicionista, articulada e com uma frente
de comando, não resulta em construção de alguma coisa, mas tão somente no
embate destrutivo. É natural que o PT e as forças situacionistas também
radicalizem suas posições levando as eleições municipais a ter um caráter mais
nacional do que precise. A verdade é que a manobra para criar a peça eleitoral
também deixa o STF em situação muito crítica, bem diferente seria, por exemplo,
se o julgamento fosse a partir de novembro deste ano.
Portanto não se espere uma dinâmica julgadora de justiça,
mas um ato político muito diferente das declarações do Ministro Mello: nem
isento, nem imune a pressões e nem
justo. O julgamento estará no braço armado de uma das forças em luta eleitoral:
ou a oposição ou a situação. Na verdade em qualquer circunstância o julgamento
agora, independente do resultado, será bom para oposição.
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