Apenas da janela do ônibus
enxergamos
as vértebras do vidro.
Unhas dilaceram veias.
E no semáforo,
quando tudo para
vomitamos sobre o mundo
a tensão de um segundo.
Somente de pé,
no ônibus,
é possível provar
a ração do descaso.
No horizonte raso,
o suor da distância
recompôe nosso medo.
As moedas se descobrem
no convexo da palma.
No barulho do aço
a cercar a cintura,
somos animais
do acaso.
Gado
inerte e mudo:
sem ferro ou pasto.
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