por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Jangadas ...Saudades...- Rosa Guerrera



Gosto de ficar olhando as jangadas que retornam do alto mar quando o sol começa a desaparecer no horizonte. É uma paisagem natural das nossas praias aqui no Nordeste, mas que nunca deixou de ser um deleite para meus olhos e meu coração.Fico observando aqueles homens bravios de pele queimada pelo sol, retirando das jangadas em velhas redes os peixes que depois de vendidos irão alimentar seus lares e seus sonhos.Em todos o sorriso feliz por mais uma vitória daquelas aparentemente frágeis embarcações na luta pela sobrevivência no misterioso mar azul.
São muitos os jangadeiros espalhados pelas praias de todo o litoral nordestino.. Considerados os últimos heróis do mar,eles insistem teimosamente em conservar seu rude e romântico ofício, em Alagoas, em Pernambuco, na Paraíba, no Rio Grande do Norte e no Ceará, mantendo esse processo de trabalho já herdado de seus pais e avós , na certeza de que filhos e netos prosseguirão o trajeto de vida que escolheram .Hoje olhando essa paisagem que tanto admiro , lembrei um amigo jangadeiro que conheci quando jovem na Ilha de Itamaracá , o Manoel., e com ele fiz muitos e muitos passeios em jangadas desfrutando as belezas que o mar nos oferece. No começo tive um pouco de medo em seguir rumo o alto mar naquela embarcação a vela , movida pelo vento e tendo um remo como leme, mas com o passar do tempo me acostumei. E na companhia do jangadeiro Manoel , curti momentos felizes, sentindo o sol queimando minha pele, desfrutando uma brisa amena e ouvindo as histórias que ele contava ( na época ele já deixara de pescar , e usava a jangada apenas para passear com turistas que visitavam a ilha ). Um dos mais belos passeios que fiz com o Manoel , lembro bem , foi quando ele me levou até a chamada “zona dos corais” localizada entre alguns “bancos de areia” onde se podia perfeitamente em águas super tranqüilas e rasas , mergulhar e desfrutar um gostoso banho de mar .Poxa quantas lembranças dentro de mim ! Vídeos tapes do passado, recordações emolduradas por mar , jangadas, sol, céu azul, uma juventude que já vai longe ... e tudo assim tão de repente e suave como o bailar dessas jangadas que após um dia de luta , se deitam com velas enroladas para descansar ao cair da noite na branca areia .Pouco a pouco os jangadeiros se dispersam em direção á suas casas e o sol começa a desaparecer também no horizonte. Aceno para cada jangada já adormecida e volto lentamente para casa.
Na minha mente ainda recordações de um passado que não volta mais. No coração,saudades mergulhadas num mar azul, onde a lua dentro de mais algumas horas espalhará o seu brilho , contando por certo para outras pessoas , historias que já não são minhas.



Rosa Guerrera



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