Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, aniversariando hoje, não merece mais do que ninguém. Não merece adjetivações majestosas, loas de cítara e nem cantos heróicos de alguma harpa grega. Joaquim não merece mais do que ninguém.
Joaquim merece uma integridade humana. A integridade que não se verga ao alpinismo que acompanha as caudas do majestoso poder. A integridade de uma só face e das palavras ditas ontem e repetidas hoje. Joaquim merece não apenas a integridade moral e ética, mas a integridade física apesar do tempo que costuma modificar o incorruptível.
Quando me dei conta que havia este Joaquim no mundo, éramos muito pequenos e ele um ano menos. Éramos ambos os meninos no rural, ele mais nas franjas do urbano até virar integralmente um ser das ruas e das praças.
Depois, por uns quatro ou cinco anos foi andar em ruas nas quais eu não passava. Foi vivenciar o litoral enquanto eu me embrenhava mais ainda nos sertões. Eu fui me enchendo de mais rural e ele de mais urbanidade.
Havia eu chegado a um ponto de transição. A opção do que assumir na vida entre o rural e o urbano (diga-se eras históricas). O porte rural já contaminado pelo cinema e pelas paixões por alguma galeguinha da cidade deixava-me mais ainda inseguro.
Foi aí que Joaquim chegou-se ao seu passado e lá me encontrou na perigosa posição entre ser e não ser naquele mundo dos anos 60 entre as Reformas de Base e a Ditadura Conservadora. Eu pouco lia além de algumas revistas e era viciado em quadrinhos. Gostava de me expandir pelos cantos da zona rural.
Joaquim chegou, emprestou-me alguns livros e despertou meu gosto para um programa de rádio que pouco ouvia. E ouvia pouco por dois motivos: costumava dormir cedo e o programa era do tipo hora da saudade, com músicas dos anos 20 a 50.
E chegou num momento que não posso atribuir difícil apenas para mim, foi também para ele: perdi minha mãe e ele uma tia que gostava muito. Aí viramos efetivamente adolescentes. Fomos ousados, com jornais e teatro. Com festas, com bate papos e com política.
O divisor de águas se formou com as capitais nordestinas, eu para Fortaleza e ele em Recife e depois Brasília. Eu no Rio de Janeiro e ele veio para um curso de mestrado na Fundação Getúlio Vargas. Este foi o nosso último convívio mais à mão.
Hoje temos contatos mais raros e até agora acabei de perder o e-mail dele. O que eu tinha parece que já não vale mais, tem retornado. Mas nada supera este aniversário para eu dizer tudo isso.
Parabéns Quincas, com a força da Tereza, do Raul, Ruy, Sofia e Laura.
2 comentários:
De arrepiar !
Vejo que Joaquim é um elo comum do afeto entre tantos !
Abraço estes primos/irmãos, amigos!
Querido Joaquim,parabens.
Deus o ilumine sempre.
abraços Joao Marni e FAtima
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