Um grande vulto de nossa música popular nasceu a 19 de agosto do ano de 1914: ARACY DE ALMEIDA, conhecida como a maior intérprete de Noel Rosa, com quem conviveu muito, freqüentando as tabernas da Glória e da Lapa.
Foi na antiga Rádio Educadora do Brasil, onde Aracy deu seus primeiros passos como cantora popular, depois de cantar em igrejas evangélicas, que ela conheceu Noel, travando com ele uma forte amizade até que ele partisse aos 26 anos, em maio de 1937.
Sua primeira gravação foi na Colúmbia, com o samba "Em Plena Folia", mas foi quando gravou, de Noel e Hervê Cordovil, o samba "Triste Cuíca" que seu nome apareceu entre as cantoras de sua época. Ainda em vida de Noel, gravou "Cansei de Pedir";"Amor de Parceria";"Palpite Infeliz";"O X do Problema"; Eu Sei Sofrer": e "Último Desejo". Já em 1938, depois de Noel morto, gravou "Século do Progresso"; "Feitiço da Vila";"João Ninguém" e "Filosofia".
Mais tarde, no fim dos anos 40, lançou 2 álbuns com 10 discos de 78 rotações somente com músicas de Noel.
Depois de Noel, foi Haroldo Lobo, em dupla com Milton de Oliveira quem mais deu músicas para Aracy, como "O Passarinho do Relógio";"Passo do Canguru", "Miau Miau"...
Aracy, quando ingressou na Rádio Mayrink Veiga, já com César Ladeira na direção artística da emissora; foi denominada por ele como "O Samba em Pessoa". De fato, foi a maior intérprtete de sambas no tempo áureo do rádio. Apesar disso, gravou uma canção "Mamãe Baiana" e um samba-canção bem triste "Pedro Viola".
Em sua comunidade já tive ocasião de citar um fato reverente que aconteceu com ela e o compositor Pedro Caetano (que conta este caso em seu livro "50 Anos de Música Popular".
Aracy, como muitos sabem e gostam de comentar tinha uns ares meio masculinos por ter sido a única filha mulher entre cinco irmãos homens. Embora nunca tivesse se casado teve um caso amoroso (e rumoroso) com um goleiro do Vasco da Gama, conhecido como Rei.
Tivera uma forte briga com ele, caso que repercutiu nos jornais da época .
Pedro Caetano e Claudionor Cruz compuseram um samba de nome Engomadinho"
e levaram para Aracy gravar. Compareceram à gravadora e ela ainda não conhecia o samba, mas acreditava nos autores. No momento da gravação, lendo a letra do samba, disse "isso não gravo", exatamente na parte em que dizia "Rei do meu amor". Todos espantados perguntaram "por que?" Resposta: "Não quero dar cartaz àquele pilantra. Ou muda agora, ou..até amanhã. E ameaçou sair da gravadora.
-"Mas Aracy, disseram, não tem nada uma coisa com outra. Rei dos seresteiros nunca foi rei de futebol."
Aracy; não adianta, não vou dizer "rei do meu amor de modo nenhum"!
Foi difícil, mas Pedro Caetano mudou o último verso da última estrofe, que dizia:"Rei dos seresteiros, rei do meu amor", para "deste seresteiro, que é o meu amor. Aí ela gravou.
Aracy tinha uma forte personalidade, os compositores cederam e o samba tornou-se um grande sucesso.
Em 1950, Aracy foi "de armas e bagagens" para São Paulo; ali apresentou-se em alguns programas de TV, como "Programa do Bolinha";"Buzina do Chacrinha"; "Almoçando com as Estrelas", de Aerton Perlingeiro" e alguns outros, mas ficou famosa como a jurada "rabugenta" dos calouros de Sílvio Santos. Dava sempre notas baixas aos "coitados" dos calouros. Mas essa era sua personalidade.
Aracy regressou ao Rio de Janeiro, já doente, ficando dois meses em coma, falecendo em 26 de junho de 1974, em uma casa de saúde na Tijuca, sendo sepultada no Cemitério Jardim da Saudade
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